Parque de estacionamento gerido por marginais |
- acusa membro do JPC na assembleia municipal Cenário está afugentando os utentes ante a apatia das autoridades |
A falta de espaço para o estacionamento de viaturas, principalmente na zona baixa da cidade de Maputo, onde o trânsito é grande, não tem nada a ver com a "existência de muitos espaços subaproveitados tal como vem sendo divulgado por alguns dirigentes do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, mas, sim, porque certos espaços não suscitam confiança". "Foram tomados por marginais" acusa o membro do «Juntos Pela Cidade», (JPC), Issufo Mohamed, em entrevista exclusiva ao «Canal de Moçambique».
"O problema da falta de espaço para o estacionamento de viaturas no Mercado Central não pode ser justificado com a existência de muitos espaços subaproveitados. A verdade é que o Conselho Municipal deixou o Parque de estacionamento daquele mercado e outros locais para o efeito serem geridos por marginais e depois fica a assistir e a bater palmas".
Concurso e outros negócios
Issufo Mohamed, explicou que a direcção de Eneas Comiche "realizou um concurso para a exploração do Parque de Estacionamento do Mercado Central, no qual houve um vencedor que já devia estar a explorar aquele parque mas não é o que está a acontecer. No terreno só existem miúdos marginais a explorar e a gerir o parque por razões que só o Conselho Municipal pode explicar".
"São miúdos que se fazem passar por guardiães de carros dos cidadãos e exigem compulsivamente 10 meticais pelo trabalho. Se o cidadão não quiser que o seu carro seja cuidado por esses miúdos marginais de modo a lhes pagar a quantia que exigem, eles riscam o carro e partem os faróis. E mesmo que os apanhe nada será feito contra eles porque são miúdos que trabalham junto com a Polícia".
Polícia diz que são menores
De acordo com Mohamed, "no momento de encaminhar os referidos marginais para esquadra há sempre alguém para lhes defender alegando que são menores que não podem ser responsabilizados".
"Eu tenho visto várias vezes a Polícia a dificultar a colocação de ordem naquele parque de estacionamento. Quando esses marginais são levados à Polícia, esta, por sua vez, diz que se trata de menores e que não podem ser responsabilizados. São menores até daqui a dez anos. Eu conheço muito bem a maior parte deles. Desde os anos passados têm sempre quinze anos e vão continuar menores nos próximos dez anos".
Em Moçambique um indivíduo de 16 anos já é considerado alguém capaz de responder em Tribunal pelos seus actos. Nesse sentido, Issufo Mohamed defende que faz falta a aplicação desta medida estabelecida judicialmente.
"Não me lembro quantas vezes eu já conversei com a Polícia no sentido de apelar para que mantivesse ordem naquele mercado e responsabilizar esses miúdos pelos seus actos", mas note que "há policiais descarados que chegaram a me dizer que os miúdos que abusam os cidadãos riscando e partindo-lhes os faróis dos carros são menores e que como tal, mesmo que sejam encaminhados para a esquadra vão ser soltos pelo caminho porque não se justifica que sejam encaminhados para a esquadra por causa de um farol".
Segundo o membro da JPC que temos vindo a citar os agentes, perante esses casos, chegam a argumentar que "as celas andam cheias e que não vamos piorar a situação com isso". "Os polícias dizem que «ele é um gatuno de faróis e na cela vai virar um criminoso a sério porque nós não temos ainda um centro de reabilitação de jovens»".
"Estamos a ser enganados"
Issufo Mohamed, quando solicitado a fazer uma avaliação do actual cenário do Parques de Estacionamento do Mercado Central afirmou que "enquanto o Conselho Municipal permitir que o parque seja explorado e gerido por miúdos marginais, só posso dizer que estamos a ser enganados por pessoas que colocam a inércia e apatia em frente de trabalhos sérios".
"Vamos cada vez mais para o fundo desse engano porque as pessoas que deviam agir estão a bater palmas como se tudo andasse conforme devia ser".
Vereador demitido
Entretanto, Mohamed, mostrando-se agastado perante a situação, fez recordar que "o senhor Tamele, antigo vereador dos Mercados e Feiras foi demitido compulsivamente porque é competência do senhor presidente do Conselho Municipal nomear, demitir, transferir a quem quiser no momento que também quiser para se poder imprimir a dinâmica que ele exige no trabalho. Até aí eu não vejo problemas", mas para o caso concreto que ditou a demissão do antigo vereador "há problemas". "Tamele foi demitido simplesmente porque estava a trabalhar seriamente nos passeios. Corria com muita gente como forma de mostrar que o lugar do vendedor não é no passeio mas, sim, dentro do mercado".
Situação piorou
"Se estava a imprimir uma outra dinâmica neste trabalho eu não sei, mas é verdade que desde que o Tamele foi demitido a situação piorou. Hoje não há metro quadrado nenhum vago na baixa. A situação é caótica na Baixa da Cidade. Os vendedores informais já não ocupam apenas os passeios, mas também as entradas dos mercados. Isto vai de mal a pior e as pessoas que estão à frente deste município vão continuar a dizer que o munícipe deve ser optimista, sobretudo, ostentar o espírito de cidadania", disse a terminar o membro dos JPC que o «Canal» ouviu.
(Emildo Sambo)
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