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terça-feira, 2 de outubro de 2007

Chuvas agravam situação de salubridade e saneamento: Famílias ao relento na cidade de Maputo

A forte precipitação chuvas na cidade de Maputo nos últimos dias, provocada por uma corrente fria, voltou a agravar a situação de salubridade e saneamento e a expor ainda mais as mazelas em alguns bairros desta urbe. Algumas casas de construção precária e até mesmo de cimento, foram arrastadas pela intensidade das correntes de água que levaram à frente toneladas de solos alterando significativamente o perfil de cotas em vários bairros suburbanos da capital do país.


A título de exemplo, a nossa reportagem constatou que nalguns bairros dos mais populosos dos distritos municipais números 3 e 4, concretamente, na Polana Caniço e Ferroviário, as crateras deixadas pelas chuvas torrenciais de 2000 e 2002, e que nunca chegaram a ser reparadas, voltaram agora a desenvolver as suas dimensões. Apesar de serem as primeiras chuvas da época húmida pode-se dizer que se a situação já era grave agora tornou-se bem pior. Desta vez obrigou mesmo à intervenção voluntária de alguns populares na tentativa desesperada de evitarem a progressão para as suas casas, já que das autoridades municipais o que lhes tem sido proporcionado é uma total ausência de preocupação.

 

Mas as chuvadas intensas do fim de semana não deslocaram apenas solos, destruindo as vias de acesso e até casas. A chuva causou também enormes danos nas principais fontes de água utilizada pelos moradores daqueles bairros. Os poços em que geralmente se abastecem e cuja profundidade não vai para além dos dois metros foram também atingidos fazendo com que as autoridades sanitárias considerem agora o seu consumo ainda menos recomendável do que anteriormente.


"Água captada a uma profundidade de dois metros, não é própria para o consumo humano, daí não ser aconselhável o seu uso", disse ao «Canal de Moçambique», o porta-voz do Ministério da Saúde, Martinho Djedje, quando questionado sobre a qualidade das águas consumidas no bairro da Polana Caniço "B", local onde o lixo, incluindo o proveniente dos principais centros hospitalares da cidade, é depositado pelo Conselho Municipal da Cidade de Maputo, contra todas as normas sanitárias.

Como consequência da situação grave que agora se vive nos bairros aqui mencionados algumas doenças como por exemplo as diarreias e a sarna, começam a surgir. A chuva que vem caindo na cidade de Maputo desde o último fim-de-semana, também agravou a situação de higiene nos principais mercados dos bairros suburbanos, nomeadamente o da Praça dos Combatentes, vulgarmente conhecido por Xiquelene, e nos da Costa do Sol, Triunfo, Mahotas, somente para destacar alguns. No mercado do Xiquelene, acontece geralmente e perante a indiferença das autoridades, aliás tal como em outros mercados espalhados por esta cidade, os produtos como o peixe, as hortícolas, tomate, cebolas, verduras, pão e outros géneros de grande procura e consumo, são colocados no chão em exposição para os clientes.

 

Os vendedores, ávidos de negócio, pouco cuidado tem com a saúde dos consumidores. Com estas chuvas a indiferença agravou-se. Agora e' vulgar verem-se os géneros por cima de matope (lodo) misturados com o lixo produzido no próprio mercado, cuja remoção por parte do Conselho Municipal acontece apenas raramente apesar das taxas de lixo terem sido bastante agravadas há cerca de meio ano com a promessa de que pagando-se mais tudo iria melhorar. Não é o caso e as fortes criticas ao desempenho do Conselho Municipal tanto por parte dos vendedores, como também dos compradores crescem de dia para dia.


Também em consequência da chuva, muitas crianças destes bairros estão a faltar às aulas e poucas se fizeram presentes nas escolas. Ontem, segunda-feira, por temerem as condições quer das estradas que estão ainda alagadas, bem como das condições das infra-estruturas escolares, algumas delas em grande estado de degração, sem janelas, nem portas, até mesmo sem carteiras para os alunos, os níveis de absentismo foram elevados.

 

Tal situação verificou-se por exemplo na Escola Primária Completa da Polana Caniço "B". Muitos alunos faltaram às aulas com o consentimento dos respectivos pais e encarregados de educação, que também tiveram receios de que o pior poderia vir a acontecer com os seus educandos a caminho ou mesmo na própria escola.


Na Escola Comunitária deste Bairro, a direcção desta escola, como tradicionalmente têm feito quando as chuvas caiem com grande intensidade, decidiu fechar o estabelecimento de ensino, até à normalização da situação.
Nesta escola o recinto foi evadido pelas águas. A chuva embora miúda, precipitou-se em volume considerável.


Apesar dos volumes de água não há registo de vítimas humanas. Houve apenas destruição de algumas casas, sobretudo de anexos tais como casas de banho e pequenos estabelecimentos de negócios. Foram também arrastados pelas correntes de água consideráveis volumes de solos tornam-se algumas vias locais agora de difícil acesso. Algumas famílias estão ao relento. Outras foram albergadas por vizinhos em suas casas onde aguardam o normalizar da situação como seja o restabelecimento de alguns tectos que desabaram.

 

A avenida da Marginal, na sua extensão desde o Clube Marítimo, até ao bairro dos Pescadores, já estava em péssimas condições pela destruição causada pela erosão marítima. Com as chuva do fim-de-semana ficou pior. Está agora ainda mais degrada podendo-se mesmo falar de ameaça total ao ponto de um dia destes não surpreender a ninguém que deixe de haver estrada. E sendo assim a indiferença das autoridades do Município e do Governo da Cidade de Maputo, dirigidos por Eneas Comiche e Rosa da Silva, respectivamente, vem dando aos munícipes mais informados um sinal claro da competência que este governo lhes reserva. Nada fez, nem dá sinais de pretender inverter a situação, estando sempre à espera da ajuda externa, apesar de serem notórias despesas fúteis em áreas onde se imagina que pudesse haver alguma contenção para acorrer a outras prioridades como a da marginal e dos mercados.

 

A situação na marginal é já de tal forma grave que mesmo com cuidado os automobilistas que usam a rodovia no seu dia a dia, com destaque para os transportadores semi-colectivos que servem o bairro dos Pescadores onde habita uma enorme comunidade que presta serviço na zona centro da cidade, correm o risco de acidentes.


Na época seca as autoridades municipais pura e simplesmente ignoraram o caso pelo que enquanto a chuva continuar a fazer-se sentir nesta parcela do país, pouco ou nada se deve esperar do Conselho Municipal que nem ao menos sinalização adequada foi até aqui capaz de providenciar. Também é importante referir que pelo menos até ontem, as autoridades não possuíam qualquer inventário dos prejuízos causados pelas últimas chuvas. Como indicam as previsões meteorológicas é de prever que a precipitação pluviométrica se mantenha o que certamente fará com que a situação se agrave.

(Bernardo Álvaro)

 

Fonte: CANAL DE MOÇAMBIQUE


 



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