O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, disse em entrevista exclusiva ao Canalmoz que o empresário Mohamed Bachir Sulemane “meteu o país numa situação lamentável e grave, para uma nação que se queira afirmar no mundo”. Segundo o presidente da Renamo, “O Grupo MBS é grande financiador do partido Frelimo, em geral, e das suas campanhas eleitorais”, o que quer dizer “a Frelimo faz campanhas com dinheiro da droga, e não só, os próprios e dirigentes da Frelimo estão ligados a esta empresa de droga”. O líder da Renamo disse que o Grupo MBS em parte está matando a economia moçambicana, na medida em que este grupo “importa milhões e milhões de toneladas de produtos diversos, sem pagar impostos alfandegários”. O Grupo MBS faz parte dos interesses do partido Frelimo e, para que facture muito rapidamente, não paga impostos, por isso vende os seus produtos a preços baixos, inundando o mercado nacional e impedindo que os produtos das indústrias nacionais se afirmem e tirem lucros”, acusa o presidente da Renamo. “As indústrias nacionais, como pagam impostos e têm de amortizar as dívidas que têm com os bancos, então a subir o preço para justificar os impostos e a amortização das dívidas, com isso ninguém compra os seus produtos, visto que os produtos do Grupo MBS são baratos, como resultado da venda de drogas, e isso acaba contribuindo para a falência das indústrias nacionais, que acabam assim por perder o mercado”, prosseguiu. Afonso Dhlakama entende que a política económica nacional é selvagem e “um país sente-se orgulhoso quando importa menos e exporta mais, e a política económica de Moçambique não defende a indústria nacional”. “Não duvido do envolvimento do MBS” Indo directo ao caso denunciado pelo Departamento do Tesouro dos EUA, Afonso Dhlakama disse: “não duvido do envolvimento do Grupo MBS em tráfico de drogas”, porque o MBS “tem fortes ligações com a Frelimo e as mercadorias desta empresa não são fiscalizadas quando passam pelas fronteiras. Isto acontece com ordens do próprio partido e do próprio Governo”, acusou directamente Afonso Dhlakama. Entretanto, o presidente da “Perdiz” disse que “várias vezes já ouvimos a Polícia da República de Moçambique a anunciar que foi apanhado um camião com toneladas de haxixe e outro tipo de drogas ou detectado um navio na costa moçambicana com droga, mas em nenhum dia ouvimos que os donos da droga foram identificados, presos ou julgados. As drogas ficam sem dono” – disse, para depois afirmar que “a PRM só sabe dizer que apanhou drogas e nunca sabe dizer quem é o dono, os tribunais nunca receberam processos desta natureza, para julgar”. Dhlakama questiona: “quem está a proibir a divulgação dos donos da droga? Quem tem força para proibir e fazer calar o assunto? Não será o mesmo Governo que está a dar ordens para a não publicação dos nomes dos donos?”. O próprio General deu a resposta: “é este mesmo Governo – que é a Frelimo – que trabalha com o Grupo MBS”. “Pacheco não sabe o que está a dizer” Mais adiante, Afonso Dhlakama tratou de reagir às declarações do ministro do Interior, José Pacheco, segundo as quais o empresário Mohamed Bachir Sulemane tem a sua ficha limpa em Moçambique, tendo dito que “ Pacheco não sabe o que está a dizer” e “é a Polícia que Pacheco dirige que tem anunciado que apanhou haxixe sem dono e nunca veio a público para dizer ao povo os nomes que estão na ficha suja”. Para o nosso entrevistado, “as drogas que têm sido apanhadas têm donos, mas os donos nunca foram revelados. Já que ele diz que o nome de Bachir está limpo, então que nos diga agora mesmo os donos daquela droga que tem sido apanhada em Moçambique, já que ele é conhecedor daqueles que são traficantes e não traficantes”, continuou o presidente da Renamo. Dhlakama afirmou que “a Frelimo, queira ou não, está implicada nesta história da droga. Os altos dirigentes da Frelimo estão implicados nesta história, porque fazem parte do MBS”. O nosso interlocutor lamenta ser uma pouca-vergonha “que no nosso país haja pessoas riquíssimas através da droga e que fazem campanhas usando este dinheiro ilícito”. Guebuza deve demitir-se Dhlakama sublinhou que, “face a este escândalo, imediatamente Guebuza deve demitir-se, assim como o seu Governo”. Europeus e americanos são culpados Dhlakama disse que o comportamento do Departamento do Tesouro dos EUA ao fazer tal denúncia é porque a situação atingiu o auge e, como tal, o nosso entrevistado atribui culpa aos europeus e aos americanos, “porque temos sempre dito que os dirigentes da Frelimo fazem e desfazem no país e não só são traficantes de drogas, que é proibido a nível internacional, também são antidemocráticos, não aceitam a democracia, governam o povo à força, por isso não há justiça, nem respeito pelos direitos humanos. Ainda há escravatura em Moçambique, mas quando falamos, sempre dizem que é propaganda”. Dhlakama disse que “agora, que eles abriram os olhos, vão acreditar no que temos vindo a dizer: o dinheiro dos impostos dos filhos dos americanos e dos europeus é juntado com o dinheiro da droga em Moçambique e esta é uma realidade”, concluiu Dhlakama. (Aunício da Silva) | |||
2010-06-07 06:43:00 |
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VOA News: África
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Dhlakama reage ao “caso MBS”: “A Frelimo faz campanhas com dinheiro da droga”
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