"MOCAMBIQUE PARA TODOS,,

VOA News: África

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Eles são tão queridos, não são?

Editorial
Oportunamente e várias vezes alertámos, aqui neste espaço, que a contenção dos preços dos combustíveis era apenas uma mentira eleitoral. Dissemos sempre, desde Julho de 2009, que os preços dos combustíveis acabariam por ter de subir a uma escala vertiginosa, quando acabassem as eleições. De Março deste ano para cá, em três meses, os preços dos combustíveis já subiram, em média, mais de quarenta por cento. A última subida foi na sexta-feira da semana passada, faz hoje oito dias. Não vão ficar assim. Os preços ainda vão subir mais. E como se não bastasse sabermos quanto nos andam a encanar por essa via, agora ficámos a saber que quem governa anda a conceder isenções aos seus próprios sócios nos megaprojectos. 
Em 2009, dissemos muito claramente que, logo que a Frelimo voltasse a assegurar a sua continuidade no poder, os preços dos combustíveis iriam subir muito.
Sabíamos que a Frelimo estava a mentir, para continuar a ser Governo.
Foram muitos os subterfúgios e manobras que a Frelimo usou, quando estávamos em pleno período eleitoral: promover oportunistas e aldrabões para a CNE; fazer desaparecer processos de candidatura de quem estava a aparecer como alternativa viável e responsável; manter os preços dos combustíveis baixos para iludir o eleitorado.
Fez um pouco de tudo.
Era preciso a todo o custo enganar os eleitores. Mas, bebida que fermenta, se for tapada, a tampa salta. E é isso que começa a acontecer. Está a acontecer.
Ganhar eleições, desse por onde desse, era o objectivo central de quem passa a vida a falar em “pátria amada” mas, na prática, tudo faz afinal para a transformar a “pátria” em seu pasto de cabritismo.
Agora chegou a hora de ser paga a factura do elevado défice resultante do “dumping” com os preços dos combustíveis.
Avisámos que nos estavam a enganar, apenas para ganharem eleições.
Avisámos que só estavam a manter os preços dos combustíveis para se pensar que o “Governo” que temos é melhor do que o de qualquer outro partido com pretensões de ser o preferido dos moçambicanos para governar Moçambique.
Quiseram fazer-nos crer que só este grupo que usurpou o poder – o grupo dos “queridos” – é capaz de evitar o sofrimento dos cidadãos.
Mais uma vez se aproveitaram da ignorância histórica, que, aliás, tudo têm feito para manter. Os filhos de quem governa não estudam nas escolas públicas, e, na maior parte dos casos, até estudam no estrangeiro. Alguma razão há para assim ser.
Para fazerem crer que evitavam infernizar as vidas dos moçambicanos com preços de combustíveis incompatíveis com os rendimentos das famílias, foram enganando. É esta a “gente fina”, a “elite” que temos!...
Foi sempre nossa convicção que um dia teríamos todos de pagar pela irresponsabilidade de quem quer o poder político para fazer leis à medida das suas necessidades e desenvolver os seus negócios privados impunemente.
Que mais é preciso perceber para se saber de onde vem a corrupção e a impunidade?
O último aumento de preços, em menos de três meses, foi anunciado no fim da semana passada. Ainda é cedo para sentirmos na pele o que significa a tamanha aldrabice com que andaram a fazer-se passar por gente competente e insubstituível.
Com os preços dos combustíveis a subir, a vida de muitos cidadãos está-se a tornar insuportável. E vai ficar muito pior.
A mentira tem pernas curtas.
As pessoas que nos andaram a mentir para ajudar o seu partido preferido a ganhar as últimas eleições não poderão ilibar-se de responsabilidades, se algo grave vier a acontecer no país.
A paciência de um povo tem limites. A capacidade para sofrer esgota-se.
Por culpa do Governo, pelo facto de o Governo ter seguido uma política de mentira e falsidade, o Estado ainda está a dever milhões de dólares às gasolineiras e à banca. Já não há dinheiro para mais subsídios, nem para as gasolineiras, nem para os chapas. Os preços dos combustíveis vão ter de continuar a sofrer aumentos. Em consequência, tudo vai encarecer. Já está tudo a encarecer, ressalve-se.
A corda já está demasiado esticada.
Os salários não poderão subir, porque as pequenas e médias empresas também já estão todas com a forca ao pescoço. Onde vai isto parar?
Como se não bastasse, a grande mentira dos combustíveis, que foi usada para o Governo enganar os seus concidadãos com fins puramente eleitoralistas, gesto apenas próprio de gente com alta vocação para a corrupção, o economista Castel-Branco disse, em Nampula, o que nos faltava ouvir.
Ainda estamos cá para ver se alguém com o seu gabarito o virá desmentir.
Disse ele na Universidade Católica que os megaprojectos não pagam impostos, porque os seus accionistas são membros do Governo. Se isto não é dizerem-nos que estamos a ser governados por corruptos, o que é? O nosso augusto Paulino não vê isto? Não tem verba para investigar? Qual é o problema? Está a gostar de também ser “querido”?
“Os dirigentes políticos resistem” à mudança das políticas fiscais dos megaprojectos, porque “parte dos seus accionistas são membros do Governo”.
“Se o Governo cobrasse (entenda-se, impostos) aos megaprojectos, tal como cobra às pequenas e médias empresas, poderia dar setenta milhões de meticais a cada distrito e não sete milhões, que actualmente concede para a produção de mais comida e emprego”, disse o economista, em Nampula. E alertou para a necessidade de adopção de medidas urgentes para mudar a situação.
Afirmou que está a haver crescimento da pobreza urbana. Sendo ele um especialista na matéria, é recomendável que se acabe com o refrão do combate à pobreza absoluta, porque, depois de Guebuza estar a dirigir o país há seis anos, tudo o que tem andado a dizer não passa de treta. Os números falam por si.
Castel-Branco afirmou também que há prevalência da pobreza em várias zonas rurais. Ora isso também deita por terra a treta dos “sete milhões”, que estão há vários anos a serem drenados nos distritos do interior. O que merece quem anda a deitar fora dinheiro do Estado?
E se a canalização de fundos para o Orçamento do Estado pelos financiadores estrangeiros (G19) está a falhar, porque, segundo o economista, os doadores não têm capacidade para satisfazerem alguns dos seus compromissos, e não
querem dizer a verdade, então que dias nos esperam?
O senhor ministro das Finanças diz que isto não está tão mal como alguns querem crer e disse, há dias, que a cobrança de impostos está de acordo com as previsões. Não são impostos dos grandes projectos, como nos revela o investigador do IESE, porque, se fossem esses, acabava-se a mama dos donos da “Pátria Amada”, cada vez mais “pérola” para um punhado de “índicos”. Mas esperemos que o guardião do nosso Tesouro não esteja enganado, como o ministro de Sudan Hussein, que, quando já tinha a boca do canhão de um blindado inimigo encostada às orelhas, ainda dizia que está tudo bem bom.
Para terminar, e já que perguntar não ofende, perguntamos: o senhor ministro das Finanças estará capaz de dizer publicamente aos moçambicanos quem são os seus camaradas da Frelimo e colegas do Governo que são sócios das tais empresas que não pagam impostos, para não terem de passar a prescindir dos lucros que auferem? E será capaz de nos garantir que eles pagam impostos dos dividendos dos lucros dos megaprojectos? Ficava-lhe bem não se remeter ao papel de avestruz. Desde que foi capaz de revelar publicamente os seus bens, demonstrou ser homem de grandes virtudes. Será que já lhe cortaram o pio?
E em jeito de última hora: como irá a Frelimo lidar com o caso do MBS que o presidente Barack Obama e o Estado americano, consideram um “Barão da Droga” e “lavador de dinheiro”? O silêncio das autoridades começa a ser sintomático para a opinião pública internacional, mas sobretudo para quem tem Moçambique no coração. Cinco passaportes ainda que todos nacionais, com cinco nomes diferentes, sem que haja melhor esclarecimento compromete, e muito, quem tem o Estado a seu cargo e até já entrou em negociatas de cachimbos com tão distinto magnata.
(Canalmoz / Canal de Moçambique)
CANALMOZ-CANAL DE MOÇAMBIQUE – 04.06.2010
NOTA:
Cinco passaportes? Cinco passaportes? Cinco passaportes do mesmo cidadão? Como? Como e porquê?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE

Sem comentários:

Enviar um comentário

Angola24Horas

Últimas da blogosfera

World news: Mozambique | guardian.co.uk

Frase motivacionais

Ronda noticiosa

Cotonete Records

Cotonete Records
Maputo-based group

Livros e manuais

http://www.scribd.com/doc/39479843/Schaum-Descriptive-Geometry