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VOA News: África

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Vale do Limpopo: Lentidão enfraquece exploração do regadio

O MIRADOURO pode revelar que o governo moçambicano deve agir com maior celeridade em busca de um maior protagonismo em termos de quem deve, efectivamente, ocupar espaço no regadio do Chókwè, por forma a se colocar ponto final ao sub-aproveitamento a que estão votados mais de 30 mil hectares de terra naquele vele, não obstante, os grandes investimentos recentemente realizados pelo Estado.. Quem assim o defende, é o engenheiro Jorge Mabai Tembe, figura que em 1977, foi destacada pelo então Presidente Samora Machel para dirigir a instalação do Complexo Agro-Industrial do Limpopo, ou simplesmente CAIL.

 

Actualmente à frente de uma organização não-governamental que opera no Chókwè, Jorge Mabai Tembe não se mostra alheio aos problemas que enfermam  o "celeiro da nação"  e considera que o governo está a agir com alguma lentidão ou mesmo timidez na tomada de uma posição definitiva que possa trazer de volta Chókwè a esse estatuto.  Na entrevista esta proeminente figura na área da agricultura  defende que a viabilização do vale do Limpopo, um dos maiores sistemas de regadio da África Austral, passa pela redistribuíção de terras por intervenientes dotados de meios tecnológicos, humanos e financeiros para investir naquelas infra-estruturas. Ilustra as suas teorias apontando o sucesso que vem sendo alcançado em Chókwè, pela empresa Moç Fer.

Siga a entrevista:

Notícias (Not) – Pode-nos falar sobre o seu primeiro contacto com o regadio do Limpopo?  

 

Jorge Tembe (J.T.) – Felizmente, eu já conhecia o regadio muito antes da proclamação da independência nacional, pois estive lá nos tempos em que a região de Chókwè era conhecida pelo nome de Trigo de Morais. Estive lá em 1971, tendo trabalhado como técnico afecto à Junta Provincial de Povoamento. Tive na altura, a oportunidade de frequentar um curso de cooperativismo e desenvolvimento comunitário, no Canadá, isto em 1968. Estive lá como bolseiro a expensas de um movimento cooperativo dessa altura, que era feito em coordenação com os países vizinhos, designadamente África do Sul, Botswana e Lesotho.

Apesar de tal ter ocorrido no tempo colonial, porque cooperativismo foi sempre cooperativismo, adquiri importantes conhecimentos nesta área, havendo sim diferenças apenas nas políticas de aplicação..  

" Not" – E regressado do Canadá?  

J. T. - No meu regresso fui colocado como técnico de investigação, no Instituto de Investigação de Moçambique, onde trabalhei no colonato, tendo em vista a assistência técnica dos colonos que trabalhavam no regadio do Limpopo, uma actividade que viria a abdicar posteriormente por uma questão de consciência, pois nessa altura a luta de libertação nacional estava a ganhar expressão e não fazia sentido que eu continuasse ligado àquela função, pois era uma autêntica aberração.  

Acabei arranjando uma saída para este imbróglio, enveredando pela docência, ainda no Chókwè, na Escola Prática de Agricultura, hoje Escola Agrária de Chókwè. Embora a escola tivesse sido criada, na altura, para o suporte do colonato, ou seja para a formação de filhos dos colonos, os moçambicanos que ingressavam naquele estabelecimento de ensino eram muito poucos.

"Not" – Mas quem o convida para trabalhar no Chókwè?  

J.T. - Tudo começa com um convite formulado para integrar o Governo de Transição, onde fui designado como secretário de Estado de Agricultura. Com a proclamação da independência nacional fui designado para ser director nacional de Agricultura, tendo trabalhado na altura com o ministro Joaquim de Carvalho, para, em 1977, ser destacado pelo falecido Presidente Samora Machel, para estar à frente do Complexo Agro-Industrial do Limpopo.

Foi uma nomeação, da qual tomei, curiosamente, conhecimento através da Imprensa, e nessa altura eu me encontrava em missão de serviço, na cidade da Beira, tendo de imediato regressado à capital do país para me apresentar ao ministério, de onde recebi todas as instruções para os novos desafios que iria assumir. 

 

A necessidade de se criar o CAIL justificava-se pelo facto de o regadio nessa altura ter entrado numa verdadeira situação de convulsão, em virtude da fuga em massa dos colonos, particularmente dos técnicos, que eram importante suporte do regadio de Chókwè.. A fuga dos técnicos, professores, médicos e outros quadros aconteceu na sequência de uma grande agitação e desinformação levada a cabo por essa pequena elite e na perspectiva de se evitar o colapso era necessário agir rapidamente.  

Por outro lado, era necessário evitar-se o mais rapidamente possível que com a saída dos colonos se instalasse um eventual conflito de terras. O governo foi claro nessa altura ao dizer que a terra era da exclusiva propriedade do Estado, daí a decisão do não à propriedade privada da terra, e para o efeito foi necessário criar o CAIL.

Foi aqui lançado o movimento cooperativo, o embrião das empresas estatais, que se iriam expandir pelo país fora.  

Not - Com que tecnologias contavam nessa altura para a materialização desse desafio?

J.T. - Foi necessário buscar-se apoios junto dos países amigos, com destaque para a Bulgária, com quem assinámos acordos de cooperação que resultaram na assistência técnica, traduzida no envio de agrónomos de reconhecida experiência e disciplina laboral. Recebemos nessa altura, muitos agrónomos, veterinários, mecânicos. Recebemos dos búlgaros uma importante ajuda na organização da produção e no lançamento de tecnologias agrárias modernas. Para tal foi necessário criar filiais para facilitar a gestão, existiam parques de máquinas em cada filial.  

Da República Democrática Alemã recebemos muito equipamento para fazer corpo a este ambicioso projecto. Iniciámos com a mecanização agrícola, enviando um pequeno grupo de operadores de máquinas para serem treinados na RDA. Mecanizamos as lavouras e sementeiras e fomos crescendo gradualmente até 10 mil hectares de arroz.

Foi então que em 1978, o presidente Samora decidiu mobilizar pessoas de Gaza e Maputo para se associarem à grande ceifa de arroz de 1979, onde participaram acima de 50 mil pessoas, na ceifa manual daquele cereal.

Not - Consta que essa operação foi um autêntico descalabro e muita ousadia da vossa parte, não foi?

J. T. - Em termos estritamente económicos, devo confessar que sim, mas politicamente foi um sucesso, porque mobilizou-se meio mundo para a necessidade de cada um, no seu sector, se achar útil para o desenvolvimento do país. Esta situação levou a que muito rapidamente tivéssemos que enveredar pela ceifa mecanizada.  

Foram momentos de afirmação da nossa identidade como moçambicanos livres e soberanos, ávidos em reverter a longa noite colonial, numa vida próspera para todos. Recordo-me sim senhor, com alguma nostalgia, desse período inesquecível da nossa história recente. Chegámos a produzir em 1980 acima de 80 mil toneladas de arroz. Tomate suficiente que era inclusivamente processado localmente, mais concretamente em Chilembene e inundava o mercado do sul do País.  

 

Not- Como é que conseguiram cifras tão elevadas de arroz, sabido que a praga de pássaros era bastante forte por essas ocasiões?  

J. T. - Foi necessário enveredar-se também pela mecanização do controlo dos pássaros, usando meios aéreos, facto que contribuiu para a dizimação de milhares de pássaros mortos por insecticidas.  

Not - Um verdadeiro crime ecológico, senhor engenheiro Tembe?   J. T.- Mas se não fizéssemos isso, metade da produção teria sido perdida. Preferimos optar pelo mal menor, porque estava em perigo a nossa economia e sobretudo o abastecimento da nossa população.

Not - O senhor fala com muito carinho do papel dos búlgaros no regadio, mas há quem diga que estes contribuíram sobremaneira para a salinização dos solos no Chókwè e consequentemente o seu empobrecimento. Que comentário tem a fazer a esse respeito?

J.T.- Há uma interpretação errada propalada por pessoas pouco abalizadas nesta matéria, quando se diz que os búlgaros deram cabo das terras do Chókwè, devido ao uso de adubos e fertilizantes. Trata-se de uma autêntica aberração porque o uso desses insumos, em qualquer parte do mundo onde se pratica agricultura, mesmo que seja de subsistência, o caminho a seguir tem sido sempre este, para que efectivamente se possam melhorar os índices de produção e de produtividade dos solos.

Aqui no regadio é imprescindível a adubação das terras. O que acontece é que no regadio de Chókwè há um lençol freático com uma forte intrusão salina. Não nego que a adubação pode concorrer para a salinização de solos, mas esta não foi a causa principal que criou esta situação, ainda prevalecente.   

Aliás, há outros factores como são os casos da deficiente drenagem, porque se as águas não conseguem sair, concentram-se obviamente sais na terra e aumenta a salinidade.. Portanto é de má-fé a responsabilização dos búlgaros nesta matéria.   

Not- Como é que se explica a queda do CAIL, mesmo com todo esse percurso brilhante, que acabou de descrever?  

 J. T. - Questões meramente conjunturais. Imposições externas, ditaram a passagem precipitada de uma economia centralizada para uma economia de mercado. Não houve uma preparação prévia para passarmos para a nova etapa de desenvolvimento. Decorriam nessa altura os anos 1984/1985. Foi com muita pena, aceitarmos de forma impávida, a queda de um grande projecto, que no terreno, e no dia-a-dia das pessoas, já constituía uma realidade inquestionável.  

De uma maneira mais simples, diria que o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial disseram: acabem com as cooperativas e com as empresas estatais, se quiserem a nossa ajuda financeira. Foram, então, criados embriões de empresas privadas, mas ninguém tinha experiência para avançar com segurança nesse sentido.  

A terra foi distribuída de forma desordenada. Não houve tempo nem o cuidado para de forma muito criteriosa, fosse avaliada a capacidade de cada novo detentor de terra de se fazer com segurança à terra no regadio. Havia falta gritante de equipamento para fazer face a este desafio. Não havia capacidade de gestão em moldes empresariais. Foram entregues terras entre 10 a 50 hectares a pessoas que claramente sabiam que nada ou pouco iriam fazer, porque trabalhar no regadio é bastante caro.

Not - Como sair desta situação de flagrante sub-aproveitamento das condições instaladas pelo Estado moçambicano?

J. T. - Na minha opinião deve ser feito um levantamento do que foi o regadio, e o que se pretende hoje com estas infra-estruturas, dum regadio que é o maior em toda a região austral de África. Tem que se definir o que se pretende deste regadio na actual fase em termos de ocupação de espaço.

Trata-se de um assunto que preocupa, particularmente, o nosso Chefe de Estado, que inclusivamente destacou para aqui equipas multissectoriais, tendo em vista encontrar as reais causas da actual situação em que se encontra o regadio. Houve na sequência disso contribuições dos sectores cooperativo, familiar, associativo, e comercial.  

Para mim, o sector familiar, que usa charrua, devia ser reorientado para novas terras ainda no regadio, mas que se adaptem a este tipo de equipamento.  

Algo deve ser feito com urgência para que o regadio de Chókwè, com cerca de 30 mil hectares, não continue no estado em que está. Não está até agora definida a estratégia de ocupação de terras no regadio e, repito, trabalhar no regadio exige uma grande capacidade técnica e tecnológica, equipamento à altura, em suma um sistema de regadio muito bem montado, que deverá passar por um programa de manutenção bastante rigoroso.

Não se trata de nenhum saudosismo, mas nos tempos do CAIL tínhamos 300 tractores, 250 auto-combinadas e gente por nós treinada, que fez milagres, desde o desmantelamento do CAIL em 1984, pouco ou nada se fez em termos de reabilitação do regadio, as cheias só vieram destruir o pouco que ainda restava.

Há necessidade de se criar uma estrutura forte de manutenção, para que esta possa garantir tudo o que se refere à parte hidráulica, máquinas agrícolas, nivelamento de solos, que é uma importante componente de manutenção desta infra-estrutura. 

Not – Como replicar os sucessos que estão a ser alcançados por  grandes empresas que trabalham no regadio, como é o caso da Moç Fer?  

J. T. - Concordo plenamente consigo, mas desde que se preserve o direito das empresas genuinamente moçambicanas de seguirem a mesma via, porque devo confessar que aqui no regadio, nem tudo está mal, porque temos médios e grandes agricultores que estão a fazer um excelente trabalho e merecem todo apoio, principalmente do ponto de vista tecnológico e financeiro. Mas a prova de que o regadio pode produzir em moldes comerciais está aí, com a  Moç Fer, pois quando há tecnologia, quando há dinheiro, tudo é possível.

Nunca se produziu tanto milho como está a produzir esta empresa, porque há tecnologia e, curiosamente, eles nem sequer estão instalados na zona de alto potencial do regadio. Estão na periferia, em zonas de expansão, a fazer maravilhas. Bombam água do canal principal e transferem, através de um sistema de rega por aspersão para as suas machambas.

São zonas de Chókwè, onde sempre se disse que eram marginais para a produção de milho e a Moç Fer está aí, para provar que não é verdade. Mais uma prova que a tecnologia resolve quase tudo.

Not- A sua preocupação pelos vistos, mesmo assim, continua bem viva, quanto ao

Subaproveitamento de terras no regadio?

J. T. -Há um ano que aguardamos por uma decisão sobre esta matéria. O que devo dizer e com muita amargura é que estamos a ser muito lentos e tímidos em relação a uma tomada de decisão que possa finalmente colocar ponto final a esta situação.

Temos hoje um número suficiente de agrónomos, agro-economistas, veterinários e até mais dinheiro do que noutro tempo. Falta sim uma decisão que aponte para uma estratégia clara de ocupação e aproveitamento da terra. O trovador Obadias, nas suas canções, diz claramente ser uma vergonha o facto de o regadio ter sido transformado numa verdadeira floresta..

  • VIRGÍLIO BAMBO

Vale do Limpopo: Redistribuíção de terras relança Chókwè

 

O subaproveitamento de terras no regadio de Chókwè continua a ser uma grande preocupação. Vários intervenientes e outros sectores interessados no sector da agricultura defendem a necessidade de se ter que tomar novas medidas para a rentabilização dos altos investimentos realizados na reabilitação da Barragem de Massingir, bem como na recuperação dos próprios canais de irrigação no regadio, que como se sabe foram severamente danificados, na sequência das cheias de 2000.

A situação é grave a tal ponto que, de uma área física de 22 mil hectares disponível, chega-se a aproveitar em pleno, apenas 30 porcento daquela área, onde se estabeleceram acima de 12 mil  utentes, entre produtores do sector familiar, que constituem a maioria na ocupação de terras, com 95 porcento de presença, sendo a restante parte representada pelos intervenientes da componente comercial, grandes e médios agricultores.

Trata-se dum dilema de proporções tão gritantes, que acontece numa altura em  que foram instaladas condições óptimas para o exercício da actividade agrícola, pelo menos em termos de  disponibilidade de água, que é atempadamente garantida pela ARA/Sul.

Perante este cenário, diversos intervenientes abordados pela nossa Reportagem no Chókwè defendem a necessidade do governo definir novas estratégias e políticas, que possam culminar com  a urgente redistribuição de terras.

A título de exemplo, na região agrícola de Conhane, para onde nos deslocámos para apercebermo-nos  do que, eventualmente, está por detrás do sub-aproveitamento de terras no regadio de Chókwè, apurámos que estão disponíveis 1500 hectares de terra irrigável, e que neste momento só se explora aproximadamente 500 hectares.

Dessa área, cerca de 400 hectares estão em poder de um agricultor privado que lhe foi cedida a área pelos pequenos produtores, a título de empréstimo, ocupação aliás  que ocorreu graças à intervenção dos responsáveis locais, que conseguiram este feito depois de intensos e sucessivos encontros de sensibilização, junto daqueles camponeses.

"Eu recebi durante a distribuíção de terras, feita em 1992 pela SIREMO,  em coordenação com a Geografia e Cadastro, 30 hectares, mas devido ao elevado custo de vida, apenas estou a trabalhar numa área de aproximadamente dois hectares", fincou um agricultor local identificado por Velho Cossa.

Se antes o grande problema era a falta de água no perímetro irrigável, hoje, segundo Velho Cossa, com a reabilitação da  barragem de Massingir, o impedimento passou a ser o de natureza financeira.

A fonte refutou informações segundo as quais os pequenos produtores, não obstante a sua incapacidade financeira não querem ceder as suas terras aos grandes agricultores que se mostram capazes de viabilizar o empreendimento.

É que, segundo ele, pelo menos na região de Conhane os camponeses desprovidos de meios estão a colaborar com as autoridades no sentido de ceder as suas terras a quem as possa, efectivamente, explorar.

"Estamos a trabalhar de forma pacífica com o agricultor Taelane, que ocupou, só aqui em Conhane, cerca de 400 hectares, e isso é bom porque para além de se estar a valorizar os investimentos que estão a ser feitos também se cria uma oportunidade de emprego a muita gente", referiu a fonte.

Frisou que no caso concreto de Conhane aqui não há conflito nenhum. "O que pode estar a acontecer é a propagação de falsos rumores, visando criar intranquilidade e mau ambiente entre nós e os grandes agricultores," disse Moisés Mabunda, outro pequeno agricultor de Conhane.  

Para Mabunda, uma outra questão que concorre para o subaproveitamento de terras está intrinsecamente ligada à intrusão salina que tem prejudicado os agricultores locais, principalmente para os produtores de milho.

O nosso interlocutor mostrou-se, igualmente, preocupado com o facto de a unidade de processamento de arroz em Conhane continuar paralisada desde a altura do desmantelamento do CAIL .

 "O que aqui aconteceu foi simplesmente triste, porque assistimos à vandalização da fábrica protagonizada por alguns trabalhadores. Roubaram muito material de importância vital para o  reatamento da fábrica que, muito bem, poderia dar trabalho a muita gente", lamentou o nosso entrevistado.

Entretanto, um número não especificado de técnicos afectos ao sector  de Actividades Económicas, está a fazer, no terreno, a supervisão e monitoria aos pequenos produtores, que trabalham, tanto em associações, ou mesmo a título individual.

Compete a esses técnicos de extensão levar para os camponeses, conhecimentos práticos que possam concorrer para a  adopção de novas tecnologias  e consequente aumento da produção.

Milagre Simbine é  responsável há pouco mais de seis anos pela assistência técnica aos produtores e considera que o subaproveitamento de terras é uma realidade que se deve, sobretudo, à falta de recursos por parte dos pequenos agricultores no regadio.

Disse estarem a ser adoptadas medidas visando a disponibilização de áreas sequenciadas aos agricultores privados interessados, tendo referido que a experiência  está a surtir os efeitos desejados desde a campanha finda.

"Temos estado a trabalhar de forma afincada no sentido de levar os pequenos agricultores a prestarem toda a colaboração, tendo em vista a disponibilização de terras a quem efectivamente as possa trabalhar. Estamos em busca de outras parcerias para que possamos aproveitar integralmente o regadio", frisou Simbine.

A fonte entende, contudo, que a solução definitiva passa, por uma intervenção do governo, que deve adoptar um instrumento legal que possa regular definitivamente a redistribuíção de áreas a serem trabalhadas, particularmente, ao sector familiar.

Simbine, defende esta posição alegadamente, porque assiste-se actualmente é a enormes potencialidades em termos de infra-estruturas de rega, mas que são subaproveitadas.

Na tentativa de se contornar o drama, os produtores de Massavasse decidiram agrupar-se numa associação, o que facilitou a parceria e financiamento da campanha de arroz finda com a empresa Moc Fer.   

Aliás, esta iniciativa que está a ser seguida noutros pontos do regadio, tem estado a facilitar o diálogo com os diferentes actores envolvidos no processo produtivo no regadio, designadamente governo, autoridades fiscais, a banca e outros organismos interessados em desenvolver parcerias com aquele grupo de produtores.

O desafio promete dar frutos no futuro, conforme nos garantiu Ângelo Mondlane, secretário-geral daquela agremiação de pequenos e médios agricultores.

Com uma área disponível de cerca de 1000 hectares, um total de 304 produtores, entre pequenos e médios, juntaram-se tendo iniciado, numa primeira fase, com cerca de 200 hectares.

A nossa fonte falou, por outro lado, da parceria com franceses, que  contribuiu para ajudar os produtores da região, em pequenas intervenções tanto no regadio, como na reabilitação e equipamento da sede daquela colectividade.  

Agostinho Faquir, administrador do distrito de Chókwè, entrevistado pela nossa Reportagem, reconheceu que não obstante existirem óptimas condições no regadio, as autoridades continuam preocupadas com o subaproveitamento que se regista.  

As alternativas de solução deste problema passam, segundo Faquir, por se encontrar financiamento para os produtores, sendo a outra saída o redimensionamento das áreas pertencentes aos pequenos agricultores.

Trata-se dum processo que advinha não venha a ser fácil, porque alguns destes agricultores receberam na altura áreas que variam de 10 a 50 hectares, sem contudo possuírem nenhuma capacidade, quer financeira, quer tecnológica.

Este cenário, de acordo com a nossa fonte, tem estado a contribuir para desencorajar o investimento de privados nacionais e estrangeiros, por se recear uma eventual eclosão de conflitos.

"Não se pretende hostilizar, nem marginalizar nenhum interveniente, os esforços do governo e de seus parceiros têm em vista reerguer, o mais rápido possível, o gigante adormecido, e recolocar Chókwè ao lugar de potencial "celeiro da nação", rumo aos desafios da integração regional na SADC," assegurou o nosso interlocutor.

 Fonte: NOTÍCIAS/ M I R A D O U R O - ACTUALIDADE NOTICIOSA - MOÇAMBIQUE - MMVII



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