"O processo da paz em Moçambique está na sua fase inicial. O governo deve fazer tudo para dar a oportunidade ao povo moçambicano de construir a sua Paz por si mesmo, para poder dar valor a esta conquista que é fundamental para o desenvolvimento de qualquer nação", começou por dizer o senador italiano Luigi Bobba em entrevista exclusiva concedida ao «Canal de Moçambique» em Maputo. Para este parlamentar europeu, "Moçambique está num bom caminho de desenvolvimento e construção da paz", mas Luigi Bobba recorda que "por detrás da assinatura do Acordo Geral de Paz em Roma, em 1992, havia em todos os moçambicanos a esperança de viver uma democracia participativa em Moçambique", pelo que, "o governo não se deve esquecer desse desafio, de construir um estado de democracia participativa". Luigi Bobba disse que "comparando o actual estado de desenvolvimento em Moçambique com o de há cinco anos", a última vez que esteve em Moçambique, "nota-se que Moçambique está em franco desenvolvimento, mas há que olhar para outros sectores, principalmente o da Justiça". "Moçambique está a crescer economicamente, mas deve olhar para outros sectores da sociedade", disse Luige Bobba ao «Canal de Moçambique». "A Justiça, o combate à criminalidade, a democracia participativa e sólida são outros sectores a que", segundo este senador italiano, "o governo moçambicano deve dar prioridade". O senador Bobba afirmou que quando chegou a Maputo, vindo de Roma, "foi alertado na embaixada do seu país da necessidade de tomar medidas de segurança devido à grande onda de criminalidade" que se faz sentir na capital Moçambicana. Para Luigi Bobba, "a criminalidade, a injustiça, a miséria e a ausência de uma democracia participativa são elementos que poderão manchar o esforço dos moçambicanos em construir um país de Paz". O senador italiano recordou que "a paz não significa apenas o calar das armas. Não pode haver paz onde há injustiça, falta entendimento entre os fazedores da política, e há fome e violência". O governo não deve excluir a Renamo Abordado pelo «Canal de Moçambique» para comentar a decisão da Renamo de não participar com o governo nas festividades centrais do décimo e quinto aniversário da assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP) que se celebra no dia 4 de Outubro próximo, alegadamente por se sentir descriminado pelo executivo de Armando Guebuza, Luigi Bobba comentou nos seguintes termos: "O Governo não deve descriminar nem excluir a Renamo da vida política do país. A exclusão da Renamo representa uma grande ameaça para a Paz em Moçambique. O AGP foi assinado pelas duas partes e deve ser respeitado por todos. Se a as partes assinantes do AGP não se entendem, isso significa que a paz vivida é precária, não é uma paz sólida". A paz não é feita apenas por partidos políticos Entretanto, o senador italiano disse que "todos moçambicanos devem se empenhar na construção de um país de uma paz duradoira. A Paz não é feita apenas por partidos políticos, todos devem se empenhar na construção de paz". Garantiu ainda o senador italiano que "o governo e o povo italianos estão de braços abertos para ajudar os moçambicanos na construção de um estado próspero e pacífico". De recordar que Itália foi um dos países que mais se evidenciou na luta pela Paz em Moçambique, o que veio a culminar com a assinatura do Acordo Geral de Roma na capital italiana, através do qual foi possível pôr-se fim à Guerra Civil que fustigou o país durante 16 anos e terminaria a 4 de Outubro de 1992 com um abraço entre o líder da Renamo, Afonso Dhlakama e o então presidente da República e presidente do partido Frelimo, Joaquim Chissano. Luigi Bobba concedeu a entrevista ao «Canal de Moçambique» no final da missa que assistiu na Paróquia da Nossa Senhora do Livramento no Bairro da T.3, Município da Matola. Estará no país até final desta semana. Veio a Moçambique inaugurar o Instituto de Formação Técnica da Comunidade Sant'Egidio, construído no distrito de Inhassoro, na província de Inhambane. (Borges Nhamirre) |
Sem comentários:
Enviar um comentário