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VOA News: África

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Cimeira Europa-África ou cooperação internacional em ambiente eurocêntrico?

Canal de Opinião
por Noé Nhantumbo
A badalada cimeira Europa-África, programada para Dezembro próximo em Lisboa, Portugal, o que de facto poderá ser se porventura chegar a realizar-se? - As perspectivas e o ambiente levam a crer que será mais um fórum internacional com uma agenda virada para o desenvolvimento.
Desde Margaret Tchacher, Mitterrand, Chirac, Mário Soares, Kholl, Schimit e outros que vimos ouvindo, a ecoar a partir da Europa, a palavra "desenvolvimento" sendo usada como o objectivo que têm em relação a Africa.
Os presidentes em África, durante todo o tempo que, entretanto, passou, mudaram menos porque continua a haver menos democracia em Africa.
Esperar poucos resultados práticos dessa cimeira não é pessimismo, mas uma conclusão que tem a ver com o que tem acontecido em encontros similares.
África continua sendo vista como o continente atrasado, fonte de matérias-primas e paraíso dos ditadores e governos corruptos.
No Ocidente, Europa, sabem que da maneira como as coisas estão, com os governos que existem em África, nenhuma agenda visando o desenvolvimento surtirá os efeitos desejados ou proclamados porque os governos africanos não estão realmente interessados em implementar políticas que levem a isso.
Estamos perante uma situação que já devia ser clara para todos.
Mudar África significa antes de tudo aceitar que a postura dos seus governantes tem de mudar. Os paliativos da cooperação com a Europa significam algum fluxo de fundos e assistência técnica mas a politica externa dos parceiros tem em vista produzir condições cada vez mais favoráveis para as empresas de seus países, conquista de posições geo-estratégicas e outros interesses unilaterais. A mudança político-governamental dos africanos não está na agenda e os governantes africanos não estão preocupados em que isso esteja na agenda da cooperação. Somos o continente dos governantes empresários que constantemente colocam os seus interesses privados acima dos públicos que é suposto defenderem.
O Mugabe questionado não é diferente de Omar Bongo ou do presidente da Guine Equatorial. Todos os ditadores e semi-ditadores ainda existentes congregam-se na União Africana e ninguém diz nada. Afinal nesta organização nem critérios mínimos de admissão existem!.
A posição europeia em relação a Mugabe pode ter o seu mérito, mas não deixa de ser hipócrita. Que disse o Reino Unido quando eram massacrados zimbabweanos na Matabelelandia? Nada! Na altura Mugabe era dos seus, portava-se de acordo com os padrões europeus, e como tal podia matar que já não havia problemas? Como era os deles iam fechando os olhos. O povo zimbabweano da Matabelelandia morria, mas era preciso fechar os olhos.
Porque a Inglaterra se calou tantos anos e só agora reconheceu que Mugabe matou compatriotas seus numa das mais vergonhosas operações de selecção étnica? E o resto da Europa dos bons costumes também andou este tempo toda calada, porquê?
Que realmente fez a Europa aquando dos massacres no Burundi e Ruanda? E, que fizeram os próprios africanos da União que existe como se propala para defender os povos do continente? Todos se calaram até que o genocídio não podia mais ser escondido.
Os africanos não precisam de mais uma cimeira para que lhes seja dito o que o continente precisa de fazer para sair da pobreza.
Anualmente há cimeiras da lusofonia, francofonia da Commonwealth, da União Africana, Regionais, tudo para tratar dos mesmos temas e assuntos.
Europa e África precisam de descobrir o que falta no seu relacionamento.
Abertura, frontalidade, transparência, acreditar que a solução passa pelas vantagens mútuas, tem de fazer parte da agenda.
A cooperação multilateral só pode surtir algum efeito se houver consenso quanto aos critérios que a guiam.
Uma ou duas reuniões em Lisboa na verdade não é o que vai resolver os problemas de África.
Com os negociadores que temos em África a balança continuará a pender para o lado europeu.
Para a maioria dos africanos tudo continuará como antes, sujeitos a uma pretensa caridade e filantropia de um grupo de nações que afinal aprovisionam grande parte de suas matérias-primas em África e precisam de fingir apenas que continuam preocupados com os direitos humanos.
Por isso Lisboa será mais uma ocasião para os nossos governantes-empresários aumentarem as suas contas bancárias. Essa é a verdade nua e crua. E mais uma vez será com a cumplicidade dos europeus, que a esmagadora maioria dos africanos continuará a estar de mãos atadas sem poder libertar-se dos seus opressores.
(Noé Nhantumbo) -



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