É a prova que faltava da "frelimização" do exército |
- considera porta-voz da Renamo |
"Não nos surpreende a descoberta do «Canal de Moçambique» e do «Zambeze» sobre a partidarização das Forças Armadas. Era o documento que faltava para provar tudo o que temos estado a denunciar, desde que Armando Guebuza chegou ao poder" – Fernando Mazanga |
Sem evasivas e delongas, Fernando Mazanga disse que o referido «Questionário Confidencial», "viola a letra e o espírito do Acordo Geral de Paz que era acabar com a pertença partidária nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique".
Mazanga disse também que desde que Armando Guebuza ascendeu, primeiro a secretário-geral do partido Frelimo e depois a presidente da República de Moçambique nota-se que está em curso uma purga nas Forças Armadas. "Notamos uma compulsiva passagem à reforma de oficiais superiores e generais não oriundos da Frelimo", afirmou o porta-voz do partido liderado por Afonso Dhlalama.
Para consubstanciar a sua tese, o porta-voz do partido da «Perdiz» – nome por que também é conhecida a Renamo – disse que ele foi ao terreno, mais concretamente ao quartel das FADM na sede do distrito de Boane, e constatou «in loco» o tratamento diferenciado a que estão sujeitos os antigos militares oriundos da guerrilha iniciada por André Matsangaíce.. "Um oficial da Renamo tem que ir à machamba e tratar dos seus canteiros, se não, morre de fome. Os que vem das extintas FAM/FPLM tem direito a um rancho que inclui entre muitas coisas, 20 kg de carne", afirma Mazanga. "Uma autêntica descriminação", diz.
O porta-voz da Renamo, Mazanga, bastante empolgado na sua alocução ao autor destas linhas, defende que "onde há armas, não se deve meter política".
"Apelamos à calma, mas isto pode explodir"
De acordo com a mesma fonte, desde que estas situações começaram a ser parte do corpo institucional do Estado em Moçambique, vários antigos guerrilheiros oriundos da Renamo já procuraram os antigos pares de luta para denunciarem esta e outras situações de "frelimização" de que se queixam e afirma estarem a ser sujeitos..
Segundo Mazanga, em resposta à indignação dos ex-guerrilheiros que integraram as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) o seu partido apenas lhe tem apelado "para agirem com prudência". "Mas a sensação que eles têm é que isto poderá ter consequências imprevisíveis".
"Por uma questão de se assegurar estabilidade no país tem-se de retirar a política das forças militares e paramilitares" disse o porta-voz do partido Renamo.
Mazanga não vê nenhum problema que um militar, seja ele quem for, seja membro de um partido político, mas esclarece: "Isso lá no seu bairro". "No exército todos estão pela pátria, pela ciência e não para a política", remata.
"Guebuza está a recrutar antigos membros do SNASP"
Entretanto, Mazanga revela ao «Canal de Moçambique» que a Renamo tem conhecimento de que o actual inquilino da Ponta Vermelha, Armando Guebuza, hoje popularmente tratado pelo cognome de "Foguinho", está a recrutar antigos operacionais reformados do famigerado Serviço Nacional de Segurança Popular (SNASP), para voltarem ao activo, e os mesmos tem como condições «sine qua non», o "preenchimento obrigatório da ficha de membro do partido Frelimo".
Mazanga explicou-se nestes precisos termos: "No mês passado, no campo do Estrela Vermelha (antigo braço desportivo do SNASP), houve uma reunião com estes operacionais onde se procedeu à entrega de cartões do partido Frelimo".
"O que é que se pretende com o recrutamento de antigos operacionais do SNASP?" - indaga o porta-voz da Renamo
"É por isso que não vamos a festa da Paz"
Fernando Mazanga acabaria por revelar que com a "evidência que faltava" (o «Questionário Confidencial»), o seu partido reforçou a sua convicção de festejar à parte, longe da "frelimização" do Estado, o 15.º Aniversário do Acordo Geral de Paz. "Não podemos ir a uma festa politizada. Qualquer político com bom senso que olha pelo país não iria. Vamos festejar com os moçambicanos de bom senso, e com os amigos de Moçambique de bom senso" disse Mazanga.
"Não nos surpreende a descoberta do «Canal de Moçambique» e do «Zambeze» sobre a partidarização das Forças Armadas. Era o documento que faltava para provar tudo o que temos estado a denunciar, desde que Armando Guebuza chegou ao poder" – afirma ainda Fernando Mazanga.
A mesma fonte poria ainda um forte acento num ponto que segundo a Renamo não pode ser esquecido: "Moçambique não é propriedade da Frelimo".
Comentário às declarações do PGR
O porta-voz da Renamo, disse que as declarações do mais alto magistrado do Ministério Público "foram oportunas", mas questionou sobre o que terá sido feito pelo Dr Joaquim Madeira "para terminar com esta ilegalidade e atropelo constitucional".
De acordo com Mazanga, o PGR é uma pessoa sensata, mas tem as suas limitações e indicou-as: "Lembra-se de ele ter dito que havia magistrados que estavam a ser seguidos e fotografados? – Para bom entendedor meia palavra basta…"
De lembrar que o PGR considerou o «Questionário Confidencial» inconstitucional e ilegal, mas até agora sabe-se que se ficou por aí e não agiu.
Comentários às declarações de Tobias Dai
Já no que refere as declarações do Ministro da Defesa, Tobias Dai, que disse desconhecer a existência do referido «Questionário Confidencial" , Mazanga diz que essa fuga "não passa de uma manobra dilatória", para, acrescentou "distrair a opinião pública".
Na óptica de Mazanga, o ministro Dai já devia estar na reforma depois do luto que impôs a muitas famílias moçambicanas e continua a semear ao permitir que continuem a registar-se acidentes com armas militares obsoletas em paióis sem que previamente tenha havido o cuidado de evitá-los com uma intervenção oportuna.. "Só em Moçambique é que ele se pode manter no cargo depois do que aconteceu". "Também é preciso não esquecer que ele é cunhado de quem é. Depois da explosão do paiol por duas vezes e do camião com obuses na base área de Mavalane como é que ele se pode manter no poder?". Relembra que Tobias Dai é cunhado do presidente da República, Armando Emílio Guebuza.
Comentário às declarações de Máximo Dias
O advogado Máximo Dias, curiosamente deputado da Assembleia da República pela coligação Renamo-União Eleitoral na sua qualidade de presidente do partido MONAMO, falando ao «Canal de Moçambique» a propósito do «Questionário Confidencial» disse há dias que ele "é legítimo e natural". Solicitado a comedntar tais declarações de Máximo Dias, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga largou um sorriso rasgado e disse: "Não tenho comentários. Acho que só dá para sorrir. Por vezes, nesta tragicomédia colectiva em que nos estão a mergulhar, é o que nos resta dizer".
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