|  Maputo (Canal de Moçambique) - A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Alcinda de Abreu, defendeu ontem que o país somente estará em condições de integrar a zona do mercado livre dos Estados da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), a partir da segunda metade do próximo ano de 2008, tendo esclarecido que o objectivo principal deste bloco económico é fazer face ao processo de globalização.
Falando durante uma palestra que se subordinada ao tema "o processo de integração regional na África Austral e os Desafios da Diplomacia moçambicana", a governante considerou outrossim ser necessário, uma boa gestão ao nível do empresariado, maior empreendedorismo, bem como melhor nível de desenvolvimento das instituições do país.
Para a chefe da diplomacia moçambicana "um contínuo desenvolvimento sustentável e durável, bem como um capital humano com elevados níveis de capacidade", será necessário para que o país realmente consiga competir sem sair em desvantagens neste processo.
Segundo a ministra, no quadro deste processo de integração, a diplomacia é chamada a estar atenta ao desenrolar dos acontecimentos políticos, económicos e sociais que se operam na Região, no Continente e no Mundo, de modo a se contornar os possíveis constrangimentos que poderão surgir durante "a caminhada".
Tendo reconhecido que a adesão a este protocolo se trata de um grande desafio, Alcinda Abreu apontou o sector da agricultura como sendo o que maiores potencialidades oferece para que Moçambique possa competir..
Durante a palestra organizada pelo Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI), vários participantes mostraram-se reticentes quanto à viabilidade do processo de integração na SADC, argumentando que alguns países vivem actualmente situações de instabilidade económica e política. Citaram-se os exemplo do Zimbabwe, e da Tanzânia, este último país, localizado próximo da região dos Grandes Lagos, e a própria República Democrática do Congo, que, segundo Alcinda Abreu, ainda não ratificou este protocolo comercial assinado em 1996.
Outro aspecto levantado pelos participantes, é o facto desta região da África Austral estar a viver uma realidade da pobreza, e de fragilidade macroeconómica estando dependente da ajuda externa, o que permite que o espaço fiscal seja bastante reduzido.
Depois da ministra ter referido que existe um plano comum ao nível da SADC, visando a criar condições para a realização da Copa Mundial de Futebol, prevista para o ano de 2010 na vizinha África do Sul, de modo a permitir que as selecções possam fazer estágios em Moçambique e, a criar aptidão de receber os visitantes turistas, os participantes questionaram as medidas de segurança em curso.
"Fala-se da copa de 2010 e da existência de um plano conjunto na SADC. Sabe-se por enquanto que a RSA está a investir seriamente na componente da segurança. Sendo as nossas fronteiras frágeis, certamente o destino dos malfeitores poderá ser Moçambique. O que é que realmente está sendo feito ao nível interno?" perguntou-se à ministra-palestrante.
Alguns apontaram também, que esta integração da SADC poderá fortificar os níveis de interdependência entre os Estados membros, tendo ido mais além ao considerarem que "a diplomacia de muitos países poderá estar a reboque da diplomacia sul-africana", sacrificando de certa maneira estes países. Outros disseram que os acordos de supressão de vistos assinados por Moçambique, em 2005, com alguns países da região, poderão ter proporcionado, em grande medida, o aumento da instabilidade e criminalidade que o país tem vivido nos últimos dias.
Não tendo sido categórica, Alcinda Abreu, disse apenas que "há todas medidas conjuntas que estão sendo tomadas para reduzir a criminalidade até 2010", tendo apontado somente "algumas reuniões bilaterais" que têm sido realizadas ao nível das comissões de segurança deste bloco regional.
Ao nível interno, referiu haver apenas "uma toda preocupação" de capacitar os agentes da polícia e melhorar as suas condições logísticas, ficando claro da existência somente de intenções que ainda não começaram a ser materializadas.
(Bernardo Álvaro)
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