"MOCAMBIQUE PARA TODOS,,

VOA News: África

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Governador do Banco de Moçambique , Ernesto Gove, deve considerar o seu lugar por admissão da filha no Banco*

Estou a falar dos discursos políticos que raramente são implementados

 A moda é algo que todos nós apreciamos no momento. Quando ela está em cima dá gosto apreciar aos que dela se desfrutam, por mais que nós não consigamos lá estar. Mas há modas que chegam a irritar principalmente pela forma como é "curtida". Estou a falar dos discursos políticos que raramente são implementados.
Já dançamos a música do combate ao deixa andar, ao burrocratismo, à corrupção, à pobreza absoluta etc. Já me esquecia da jatrofa. Há camponeses que deixaram de cultivar o feijão, o milho, a mandioca, para
investirem na jatrofa que depois ninguém comprou e acabaram passando a fome. São modas que o discurso político usou e descartou.
Falando do combate ao deixa andar; rebentou o paiol de Machazine e até hoje não conhecemos ninguém que tenha sido responsabilizado por isso dado que o relatório da peritagem demostrou claramente ter havido negligência por detrás do sinistro; por outro lado, no vergonhoso incêndio do ministério da
agricultura não conhecemos ninguém que tenha sido responsabilizado. Isto vem mostrar que o discurso e a prática são duas coisas completamente distintas.
Há pouco tempo a STV passou uma notícia que dava conta de uma senhora que a revelia do seu esposo foi à conservatória alterar o regime do casamento em comunhão de bens para a separação de bens de modo a se apropriar do imóvel registado em seu nome e que era pago a letra pelo respectivo esposo. Isso foi feito pouco tempo depois dela intentar ao tribunal uma acção de divórcio litigioso. Neste caso o divórcio não me interessa, mas sim a alteração do regime do casamento que me parece ter sido feita de forma fraudulenta.
Será legal a atitude da fulana? Caso a resposta seja positiva, penso que não devia ser feita na ausência do cônjuge. Ao acontecer desta forma, vem trasparecer a corrupção no seio do aparelho da justiça.
Pegando neste último ponto, vou levantar mais uma questão. Depois da notícia ter passado, quem de direito procurou responsabilizar aos corruptos envolvidos na pouca vergonha que manchou mais uma vez o Ministério da Justiça? Pelos vistos a notícia foi para o ar e todos concentraram-se apenas na questão do divórcio litigioso e poucos se interessaram pela fraude. Não quero pensar que a imprensa tenha sido manipulada para não dar segimento à mudança problemática do regime do casamento. Mas tenho a lembrar que estamos a falar de casos que acontecem num governo que se disse comprometido em combater a corrupção, o deixa andar, a pobreza absoluta, o burrocratismo e muitas outras desgraças de Moçambique.
Há dias o Savana publicou um artigo sobre a admissão problemática da filha do Governador do Banco de Moçambique à vaga de investigadora nesta mesma instituição. Conforme se lê neste jornal:
"Artemisia Gove foi admitida para o BM para a posição de `investigadora?. Ao que a nossa Reportagem apurou junto de funcionários do BM próximos do processo de selecção, a filha do governador, Ernesto Gove, teve uma nota considerada baixa no exame escrito, comparativamente com outros candidatos. Ademais, acrescentaram, Artemisia Gove não esteve presente nas entrevistas, fase determinante para a admissão, mas, mesmo assim, foi seleccionada."
Casos como estes continuam um pouco por todo o país, embora a imprensa não documente todos eles. Mais uma vez questiono: qual é o tratamento que a "brigada anti-corrupção" está a dar a este caso? Chamo de brigada anti-corrupção à todos aqueles que se comprometeram publicamente combater este mal.
Quando-se inaugura uma escola primária no distrito H ou Y, os políticos não perdem a oportunidade de convidar a imprensa para mostrarem o seu trabalho.
Custa-me compreender por que razões não é convidada a imprensa para mostrar aos cidadãos o quão se tem responsabilizado aos maus funcionários públicos que traem a confiança do Chefe do Estado por conta de interesses particulares. O único que se atreve de vez em quando é o responsável pelo sector da saúde. Mas lamentavelmente ataca apenas aos indefesos de forma humilhante e diante das cameras.
Genericamente podemos concluir que os discursos políticos não são materializados no nosso dia a dia. Conforme falei logo no início, há modas que irritam e assim sendo agora pegou uma outra - a revolução verde. A imprensa que por vezes age como marioneta enche-nos agora desta nova cantiga. Mas duvido muito que cheguemos à tal Revolução Verde. Primeiro porque a forma como está sendo conduzida parece-me pouco apropriada.
De que revolução estamos a espera num país em que o forte está na agricultura de sequeiro. Uma agricultura que depende inteiramente da chuva. Se esta não cai, não há produção e se cai em demasia, há cheias que como consequência levam a perda de toda a colheita. De que revolução se espera com uma agricultura familiar feita na base da enxada de cabo curto? Talvez tenham razões e bons motivos para crer que haverá uma revolução verde em Moçambique, muita pena não nos terem dito claramente de que forma pretende-se chegar lá.
Talvéz alguém diga que não há novidade nisto tudo que acabei de dizer. É verdade que sim, pois todo o mundo sabe o que vai bem ou mal neste país. Mas a diferença está na atitude. Não basta ver e ficar indiferente. O que é mais fácil de fazer é constatar erros e calar-se; pensar que todo o mundo sabe disso e nada irá mudar. É aqui que se encontra o embrião do deixa-andar há muito apregoado pelo chefão.
O deixa-andar não está apenas no Governo, mas antes de tudo é necessário lembrar que são as pessoas singulares que fazem e constituem tal Instituição. O deixa-andar é parte integrante do nosso arsenal cultural. É talvéz daqui que muitos outros problemas vão surgindo de forma cíclica.
Deixarmos toda a responsabilidade para os outros como se nós não fizessemos parte do sistema constitui uma atitude macabra para o sonho de todos os moçambicanos.
Erradamente não tomamos nenhuma atitude e deixamos andar, como se o oficial corrompido no cartório não fosse o meu problema; como se o nepotismo no Banco de Moçambique fosse apenas o problema dos que se candidataram a tais vagas e assim em diante. É a falta de atitude que começa comigo e na vida privada, que finalmente acaba no local de trabalho afectando todo o país. Se todos nós começarmos a tomar alguma atitude em relação ao que julgarmos estar a ir mal no nosso País, talvéz algo mude, e a aludida revolução verde passe de sonho à realidade.
book sambo
NOTA: Retirado da net - 21.10.2007

 PS. Titulo do Miradour(o)online

 Fonte:  M I R A D O U R (O)NLINE - ACTUALIDADE NOTICIOSA - MOÇAMBIQUE - MMVII


__________________________________________________
Do You Yahoo!?
Tired of spam? Yahoo! Mail has the best spam protection around
http://mail.yahoo.com

Sem comentários:

Enviar um comentário

Angola24Horas

Últimas da blogosfera

World news: Mozambique | guardian.co.uk

Frase motivacionais

Ronda noticiosa

Cotonete Records

Cotonete Records
Maputo-based group

Livros e manuais

http://www.scribd.com/doc/39479843/Schaum-Descriptive-Geometry