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quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Raul Domingos não confirma seu regresso à Renamo

“É por motivações eleitorais que se propala esse tipo de namoro. Nunca pensei nisso”
Está-se a falar em público do provável regresso do presidente do Partido para a Democracia e Desenvolvimento (PDD), Raul Domingos, à Renamo, por haver quem esteja a persuadi-lo a regressar ao seio da organização no papel de “filho pródigo que volta à casa». Numa entrevista exclusiva ao «Canal de Moçambique» ele próprio afirma nunca lhe ter passado pela cabeça o regresso à casa que o projectou.



Raul Domingos não esconde ser “filho da Perdiz” – designação como também é conhecida a Renamo que durante a guerra dos 16 anos lhe confiou o lugar de segundo homem. Reconhece a sua origem e considera a sua relação com a Frelimo como “de um partido com outro no poder”, e, com a Renamo uma relação em que “somos todos Oposição e, para nós, o alvo é comum, em busca do poder”.



Depois defende que “o Poder está com a Frelimo e é preciso conquistá-lo por via do voto”. Deixa entretanto uma nesga por onde se pode perceber que Raul Domingos coloca o interesse nacional acima de tudo o mais e por uma oposição que consiga produzir resultados. “A nossa relação com a Renamo não deve ser de Oposição à Oposição”, sumariza Raul Domingos. Mas o presidente do PDD faz algumas lateralizações. Compara a informação posta a circular sobre ele e seu partido como a que o partido Frelimo tem feito circular em épocas eleitorais contra a Renamo e sobre os “homens armados em Maringue”. “Agora é com PDD. A motivação é puramente eleitoralista. É mais uma tentativa de desmotivar a participação dos eleitores do PDD, como quem diz que se este homem regressar seus membros não poderão aderir ao projecto do PDD que veio para ficar”.



O PDD nas últimas eleições de 2004 apareceu com registo de 120 mil membros e garante que com o próximo pleito eleitoral esse número poderá estar duplicado. Afirma que a relação com o partido de Afonso Dhlakama é de complementaridade sabido que os dois partidos não são da mesma família política. “Nós somos do partido Liberal e a Renamo é do centro de direita. E, como Oposição, nunca nos vamos combater”, assegura. O partido PDD vai este ano completar quatro anos e segundo seu líder “há todo um trabalho para melhorar o seu perfomance”. “Por isso, senhor jornalista, nunca pensei em voltar à Renamo, e muito menos ingressar no partido no poder. Nós, como partido, estamos contra a má governação, a corrupção e a «pobreza absoluta» de que é propalado o seu combate mas está longe de ser uma realidade como diz o slogan e pelo que se vive um pouco por todo o país”.


Governo só tem 12 milhões de dólares


O governo acusa os doadores internacionais de não colocarem à sua disposição os 44 milhões de dólares necessários para a sustentação financeira das eleições provinciais agora remarcadas para 16 de Janeiro de 2008. Diz o governo que só possui 12 milhões de US dólares. Raul Domingos considera o comportamento do Executivo de Guebuza “uma irresponsabilidade do governo da Frelimo”. Mas vai mais longe e deixa no ar a necessidade de se reflectir como o governo irá conseguir fazer as eleições dentro do prazo limite imposto pela Constituição apenas com 12 milhões de USD e já não com 44 milhões. “Não é possível esta disparidade de números sem alguém ter ficado com o dinheiro no bolso”, diz.

Financiamento futuro



Quanto ao financiamento eleitoral, ele referiu que uma das grandes lacunas da legislação eleitoral moçambicana é o facto de não ter ainda havido progressos quanto aos mecanismos internos para o financiamento eleitoral. Domingos diz que “é urgente a aprovação de uma lei de financiamento eleitoral no país, que contemple entre outros dispositivos os critérios objectivos para a atribuição de fundos aos partidos políticos, atempadamente, em períodos eleitorais, tornar livre e isento de sanções administrativas e ou políticas todas as contribuições para fins de campanhas eleitorais, estabelecimento de um fundo permanente para fins eleitorais, reforço de mecanismos de prestação de contas pelos partidos políticos de todos os fundos concedidos”.



Raul Domingos quanto à relutância dos doadores em financiar as eleições provinciais comenta: “Isso revela que os doadores não querem financiar problemas e conflitos pós-eleitorais”. A União Europeia por exemplo tem-se revelado relutante em patrocinar eleições enquanto o partido Frelimo não se deixar de usar a sua maioria na Assembleia da República para impedir que as leis que regulam as eleições tomem em consideração as recomendações, sobretudo do Conselho Constitucional depois do último pleito relativo às legislativas e presidenciais de 2004. Uma das principais preocupações dos doadores é a Frelimo não permitir a fiscalização das eleições pelos observadores internacionais em todas as suas fases, incluindo as de apuramento e tabelação.



Fonte: Canal de Moçambique

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