Eu e o Guebuza ou a parecença entre dois concidadãos que nunca se sentaram à mesma mesa para depois ir fumar de um cachimbo
O ISPU acaba de transformar-se em Universidade Politécnica, o que permitirá esta instituição finalmente começar a produzir doutores. Entre outras coisas. Rejubilo de felicidade por mais esse hercúleo passo do meu amigo Lourenço do Rosário. Esse facto incha a minha esperança de que finalmente surjam cérebros capazes de responder a uma pergunta metafísica que me tem tirado o sono desde que acordei hoje muito tarde e que partilho sem problemas com os leitores: Como podemos eu e o Guebuza ser tão diferentes mas ao mesmo tempo ser tão parecidos?
Ninguém pode negar o imperativo categórico asssociado a necessidade de entender como uma pergunta tão importante, que chega mesmo a rivalizar em termos de pertinência com o próprio PARPA, ter ficado tanto tempo sem resposta, isso tudo num país que se orgulha de produzir às catadupas pensadores da craveira de Wehia Ripua, Padimbe Kamati e minha ex-esposa.
O ponto é que eu e o Guebuza somos muitos diferentes em tantas coisas: por exemplo, eu não tenho cunhado ministro, não tenho esposa primeira-dama e muito menos uma primeira-ministra como subordinada.
Mas, malgrado isso, temos uma infinidade de parecenças, que chego em alguns momentos a desconfiar que ele é meu filho..
Senão vejamos: Ele é moçambicano, eu também. Ele mora na cidade de Maputo, eu idem. Ele sabe falar português, beber água mineral e ir a festas, exactamente o que acontece comigo.
Mas as parecenças não terminam por aí. Há mais para o meu próprio pasmo. Por exemplo, o Guebuza não me conhece. Não me interessa, eu também não lhe reconheço. Ele não me conhece porque nunca foi beber ao Tchuquelane ali na Malanga, vejo-o sair do parlamento e apanhar um carro preto, mas eu não o reconheço porque não o vejo cumprir decisões já há muito tempo tomadas como fazia há uma trintena de anos, quando o vimos de forma vigorosa pedir aos colonialistas que abandonassem o que tantos meses tinha custado a Vasco da Gama descobrir apesar de ter estado sempre alí à entrada do Índico. O Guebuza que conheço acabava com esta onda de criminalidade em menos de 48 horas, nem que isso significasse mandar fechar os bancos, recolher os guardas policiais às trincheiras ou simplesmente vazar os pneus das motorizadas.
Por outro lado, tal como eu, Guebuza é um crente inveterado. Atentem a como ele continua falando na possibilidade de acabarmos com o deixar-andar. Eu também continuo trazendo livros para a minha casa acreditando que a minha noiva os vai ler. Inclusivamente ofereci-lhe na data do seu aniversário o Assim falava Zaratustra. E ela ficou tão emocionada que durante seis semanas se viu afónica quando queria dirigir-se a mim e - o que não entendi nada mesmo! - deitou para a pia a chave do armarinho onde guardo exemplares respeitosos de bebidas alcoólicas; mas ler que é bom, nada. Resultado previsível: o meu amigo Sammy acabou sangrando os dedos ao tentar forçar o armário. Era uma sexta-feira!
Eu, a primeira vez que vi o retrato da Mona Lisa, chorei de emoção: tal foi a fruição, a empatia que senti. Guebuza não quis ficar atrás nas parecenças comigo. Veio com aquela de "decisão tomada decisão cumprida" e em Louvres há pessoas que juram que viram Mona Lisa escancarar aquele sorriso enigmático e rir-se a bandeiras desfraldadas. Um riso tão verdadeiro como o das vendedeiras de Xipamanine quando lhes veio ao conhecimento que a Dama do Bling tinha perdido o bebé. É, meu avó é que sabia das coisas quando dizia: "Pedro, as mulheres são da mesma pintura, quer estejam na parede de um museu ou na banca de um dumba-nengue a vender badjias".
Agora vejam mais esta: há por aí muito boa gente, incluindo a minha empregada, apelidando o nosso Guebuza de Foguinho, comparando-o com um personagem azarento de uma telenovela brasileira que passa presentemente na STV. Que falta de cidadania! No Bar da Tv ou no Sorriso não há nenhum azarento? No Fama Show não tem Valdomiro José? Mas voltando a sua excelência o Foguinho, concordam que o tratem assim só por causa de alguns incêndios, assaltos, calamidades, cheias, massacres a polícias, explosões, derrotas da selecção de básquete feminino, marcação das eleições para a época do id mubarak, inconstitucionalidades, ida de Dominguez a África do Sul e não a Grécia, entorse da prima Genoveva, etc, etc? Os pobres de espírito não conhecem a poesia do fogo! Eu também não conheço a poesia do fogo, mas não é de mim que estou a falar, é desses tais.
Ora também há aí muito boa gente tratando-me por Foguinho, como se faz com o Guebuza, só porque descobri que a minha namorada me trai com o Mc Roger. Dizem que a vêem todo o momento a fazer zakazá. Pergunta importante: preferiam que me traísse com o Valdomiro José?
Melhor eu terminar. Falem bem ou mal dos nossos azares, mas eu e Guebuza, continuaremos igual e orgulhosamente lutando contra a pobreza absoluta.
E vocês?
Pedro Muiambo
Fonte:Moçambique Para Todos
O ISPU acaba de transformar-se em Universidade Politécnica, o que permitirá esta instituição finalmente começar a produzir doutores. Entre outras coisas. Rejubilo de felicidade por mais esse hercúleo passo do meu amigo Lourenço do Rosário. Esse facto incha a minha esperança de que finalmente surjam cérebros capazes de responder a uma pergunta metafísica que me tem tirado o sono desde que acordei hoje muito tarde e que partilho sem problemas com os leitores: Como podemos eu e o Guebuza ser tão diferentes mas ao mesmo tempo ser tão parecidos?
Ninguém pode negar o imperativo categórico asssociado a necessidade de entender como uma pergunta tão importante, que chega mesmo a rivalizar em termos de pertinência com o próprio PARPA, ter ficado tanto tempo sem resposta, isso tudo num país que se orgulha de produzir às catadupas pensadores da craveira de Wehia Ripua, Padimbe Kamati e minha ex-esposa.
O ponto é que eu e o Guebuza somos muitos diferentes em tantas coisas: por exemplo, eu não tenho cunhado ministro, não tenho esposa primeira-dama e muito menos uma primeira-ministra como subordinada.
Mas, malgrado isso, temos uma infinidade de parecenças, que chego em alguns momentos a desconfiar que ele é meu filho..
Senão vejamos: Ele é moçambicano, eu também. Ele mora na cidade de Maputo, eu idem. Ele sabe falar português, beber água mineral e ir a festas, exactamente o que acontece comigo.
Mas as parecenças não terminam por aí. Há mais para o meu próprio pasmo. Por exemplo, o Guebuza não me conhece. Não me interessa, eu também não lhe reconheço. Ele não me conhece porque nunca foi beber ao Tchuquelane ali na Malanga, vejo-o sair do parlamento e apanhar um carro preto, mas eu não o reconheço porque não o vejo cumprir decisões já há muito tempo tomadas como fazia há uma trintena de anos, quando o vimos de forma vigorosa pedir aos colonialistas que abandonassem o que tantos meses tinha custado a Vasco da Gama descobrir apesar de ter estado sempre alí à entrada do Índico. O Guebuza que conheço acabava com esta onda de criminalidade em menos de 48 horas, nem que isso significasse mandar fechar os bancos, recolher os guardas policiais às trincheiras ou simplesmente vazar os pneus das motorizadas.
Por outro lado, tal como eu, Guebuza é um crente inveterado. Atentem a como ele continua falando na possibilidade de acabarmos com o deixar-andar. Eu também continuo trazendo livros para a minha casa acreditando que a minha noiva os vai ler. Inclusivamente ofereci-lhe na data do seu aniversário o Assim falava Zaratustra. E ela ficou tão emocionada que durante seis semanas se viu afónica quando queria dirigir-se a mim e - o que não entendi nada mesmo! - deitou para a pia a chave do armarinho onde guardo exemplares respeitosos de bebidas alcoólicas; mas ler que é bom, nada. Resultado previsível: o meu amigo Sammy acabou sangrando os dedos ao tentar forçar o armário. Era uma sexta-feira!
Eu, a primeira vez que vi o retrato da Mona Lisa, chorei de emoção: tal foi a fruição, a empatia que senti. Guebuza não quis ficar atrás nas parecenças comigo. Veio com aquela de "decisão tomada decisão cumprida" e em Louvres há pessoas que juram que viram Mona Lisa escancarar aquele sorriso enigmático e rir-se a bandeiras desfraldadas. Um riso tão verdadeiro como o das vendedeiras de Xipamanine quando lhes veio ao conhecimento que a Dama do Bling tinha perdido o bebé. É, meu avó é que sabia das coisas quando dizia: "Pedro, as mulheres são da mesma pintura, quer estejam na parede de um museu ou na banca de um dumba-nengue a vender badjias".
Agora vejam mais esta: há por aí muito boa gente, incluindo a minha empregada, apelidando o nosso Guebuza de Foguinho, comparando-o com um personagem azarento de uma telenovela brasileira que passa presentemente na STV. Que falta de cidadania! No Bar da Tv ou no Sorriso não há nenhum azarento? No Fama Show não tem Valdomiro José? Mas voltando a sua excelência o Foguinho, concordam que o tratem assim só por causa de alguns incêndios, assaltos, calamidades, cheias, massacres a polícias, explosões, derrotas da selecção de básquete feminino, marcação das eleições para a época do id mubarak, inconstitucionalidades, ida de Dominguez a África do Sul e não a Grécia, entorse da prima Genoveva, etc, etc? Os pobres de espírito não conhecem a poesia do fogo! Eu também não conheço a poesia do fogo, mas não é de mim que estou a falar, é desses tais.
Ora também há aí muito boa gente tratando-me por Foguinho, como se faz com o Guebuza, só porque descobri que a minha namorada me trai com o Mc Roger. Dizem que a vêem todo o momento a fazer zakazá. Pergunta importante: preferiam que me traísse com o Valdomiro José?
Melhor eu terminar. Falem bem ou mal dos nossos azares, mas eu e Guebuza, continuaremos igual e orgulhosamente lutando contra a pobreza absoluta.
E vocês?
Pedro Muiambo
Fonte:Moçambique Para Todos
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