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VOA News: África

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Moçambicanos deixaram de acreditar nas instituições públicas – considera oficial de programas do Grupo Moçambicano da Dívida

O MIRADOURO pode revelar que segundo Silvestre Baessa Filipe, os cidadãos em Moçambique qualquer dia "poderão encontrar uma lógica de vida diferente fora do actual sistema formal de governação do País" "O povo moçambicano é cínico. Não sai à rua para exigir o que é de direito, tal como acontece noutros países como a África do Sul, não porque não sente que os seus direitos para além de não serem cumpridos pelo Estado são ainda atropelados" (…) "O Povo Moçambicano não sai à rua porque, indirectamente, deixou de acreditar nas instituições públicas" – Silvestre Baessa Filipe

 "Caso o Estado não leve a peito o que muitos chamam de passividade dos moçambicanos", que geralmente se deixam ficar, fingindo que não estão a perceber nada do que se está a passar à sua volta, "mesmo quando eles notam que os seus direitos estão sendo atropelados a olho nu", simplesmente por se tratar de um povo que se diz "com falta de uma cultura de democracia, nos próximos anos os mesmos poderão encontrar uma lógica de vida diferente e fora do sistema formal de governação", adverte oficial de programas do Grupo Moçambicano da Dívida, Silvestre Baessa Filipe.
Segundo ele, falando em exclusivo ao «Canal de Moçambique», "há que ter cuidado com o povo moçambicano". Na opinião de Baessa Filipe o Povo Moçambicano "não é tão pacífico como muitos pensam, mas, sim, cínico".
"O povo moçambicano é cínico. Não sai à rua para exigir o que é de direito, tal como acontece noutros países como a África do Sul, não porque não sente que os seus direitos, para além de não serem cumpridos pelo Estado, são ainda atropelados". "O Povo Moçambicano não sai a rua porque indirectamente deixou de acreditar nas instituições públicas. Há muito tempo que se apercebeu de que a melhoria das suas condições de vida não passa necessariamente pelo Estado mas, sim, por si mesmo".
Ainda de acordo com Silvestre Baessa, "porque o povo moçambicano se apercebeu que o Estado não é capaz de providenciar serviços públicos, segurança, de entre outros elementos importantes para a vida de qualquer cidadão identificou outras alternativas de assegurar a sua própria sobrevivência".
"Não reclama, por exemplo, pela falta de segurança porque já descobriu que a Polícia não está em altura de disponibilizar tal segurança nem de repor a ordem pública", razão pela qual, opina Baessa, "quando encontram um malfeitor, lincham-no". Não reclamam ainda pela falta de hospitais e medicamentos porque "sabem que o acesso a eles é caro".

A miopia dos governantes

Na óptica de Silvestre Baessa, o pior para o Estado moçambicano, principalmente para os seus dirigentes "é continuar a pensar que ainda tem um povo à sua espera. Um povo que na verdade já não existe mais".
Por outro lado, Baessa que diz falar com "conhecimento de causa sobre o assunto" referiu que "um dos indicadores que pode nos confirmar isso são as eleições que nos últimos tempos já têm índices elevados de abstenções num País que iniciou o processo democrático em 1994".
Entretanto, o mesmo interlocutor do «Canal de Moçambique», elucidou que "nas eleições realizadas em 1994 os moçambicanos tiveram uma participação de 80 a 90 por cento, só não se atingiu 100 por cento por razões de falta de educação cívica e sensibilização", mas note-se que "nas eleições de 2004 a participação foi inferior a 60 por cento porque o povo perdeu crédito nas instituições, mas não deixou de viver nem sequer se preocupa em sair à rua para exigir a reforma do que acha inerente para a sua sobrevivência".

"Futuro sombrio se desenha em Moçambique"

Num outro contexto, Silvestre Baessa viria a referir que "hoje existem povos, por exemplo, ao nível da América Latina que dizem que o maior problema daqueles países não é a pobreza mas, sim, a desigualdade de oportunidades". E para o caso concreto de Moçambique "já que estamos a caminhar para um sistema em que os mecanismos de redistribuição da riqueza não é favorável à maioria dos moçambicanos e as oportunidades também tendem a ser cada vez mais escassas, teremos uma situação idêntica à do Brasil em que, por um lado existe um País formal que é o do presidente Lula da Silva e, por outro lado, dentro do mesmo País, há zonas informais, as chamadas favelas, já com leis próprias de sobrevivência em paralelo com as estruturas formais".
Segundo o interlocutor que estamos a citar "em Moçambique, se continuarmos com crescimento de bairros da lata, vulgo bairros degradados, nos próximos anos esses bairros vão encontrar uma lógica de vida fora do sistema formal de governação e todas as pessoas provenientes desses bairros terão uma posição antagónica em relação ao Estado formal do País".
A terminar, Baessa sublinhou que "os próximos desafios vão ser de moçambicanos que se sentirão excluídos do Estado e do processo de redistribuição das riquezas".

(Emildo Sambo)

 Fonte: CANAL DE MOÇAMBIQUE  / M I R A D O U R O - ACTUALIDADE NOTICIOSA - MOÇAMBIQUE - MMVII



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