Lide Lidima
Por Afonso dos Santos
Também pode fazer lembrar "o papão" ou "o bicho de sete cabeças". Ele é muito ameaçador e nunca faz nada de bom. É ele o causador de todos os males. Aparecem – ou são nomeadas – umas pessoas boazinhas, muito competentes, cheias de boas intenções, que querem resolver problemas da sociedade, mas o malvado não deixa. Quem é esse monstro misterioso? É o sistema!
É muito engraçado quando homens adultos, crescidos, de barba rija, vêm apresentar explicações sobre as causas dos fenómenos, que parecem mais apropriadas para aquelas histórias destinadas aos meninos à volta da fogueira. Vêm dizer que mudar pessoas não resolve os problemas, porque o culpado é o sistema. Mas nunca explicam o que é isso do "sistema", e que "sistema" é esse. Será que é algo que "o homem do saco" traz consigo? Será que o sistema é uma teia de aranha escondida no saco? Nesse caso, é muito importante saber se a aranha está lá dentro do saco, a ampliar e reforçar a sua teia, ou se é uma teia de aranha já abandonada. E, nesse caso, se ela não está lá, por onde será que anda a aranha?
É claro que, se as pessoas são trocadas por outras iguais às que lá estavam, nada poderá mudar. Há mudanças de pessoas que parecem simples rotação de peças dum lado para o outro, mas mantendo sempre todas as peças dentro do tabuleiro. Também há nomeações que parece que não servem para mais nada, senão para que o nomeado esteja lá um tempo no lugar, para adquirir propriedades e criar os seus negócios e empresas, e depois de já se ter locupletado, então dá lugar a outro, para o outro ir lá fazer o mesmo.
Depois há quem vem dizer que essas pessoas são muito competentes, mas o tal monstro misterioso – o sistema – é que não os deixou fazer nada. Este género de competência faz lembrar aquelas equipas de futebol que declaram sempre que jogaram melhor, após cada sucessiva derrota diante do adversário. E é mais ou menos como a competência desses analistas credenciados e desses académicos encartados: seria de esperar que se apresentassem sendo portadores duma quantidade de leitura, uma amplitude de estudo e uma profundidade de reflexão que fosse mais além do que aquela que é possuída pelos cidadãos que vivem ocupados noutros afazeres, e que se juntam ao fim do dia para um bate-papo de café.. Mas, infelizmente, não é isso o que acontece; esses compatriotas cerebrais, com lugar reservado nas televisões e nos jornais, não conseguem ir além da explicação baseada no monstro misterioso. Nem explicam o que é o tal sistema, e, muito menos, como, e o que é necessário para fazê-lo mudar. E, como conclusão final, produzem uma descoberta sensacional: a de que é preciso fazer um análise mais profunda.
A primeira análise chega à conclusão de que a culpa é do sistema. E de que é necessária uma análise mais profunda. A segunda análise, mais profunda, chegará à conclusão de que a culpa é do processo do sistema. A terceira análise, mais aprofundada, chegará à conclusão de que a culpa é da estratégia do processo do sistema. A quarta análise, ainda mais aprofundada, chegará à conclusão de que a culpa é da axiomática da estratégia do processo do sistema.
Este alto nível de qualidade das conclusões destas análises é o resultado inevitável do que acontece quando as ciências são transformadas em servis e grosseiros instrumentos de publicidade dos chavões políticos que estão na moda, e que são ditados pelo Governo do dia. Assim, depois duma conferência sobre o "Papel Das Ciências No Combate À Pobreza Absoluta", é de esperar que se realize, a seguir, um seminário sobre o "Papel Das Ciências Nas Decisões Tomadas e Nas Decisões Cumpridas (mas nunca: "Nas Decisões Mal Tomadas e Nas Decisões Não Cumpridas). E a seguir, o "Papel Das Ciências
Nesta Pérola do Índico", para dar uma pincelada de poesia nas ciências. E a seguir, o "Papel Das Ciências Na Revolução Verde", neste caso para dar uma pincelada de cor nessas ciências endémicas anémicas. E, finalmente, um colóquio sobre o "Papel das Ciências Nos Sonhos Cor-De-Rosa Dos Balanços Infalivelmente Positivos". Antigamente, após o encerramento de eventos deste tipo, era usual oferecer aos participantes uma recepção ou um almoço ou um lanche ou um jantar ou um cocktail ou um beberete. Mas parece ter-se chegado à conclusão de que essas designações eram o reflexo de mazelas profundas da época do "deixa-andar", e então, realizou-se uma revolução – de que cor? – para instaurar a auto-estima dos moçambicanos e, como resultado dessa revolução, agora, o que acontece depois desses eventos são "sessões de gastronomia". Por isso, é de prever que, na senda do seguidismo canino de vários académicos, em relação ao poder político, e quando já nada restar que se assemelhe à ciência, será então lançado um ambicioso programa integrado, abrangente, holístico, paradigmático e axiomático, que será designado "PaGa_PAPA", que significa o "Papel da Gastronomia nas Posições Assumidas Pelos Académicos". Enfim, é o sistema... Mas qual sistema, afinal?! Bem!, neste caso é o sistema da aldrabice absoluta. E esse sistema só mudará quando todos os homens dos sacos forem colocados a pentear macacos.
Fonte:SAVANA
Por Afonso dos Santos
Também pode fazer lembrar "o papão" ou "o bicho de sete cabeças". Ele é muito ameaçador e nunca faz nada de bom. É ele o causador de todos os males. Aparecem – ou são nomeadas – umas pessoas boazinhas, muito competentes, cheias de boas intenções, que querem resolver problemas da sociedade, mas o malvado não deixa. Quem é esse monstro misterioso? É o sistema!
É muito engraçado quando homens adultos, crescidos, de barba rija, vêm apresentar explicações sobre as causas dos fenómenos, que parecem mais apropriadas para aquelas histórias destinadas aos meninos à volta da fogueira. Vêm dizer que mudar pessoas não resolve os problemas, porque o culpado é o sistema. Mas nunca explicam o que é isso do "sistema", e que "sistema" é esse. Será que é algo que "o homem do saco" traz consigo? Será que o sistema é uma teia de aranha escondida no saco? Nesse caso, é muito importante saber se a aranha está lá dentro do saco, a ampliar e reforçar a sua teia, ou se é uma teia de aranha já abandonada. E, nesse caso, se ela não está lá, por onde será que anda a aranha?
É claro que, se as pessoas são trocadas por outras iguais às que lá estavam, nada poderá mudar. Há mudanças de pessoas que parecem simples rotação de peças dum lado para o outro, mas mantendo sempre todas as peças dentro do tabuleiro. Também há nomeações que parece que não servem para mais nada, senão para que o nomeado esteja lá um tempo no lugar, para adquirir propriedades e criar os seus negócios e empresas, e depois de já se ter locupletado, então dá lugar a outro, para o outro ir lá fazer o mesmo.
Depois há quem vem dizer que essas pessoas são muito competentes, mas o tal monstro misterioso – o sistema – é que não os deixou fazer nada. Este género de competência faz lembrar aquelas equipas de futebol que declaram sempre que jogaram melhor, após cada sucessiva derrota diante do adversário. E é mais ou menos como a competência desses analistas credenciados e desses académicos encartados: seria de esperar que se apresentassem sendo portadores duma quantidade de leitura, uma amplitude de estudo e uma profundidade de reflexão que fosse mais além do que aquela que é possuída pelos cidadãos que vivem ocupados noutros afazeres, e que se juntam ao fim do dia para um bate-papo de café.. Mas, infelizmente, não é isso o que acontece; esses compatriotas cerebrais, com lugar reservado nas televisões e nos jornais, não conseguem ir além da explicação baseada no monstro misterioso. Nem explicam o que é o tal sistema, e, muito menos, como, e o que é necessário para fazê-lo mudar. E, como conclusão final, produzem uma descoberta sensacional: a de que é preciso fazer um análise mais profunda.
A primeira análise chega à conclusão de que a culpa é do sistema. E de que é necessária uma análise mais profunda. A segunda análise, mais profunda, chegará à conclusão de que a culpa é do processo do sistema. A terceira análise, mais aprofundada, chegará à conclusão de que a culpa é da estratégia do processo do sistema. A quarta análise, ainda mais aprofundada, chegará à conclusão de que a culpa é da axiomática da estratégia do processo do sistema.
Este alto nível de qualidade das conclusões destas análises é o resultado inevitável do que acontece quando as ciências são transformadas em servis e grosseiros instrumentos de publicidade dos chavões políticos que estão na moda, e que são ditados pelo Governo do dia. Assim, depois duma conferência sobre o "Papel Das Ciências No Combate À Pobreza Absoluta", é de esperar que se realize, a seguir, um seminário sobre o "Papel Das Ciências Nas Decisões Tomadas e Nas Decisões Cumpridas (mas nunca: "Nas Decisões Mal Tomadas e Nas Decisões Não Cumpridas). E a seguir, o "Papel Das Ciências
Nesta Pérola do Índico", para dar uma pincelada de poesia nas ciências. E a seguir, o "Papel Das Ciências Na Revolução Verde", neste caso para dar uma pincelada de cor nessas ciências endémicas anémicas. E, finalmente, um colóquio sobre o "Papel das Ciências Nos Sonhos Cor-De-Rosa Dos Balanços Infalivelmente Positivos". Antigamente, após o encerramento de eventos deste tipo, era usual oferecer aos participantes uma recepção ou um almoço ou um lanche ou um jantar ou um cocktail ou um beberete. Mas parece ter-se chegado à conclusão de que essas designações eram o reflexo de mazelas profundas da época do "deixa-andar", e então, realizou-se uma revolução – de que cor? – para instaurar a auto-estima dos moçambicanos e, como resultado dessa revolução, agora, o que acontece depois desses eventos são "sessões de gastronomia". Por isso, é de prever que, na senda do seguidismo canino de vários académicos, em relação ao poder político, e quando já nada restar que se assemelhe à ciência, será então lançado um ambicioso programa integrado, abrangente, holístico, paradigmático e axiomático, que será designado "PaGa_PAPA", que significa o "Papel da Gastronomia nas Posições Assumidas Pelos Académicos". Enfim, é o sistema... Mas qual sistema, afinal?! Bem!, neste caso é o sistema da aldrabice absoluta. E esse sistema só mudará quando todos os homens dos sacos forem colocados a pentear macacos.
Fonte:SAVANA
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