Jovens instados a empenhar-se nas tarefas do desenvolvimento nacional
Co-orador da palestra intitulada "O papel das três gerações na construção de um Moçambique novo", promovida pelo comité do Distrito Municipal KaMpfumu do partido Frelimo, Edson Macuácua afirmou que houve gerações que realizaram vários feitos, mas para efeitos de história urge demarcar acontecimentos que sirvam de referência no processo de construção e transmissão de valores.
Assim, a geração do 25 de Setembro teve o papel de libertar o país, a do 8 de Março aceitou desafios emergentes da independência nacional para a construção da nação moçambicana e a Geração da Viragem tem a missão de erradicar a pobreza.
Edson Macuácua afirmou que a nação moçambicana é jovem e, por conseguinte, precisa de ser construída. Neste quadro, é preciso criar valores que devem ser partilhados por todos os moçambicanos, valores que até podem ser utópicos no sentido positivo.
Disse que no último processo eleitoral o Presidente da República, Armando Guebuza, colocou aos moçambicanos o desafio de combate à pobreza. Ao elegerem o partido Frelimo e o seu candidato presidencial, segundo Edson Macuácua, os moçambicanos aceitaram assumir esse desafio.
"O Presidente da República lança-nos o desafio da viragem para erradicação da pobreza, conquistarmos a independência económica. Quando se fala de viragem deve-se assumir o conceito numa perspectiva inclusiva como sendo o momento histórico em que todos os moçambicanos são chamados a assumir o protagonismo na erradicação da pobreza", disse.
Sublinhou que quando se fala de viragem refere-se à necessidade de mudança de atitude. A pobreza é uma questão de atitude, de comportamento e de mentalidade, segundo Edson Macuácua.
"Quando se fala de viragem, fala-se dum momento histórico em que conquistada a independência, construída a nação e resgatada a paz, urge construir um país livre da pobreza", esclareceu, acrescentando que se trata dum processo em que a auto-estima, a auto-confiança e o empreendedorismo são elementos fundamentais para o seu sucesso.
Afirmou que a viragem deve ser realizada em todos os sentidos e cada um dos moçambicanos deve diagnosticar acções concretas para melhorar a vida. No campo, na cidade, nos locais de trabalho, os cidadãos têm que pensar em fragilizar a pobreza.
Neste processo, segundo Edson Macuácua, alguma ênfase é colocada aos jovens, primeiro porque são a faixa etária maioritária da população, segundo porque constituem a faixa etária economicamente mais activa e terceiro porque são o futuro do país.
NÃO ESTÁVAMOS CONVENCIDOS DE QUE IRÍAMOS VENCER EM 10 ANOS
QUANDO a Frente de Libertação de Moçambique decidiu pegar em armas para combater o colonialismo português, em 25 de Setembro de 1964, os seus dirigentes e guerrilheiros não estavam convencidos de que iriam vencer em 10 anos. Quem o disse foi o Dr. Hélder Martins, combatente da luta de libertação nacional e ex-ministro da Saúde.
Hélder Martins foi co-orador da palestra sobre o papel das três gerações na construção dum Moçambique novo.
Explicou que o inimigo era militarmente forte. Usou aviões e armas proibidas pelas convenções de Viena, mas os dirigentes e os guerrilheiros da Frelimo tinham a determinação de que haviam de vencer. Para tal, segundo afirmou, foi necessário levar a cabo um grande movimento de mobilização da população para engrossar as fileiras da Frente.
"Vencemos porque estávamos convencidos de que a nossa causa era justa. É preciso explicar aos jovens o que era o colonialismo, a discriminação, o racismo", disse.
Hélder Martins iniciou a sua intervenção definindo o conceito de geração. Com recurso aos dicionários português e inglês, afirmou que geração é um conjunto de pessoas que nasceram no mesmo ano.
Entre os combatentes da luta de libertação nacional, havia pessoas com idades variadas. Assim, para Hélder Martins, que tinha 25 anos quando decidiu se juntar à Frelimo, a Geração do 25 de Setembro compreende toda a gente que desde 1961 fundou os primeiros movimentos (entenda-se partidos) que posteriormente se uniram num só, formando a Frente de Libertação de Moçambique, que desencadeou a luta armada até à independência nacional.
Hélder Martins disse que o termo geração, nesta perspectiva, é usado no sentido figurado. Denomina-se Geração do 25 de Setembro aqueles que abraçaram um ideal, que era a libertação de Moçambique.
"A Geração do 25 de Setembro não é uma geração, porque não nascemos todos ao mesmo tempo. Uns eram mais novos, outros mais velhos", disse.
Na intervenção, o ex-ministro da Saúde falou de alguns factos que ocorreram durante a luta de libertação nacional, dos Acordos de Lusaka, da independência nacional e os desafios enfrentados e, particularmente, do trabalho que desenvolveu quando presidiu à comissão de reorganização dos serviços de saúde no fase de transição.
Falou também da Geração do 8 de Março, afirmando que se tratou de jovens que acabavam de concluir o Quinto Ano do Liceu e que receberam tarefas, sobretudo no campo educacional. Eram jovens cujas idades variavam de 16 e 20 anos.
"É uma geração que aceitou sacrifícios", disse Hélder Martins, explicando que diferentemente da Geração do 25 de Setembro, constituída por voluntários que se aperceberam que só com a luta armada é que podiam expulsar o colonialismo, a Geração do 8 de Março respondeu a um chamamento (quase que uma obrigação, pois muitos tinham os seus sonhos na vida).
Muitos desses jovens da época são hoje os grandes dirigentes do país.
Entretanto, algumas intervenções havidas no encontro, mesmo depois da exaustiva explicação dada sobre o conceito de Geração da Viragem, sugeriram que o mesmo fosse periodizado.--
(MiradourOnline)
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