Maputo (Canal de Moçambique) - O ministro da Defesa Nacional, Tobias Dai, negou veementemente as informações que dão conta do estado de saúde do tenente-general, Mateus Ngonhamo, vice-chefe do Estado Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), ser preocupante. De acordo com essas informações que de forma insistente correm nos meios castrenses, Ngonhamo anda doente e, em consequência disso, está afastado dos centros de decisões operativas da instituição militar. Tobias Dai, em entrevista exclusiva ao «Canal de Moçambique» à margem das cerimónias de deposição de flores na praça dos Heróis moçambicanos, por ocasião de mais um feriado de 25 de Setembro, dia dedicado as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, disse que Mateus Ngonhamo "está bem de saúde e tem estado a trabalhar no seu gabinete, que fica no quartel do Estado Maior General das FADM". Instado a comentar o desaparecimento de actos públicos e por prolongado período de Mateus Ngonhamo, segundo homem da hierarquia das FADM, o ministro da Defesa disse que tal ausência se deve ao facto do general estar envolvido nos seus estudos no ensino superior. Acrescentou que o general está a preparar a sua tese, facto que tem ocupado a maior parte do tempo ao vice-chefe de Estado Maior General. Mateus Ngonhamo integrou após o Acordo de Paz de Roma proveniente das forças de guerrilha da então Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO). "O General Mateus Ngonhamo, não está doente, nem está isolado por nenhuma depuração que esteja em curso no seio das FADM. Ele tem estado no Estado Maior General. Está mais envolvido em estudos, e agora está a preparar a sua tese de defesa. Neste momento (dia 25 de Setembro), encontra-se no centro da Manhiça, onde terão lugar as cerimónias de encerramento de mais um curso de novos militares, seguida de uma recepção. Vou-me juntar a ele e a outros generais", esclareceu o ministro. O Tenente-General Mateus Ngonhamo não é visto há já bastante tempo em actos públicos. Tal desaparecimento começou a ser notado depois do general ter aparecido com declarações consideradas comprometedoras para partido no poder sobre o que estava acontecendo nas FADM relativamente aos seus camaradas de armas provenientes do movimento de guerrilha que com a comparticipação do próprio e de outros militares em que se sobressaíram Afonso Dhlakama e Raul Domingos ao imporem a instituição de um regime multipartidário contrariando os propósitos do então regime monopartidário que até 04 de Outubro de 1992 vinha vigorando no país. Ao serem constituídas as forças armadas unificadas após a guerra civil, Mateus Ngonhamo entrou para as FADM, pela mão da Renamo. Ao mesmo tempo entrou Lagos Lídimo, este proveniente do exército da Frelimo. Ambos foram patenteados como tenentes-generais. Lagos Lidimo passou a ser o Chefe do Estado Maior Genral das FADM e Mateus Ngonhamo, o vice. Este nunca mais viria a ser promovido. Já Lagos Lidimo ostenta presentemente a patente de General do Exército, ou seja dois níveis acima de Ngonhamo na hierarquia militar. Num outro desenvolvimento, quisemos saber do ministro da Defesa Nacional, sobre as causas que estariam a suscitar o atraso da composição do exército nacional se conformar com o acordado em Roma que foi de se formar umas forças armadas nacionais de 30 mil homens. Nos Acordos Gerais de Paz, assinados a 04 de Outubro 1992 em Roma, entre o Governo da Frelimo e o então movimento de guerrilha Renamo, que permitiram pôr-se termo a 16 anos de conflito, fora isso que ficara assente e rubricado, vai fazer para a semana 15 anos. Tobias Dai alegou que tal poderá acontecer até 2009, por considerar que estão sendo formados mais militares moçambicanos não provenientes da Frelimo nem da Renamo. "Houveram vários constrangimentos, entre os quais de programação, bem como de priorização ao nível dos programas do próprio Governo. Mas até 2009, algum passo poderá ser dado", respondeu o ministro da Defesa, deixando assim subjacente que o governo está a acelerar a formação de mais forças militares. Sendo notório que existe um forte descontentamento dos militares que integraram as FADM provenientes da Renamo e dizendo-nos esses que está a haver nas forças armadas uma depuração de oficiais superiores que os atinge em particular, perguntámos ao ministro da Defesa, Tobias Dai, o que estará de facto a passar-se. Insistiu que não existe nenhuma depuração no seio das Forças Armadas, mas, sim, um trabalho de profissionalização dos próprios militares, o que tem suscitado interpretações erradas por parte de algumas pessoas, particularmente as ligadas a partidos políticos da oposição. O Governo e em especial o Ministério da Defesa Nacional, está a ser acusado de promover discriminação no seio da FADM, sobretudo ao nível hierárquico. Tal situação tem afectado os oficiais que tiveram como proveniência na Renamo, principal adversário político do partido Frelimo. O ambiente que se vive não é dos mais saudáveis mas o ministro da Defesa diz que não se passa nada do que se afirma. Muitos oficiais de escalão superior, incluindo o próprio chefe do Estado-Maior General, e o próprio ministro da Defesa, são membros destacados do partido no poder, tendo em ocasiões anteriores ocupado cargos no seio desta formação política. O ministro da Defesa é também fortemente criticado pelo facto de ser cunhado do presidente da República que é simultaneamente presidente do Partido Frelimo, no poder. Todos estes factos aliados ao desconforto que manifestam os oficiais que integraram as FADM provenientes da guerrilha da Renamo, continuam a gerar um descontentamento grande nas FADM um pouco por todo o país. Num outro desenvolvimento o ministro da Defesa Tobias Dai, disse que as FADM vão estabelecer fortes parcerias com a polícia e instituições paramilitares do Estado, para fortificar os mecanismos de segurança ao nível interno, da SADC e das fronteiras moçambicanas, tendo em conta que a componente de segurança e das fronteiras é um assunto comum ao nível dos países da região e muitos deles estão a investir seriamente nesta área. "Vamos continuar com o trabalho de equipar as nossas forças, porque a questão da segurança, tranquilidade e livre circulação de pessoas e bens não é apenas da responsabilidade da polícia. Tal como o assunto das fronteiras é uma questão que também temos vindo a discutir com os nossos parceiros da região", disse o ministro da Defesa ao «Canal de Moçambique». (Bernardo Álvaro)
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