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segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Arcebispo de Maputo parte loiça

"Evitem matar como fizeram nas anteriores eleições"
- Dom Francisco Chimoio, num apelo ao civismo feito aos dirigentes dos partidos políticos visando as próximas campanhas eleitorais, lembra os assassinatos de Montepuez e Mocimboa da Praia, em Cabo Delgado
Com o clima de tensão política a crescer enquanto decorre o recenseamento eleitoral para os três pleitos que se seguirão entre 2008 e 2009, o arcebispo da Igreja Católica em Maputo, Dom Francisco Chimoio, disse há aqui na capital do país, num apelo que fez aos dirigentes políticos nacionais, que "os líderes dos partidos e os dirigentes governamentais, devem pôr de lado os seus interesses mesquinhos, para dar prioridade aos interesses nacionais, como forma de evitarem mais matanças populares, como as que se registaram nos anteriores pleitos eleitorais".

"Apelamos aos líderes políticos, para que na próxima sessão parlamentar, a iniciar na segunda-feira (hoje), e nas campanhas eleitorais que se seguem, moderem os seus discursos, pondo de lado os seus interesses mesquinhos, e usem a camisola do país", pediu o prelado, numa clara alusão aos dois principais partidos, nomeadamente a Frelimo e a Renamo, que protagonizam a política moçambicana já que dos demais apenas se conhece o registo e pouco mais.

Na ocasião, acrescentou em jeito de recordar aos dois «gingantes políticos» nacionais as consequências dos acontecimentos registados em 2000 no distrito de Montepuez, e em 2003, em Mocimboa da Praia, ambos na província de Cabo-Delgado, que resultaram na morte de centenas de pessoas, que os dirigentes "devem evitar as matanças populares, como as que caracterizaram os dois últimos calendários eleitorais".

"Basta de matanças", sublinhou o Arcebispo de Maputo, Dom Francisco Chimoio.
Em 2000, mais de cem pessoas morreram asfixiadas numa cadeia em Montepuez. Era então governador provincial de Cabo Delgado o actual ministro do Interior, eng.º José Pacheco.
Acrescentar que o Governo moçambicano, formado pelo partido Frelimo, tem sido acusado ao nível interno e internacional de frequentes violações de direitos humanos, havendo considerável número de relatos de mortes extra-judiciais, bem como detenções à margem da lei, fuzilamentos à margem da Lei em que certos agentes da Polícia são intervenientes, e em certos casos violência física contra membros da oposição com envolvimento de autoridades administrativas nos distritos.

Em 2000, o partido Frelimo foi acusado pela oposição de ter usado o governo para assassinar mais de 100 pessoas supostamente membros e simpatizantes do partido Renamo, por asfixia nas celas da Polícia da República de Moçambique (PRM), no distrito de Montepuez, província de Cabo-Delgado. Os referidos cidadãos moçambicanos haviam sido detidos quando estas tentavam protestar contra os resultados eleitorais que davam a vitória ao partido no poder, com a "perdiz", a reivindicar que elas tinham sido vencidas por si.

O mesmo género de episódio veio a repetir-se nas eleições intercalares em Mocimboa da Praia, e as vítimas voltaram a ser opositores do partido no poder, concretamente cidadãos conotados ou filiados na Renamo. Foram mortos e alguns detidos numa contenda por causa dos resultados locais em que a Polícia interveio e a oposição acusou-a de alinhar ao lado do interesses do partido do governo central.
Apesar do direito de manifestação estar consagrado na Constituição da República e na lei ordinária como um acto natural de exercício de cidadania, tais pessoas viriam a ser acusadas extra-judicialmente de terem perturbado a ordem e tranquilidade públicas, bem como de tentativas de conspiração contra o Governo, facto que viria a ser desmentido pelos resultados de inquéritos independentes, como os da Liga dos Direitos Humanos, apesar de uma outra entidade então denominada Liga dos Direitos Humanos e Desenvolvimento, em que a presidente era Artemisa Franco, ela própria membro do partido Frelimo, ter-se apressado a apresentar outras conclusões em que se tentou incriminar os manifestantes martirizados.

Segundo o arcebispo de Maputo, a Paz deve trazer a coexistência, tolerância, compreensão e reconciliação entre as pessoas, dai que, "é preciso todos saberem resistir aos males que atentam a esta harmonia e Paz, mesmo para aqueles que da guerra tiram proveitos pessoais".
Entretanto, diversas personalidades nacionais e internacionais, ouvidas a propósito do dia da Paz que se assinalou na semana passada, apontaram vários mecanismos que possam contribuir para a preservação da pacificação e unidade nacional no país, entre os quais o compromisso com o país prioritariamente e independentemente da cor partidária de cada um.

Opiniões de personalidades

Para o pastor Matsolo, do Conselho Cristão de Moçambique (CCM), "não precisamos de pensar da mesma maneira, para estarmos na mesma mesa ou para sermos irmãos". É, sim, necessário que "tenhamos o espírito de tolerância, para que o nosso compromisso com a Paz seja honrado".
"O grande problema que ameaça a Paz em todo o lado, é a degradação do meio ambiente, a exclusão social, a devastação das florestas, a poluição das águas, a criminalidade em alta, a pobreza cada vez mais grave, o HIV/SIDA, bem como a distribuição desequilibrada das riquezas", segundo o pensamento deixado pelo sheik Aminudim, da Comunidade Mahometana. Segundo este teólogo islâmico, "são esses os males que devem ser reconhecidos como sendo os perigos à Paz e a reconciliação no nosso seio e no mundo".


Na verdade, é de ter em conta que o Povo deseja de uma Paz verdadeira, do íntimo e não de uma Paz externa ou aparente. Disso foi o que aos dirigentes políticos foram chamados a ter em consciência, pelos diversos intervenientes do que usaram da palavra no passado dia 4 de Outubro, data também dedicada pela Igreja Católica, a São Francisco de Assis, um dos grandes pioneiros da pacificação e reconciliação.


Na opinião de Dom Matteus Zuppi da Comunidade de Santo Egídio da Itália, um dos mediadores do Acordo Geral de Paz assinado em 1992 entre a Frelimo e a Renamo, que semana passada também esteve em Maputo, o importante é manter um diálogo constante, para "conseguirmos resolver as nossas diferenças", porque afinal de contas "a Paz não significa apenas o calar das armas, mas, sim, o combate a todos os males que hostilizam o homem, como por exemplo, a pobreza, a corrupção, a criminalidade, bem como garantir a segurança das pessoas".


Um responsável da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), uma das confissões religiosas encaradas como tendo fortes alianças, sobretudo na vertente económica com muitos destacados dirigentes do partido Frelimo, e até juízes, afirmou que o que se nota actualmente em Moçambique é que "enquanto uns vestem bem, comem bem, ostentam, outros (a maioria) estão entregues à pobreza absoluta, ao roubo, a marginalização, ao abandono e ao crime".

(Bernardo Álvaro)

Fonte: CANAL DE MOÇAMBIQUE  PÚBLICO 



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