Dom Jaime faz um alerta aos políticos em Lisboa.
Falando
à rádio Renascença, o Dom Jaime afirmou que “o regime toma o risco de
explorar a riqueza do país, não com as próprias mãos, mas com as mãos
dos investidores (...). Desta forma, o país pode ficar demasiado dependente dos donos dos mega-projectos”, afirmou.
O
bispo emérito da Beira, Dom Jaime Gonçalves, concedeu uma entrevista à
Rádio Renascença de Portugal, onde alerta para o risco de a riqueza do
país passar para as mãos de estrangeiros. “O regime toma o risco de
explorar a riqueza do país, não com as próprias mãos, mas com as mãos
dos investidores, o que faz com que a riqueza do país passe para as mãos
dos estrangeiros. Isso, por um lado, pode ser bom, na medida em que a
riqueza não fica improdutiva, mas começa a melhorar a vida da população,
mas, por outro, o país fica demasiado dependente dos donos dos
mega-projectos”, afirmou.
Na
mesma entrevista, o Dom Jaime anota que “a única ameaça à paz” é a
existência ainda de cerca de um milhar de homens armados da Renamo, que
nunca foram integrados nas forças armadas e de segurança de Moçambique, e
que estão ainda nos seus quartéis à espera de solução.
“Alcançada
a paz, a igreja não descansou e tem trabalhado para ajudar a consolidar
o bem-estar social. Criou-se a Universidade Católica de Moçambique, com
faculdades que possam responder às necessidades do povo. Era preciso
criar no país um Estado de Direito, e daí a Faculdade de Direito. A
guerra empobreceu o país, então criámos a Faculdade de Economia. Criámos
a Faculdade de Agricultura para a alimentação. Havia muitas doenças e,
por isso, criámos a Faculdade de Ciências de Saúde”, narra o Dom Jaime.
De
acordo com aquele religioso, todo o trabalho tem ressoado bem entre a
população, criando um bom ambiente para a evangelização. Os frutos
vêem-se também no aumento do número de vocações.
“Há
muitas vocações, sobretudo, para o clero. Já como resultado de um
trabalho que a conferência assumiu, de fazer a pastoral vocacional,
criou-se, em todas as dioceses, uma simpatia pela vida sacerdotal. Os
jovens não estranham ouvir falar da vida religiosa, o que é muito
positivo para as vocações”, refere.
Mesmo
assim, o bispo emérito da Beira disse que, após 20 anos do fim da
guerra civil, a paz em Moçambique está assegurada. “A Paz social em
Moçambique está segura. São já 20 anos de paz e foram criadas condições
para planear o desenvolvimento do país. Os governos que sucederam ao
acordo de paz estão preocupados com o desenvolvimento do país, com a
educação e multiplicou-se o ensino superior”, considerou o Dom Jaime.
O
entrevistado revelou que, actualmente, a maior preocupação dos
moçambicanos reside no facto de grande parte da riqueza do país estar a
ser gerida por estrangeiros.
Sucessor de dom Jaime é argentino
O
Papa Bento XVI nomeou, sexta-feira passada, um religioso argentino para
suceder a Jaime Gonçalves no cargo de arcebispo da Beira. Trata-se do
padre Claudio Dalla Zuanna, de 53 anos.
De
acordo com a sala de imprensa da Santa Sé, o prelado está em África
desde 1985 e desempenhava as funções de vice-superior-geral da
congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos), a
que pertence.
«O País»
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