Marco do Correio
Por Machado da Graça
Olá Simão
Como vai essa saúde? Do nosso lado está tudo bem, felizmente.
Hoje queria-te falar desta campanha a que estamos a assistir de limpeza da imagem das nossas autoridades policiais.
De repente, começámos a assistir a artigos, entrevistas e outras peças "jornalísticas" em que, de uma forma geral, se afirma que o problema da criminalidade não é tão grave como se diz. Que se está a exagerar na denúncia.
E quem imaginas tu que sejam os tais malandros que andam por aí a exagerar o mau aspecto da criminalidade entre nós?
Acertaste! É claro que os culpados são os jornalistas. Os suspeitos do costume...
Segundo os participantes na actual campanha de branqueamento é responsabilidade dos jornalistas a sensação generalizada de falta de segurança principalmente na cidade de Maputo e província do mesmo nome.
Sabe-se lá com que ocultos objectivos os profissionais da escrita andam por aí a dar notícias, fazer reportagens e entrevistas sobre os crimes, em vez de se manterem calados ou escreverem sobre a beleza de alguns jardins ou do voo dos passarinhos.
É verdade que esses malandros dos jornalistas têm sempre a desgraçada desculpa dos factos: os 12 polícias assassinados ao longo de um ano, por exemplo. Nunca nada de parecido tinha acontecido antes, mas chamar a atenção para este facto é, para os participantes na campanha, um exagero.
Também é verdade que, para além dos 12 polícias, outras cerca de 1000 pessoas foram assassinadas no ano passado. Disse-o o PGR no Parlamento. O exagero, por parte dos jornalistas, foi publicarem a informação, em vez de assobiarem e olharem para o outro lado. Houve mesmo alguns, mais exagerados do que outros, que colocaram essa informação como título, à largura de duas páginas, como se pode verificar no DOMINGO de 22 de Abril. O mesmo DOMINGO que agora acha que houve exagero...
E alguns cronistas de serviço criticam agora os jornalistas por esse pretenso exagero, com argumentação demagógica, para não dizer parva, segundo a qual se pretende a abolição da Polícia.
Ora o que se pretende é precisamente o contrário. É que a Polícia exista e cumpra a sua função. Faça aquilo para que é paga: prevenir o crime e, quando ele ocorre, fazer cumprir a lei.
Ora o que se passa é que a tal Polícia parece estar de mãos atadas. Não há notícia de crime que não termine pela frase sacramental segundo a qual os criminosos "continuam a monte".
E deve ser um monte altíssimo onde as nossas autoridades não conseguem chegar.
Portanto, meu caro Simão, eu aconselharia as nossas autoridades a preocuparem-se menos com o que escrevem os jornalistas e mais com fazerem aquilo para que são pagas: reprimirem o crime, principalmente o violento.
E, já agora, gostava de te contar uma coisa: no passado fim-de-semana, fui dar uma volta pela marginal. A partir da 25 de Setembro até à Costa do Sol e volta.
Pois nesse trajecto passei por 4 operações stop! 3 com polícias de trânsito e uma com dois cinzentinhos, ali ao pé do Caracol.
Será que as nossas autoridades estão mesmo convencidas que é ali que vão capturar, em pleno dia, os piores criminosos? Ou será apenas para fingir serviço e, ao mesmo tempo, ir metendo uns trocos ao bolso?
Tudo isto parece uma brincadeira. Um fingimento para esconder incompetência, falta de vontade ou as duas coisas misturadas.
Com, depois, os escribas acocorados, como diria o Rui Knopfli, a fazerem a cortina de palavras para disfarçar os aspectos menos agradáveis à vista.
Mas a carta já vai longa. Esperemos ver, em breve, nova campanha. Mas esta baseada em factos concretos. Factos que demonstrem mais as capacidades da nossa Polícia do que as habilidades dos seus propagandistas.
Um abraço para ti do
Machado da Graça
Fonte: CORREIO DA MANHÃ
Por Machado da Graça
Olá Simão
Como vai essa saúde? Do nosso lado está tudo bem, felizmente.
Hoje queria-te falar desta campanha a que estamos a assistir de limpeza da imagem das nossas autoridades policiais.
De repente, começámos a assistir a artigos, entrevistas e outras peças "jornalísticas" em que, de uma forma geral, se afirma que o problema da criminalidade não é tão grave como se diz. Que se está a exagerar na denúncia.
E quem imaginas tu que sejam os tais malandros que andam por aí a exagerar o mau aspecto da criminalidade entre nós?
Acertaste! É claro que os culpados são os jornalistas. Os suspeitos do costume...
Segundo os participantes na actual campanha de branqueamento é responsabilidade dos jornalistas a sensação generalizada de falta de segurança principalmente na cidade de Maputo e província do mesmo nome.
Sabe-se lá com que ocultos objectivos os profissionais da escrita andam por aí a dar notícias, fazer reportagens e entrevistas sobre os crimes, em vez de se manterem calados ou escreverem sobre a beleza de alguns jardins ou do voo dos passarinhos.
É verdade que esses malandros dos jornalistas têm sempre a desgraçada desculpa dos factos: os 12 polícias assassinados ao longo de um ano, por exemplo. Nunca nada de parecido tinha acontecido antes, mas chamar a atenção para este facto é, para os participantes na campanha, um exagero.
Também é verdade que, para além dos 12 polícias, outras cerca de 1000 pessoas foram assassinadas no ano passado. Disse-o o PGR no Parlamento. O exagero, por parte dos jornalistas, foi publicarem a informação, em vez de assobiarem e olharem para o outro lado. Houve mesmo alguns, mais exagerados do que outros, que colocaram essa informação como título, à largura de duas páginas, como se pode verificar no DOMINGO de 22 de Abril. O mesmo DOMINGO que agora acha que houve exagero...
E alguns cronistas de serviço criticam agora os jornalistas por esse pretenso exagero, com argumentação demagógica, para não dizer parva, segundo a qual se pretende a abolição da Polícia.
Ora o que se pretende é precisamente o contrário. É que a Polícia exista e cumpra a sua função. Faça aquilo para que é paga: prevenir o crime e, quando ele ocorre, fazer cumprir a lei.
Ora o que se passa é que a tal Polícia parece estar de mãos atadas. Não há notícia de crime que não termine pela frase sacramental segundo a qual os criminosos "continuam a monte".
E deve ser um monte altíssimo onde as nossas autoridades não conseguem chegar.
Portanto, meu caro Simão, eu aconselharia as nossas autoridades a preocuparem-se menos com o que escrevem os jornalistas e mais com fazerem aquilo para que são pagas: reprimirem o crime, principalmente o violento.
E, já agora, gostava de te contar uma coisa: no passado fim-de-semana, fui dar uma volta pela marginal. A partir da 25 de Setembro até à Costa do Sol e volta.
Pois nesse trajecto passei por 4 operações stop! 3 com polícias de trânsito e uma com dois cinzentinhos, ali ao pé do Caracol.
Será que as nossas autoridades estão mesmo convencidas que é ali que vão capturar, em pleno dia, os piores criminosos? Ou será apenas para fingir serviço e, ao mesmo tempo, ir metendo uns trocos ao bolso?
Tudo isto parece uma brincadeira. Um fingimento para esconder incompetência, falta de vontade ou as duas coisas misturadas.
Com, depois, os escribas acocorados, como diria o Rui Knopfli, a fazerem a cortina de palavras para disfarçar os aspectos menos agradáveis à vista.
Mas a carta já vai longa. Esperemos ver, em breve, nova campanha. Mas esta baseada em factos concretos. Factos que demonstrem mais as capacidades da nossa Polícia do que as habilidades dos seus propagandistas.
Um abraço para ti do
Machado da Graça
Fonte: CORREIO DA MANHÃ
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