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VOA News: África

terça-feira, 3 de julho de 2012

“Regime explora a riqueza do país com as mãos de estrangeiros”

Dom Jaime faz um alerta aos políticos em Lisboa. Falando à rádio Renascença, o Dom Jaime afirmou que “o regime toma o risco de explorar a riqueza do país, não com as próprias mãos, mas com as mãos dos investidores (...).  Desta forma, o país pode ficar demasiado dependente dos donos dos mega-projectos”, afirmou.
O bispo emérito da Beira, Dom Jaime Gonçalves, concedeu uma entrevista à Rádio Renascença de Portugal, onde alerta para o risco de a riqueza do país passar para as mãos de estrangeiros. “O regime toma o risco de explorar a riqueza do país, não com as próprias mãos, mas com as mãos dos investidores, o que faz com que a riqueza do país passe para as mãos dos estrangeiros. Isso, por um lado, pode ser bom, na medida em que a riqueza não fica improdutiva, mas começa a melhorar a vida da população, mas, por outro, o país fica demasiado dependente dos donos dos mega-projectos”, afirmou.
Na mesma entrevista, o Dom Jaime anota que “a única ameaça à paz” é a existência ainda de cerca de um milhar de homens armados da Renamo, que nunca foram integrados nas forças armadas e de segurança de Moçambique, e que estão ainda nos seus quartéis à espera de solução.

“Alcançada a paz, a igreja não descansou e tem trabalhado para ajudar a consolidar o bem-estar social. Criou-se a Universidade Católica de Moçambique, com faculdades que possam responder às necessidades do povo. Era preciso criar no país um Estado de Direito, e daí a Faculdade de Direito. A guerra empobreceu o país, então criámos a Faculdade de Economia. Criámos a Faculdade de Agricultura para a alimentação. Havia muitas doenças e, por isso, criámos a Faculdade de Ciências de Saúde”, narra o Dom Jaime.
De acordo com aquele religioso, todo o trabalho tem ressoado bem entre a população, criando um bom ambiente para a evangelização. Os frutos vêem-se também no aumento do número de vocações.
“Há muitas vocações, sobretudo, para o clero. Já como resultado de um trabalho que a conferência assumiu, de fazer a pastoral vocacional, criou-se, em todas as dioceses, uma simpatia pela vida sacerdotal. Os jovens não estranham ouvir falar da vida religiosa, o que é muito positivo para as vocações”, refere.
Mesmo assim, o bispo emérito da Beira disse que, após 20 anos do fim da guerra civil, a paz em Moçambique está assegurada. “A Paz social em Moçambique está segura. São já 20 anos de paz e foram criadas condições para planear o desenvolvimento do país. Os governos que sucederam ao acordo de paz estão preocupados com o desenvolvimento do país, com a educação e multiplicou-se o ensino superior”, considerou o Dom Jaime.
O entrevistado revelou que, actualmente, a maior preocupação dos moçambicanos reside no facto de grande parte da riqueza do país estar a ser gerida por estrangeiros.
Sucessor de dom Jaime é argentino
O Papa Bento XVI nomeou, sexta-feira passada, um religioso argentino para suceder a Jaime Gonçalves no cargo de arcebispo da Beira. Trata-se do padre Claudio Dalla Zuanna, de 53 anos.
De acordo com a sala de imprensa da Santa Sé, o prelado está em África desde 1985 e desempenhava as funções de vice-superior-geral da congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos), a que pertence.
«O País»

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