Paga-se
por fora para se ser atendido e durante os fins-de-semana os serviços
de urgência são ainda mais caros. Para ter uma assistência médica o
paciente vê-se obrigado a pagar uma taxa que anda entre os 100,00
meticais e 350,00mt.
Nampula
(Canalmoz) – A prestação de serviços aos utentes no Hospital Central de
Nampula, HCN, não está nada fácil. Para que um cidadão seja atendido
devidamente tem de pagar por fora. Para os bolsos de muitos cidadãos
trata-se de valores elevados.
Na
verdade, para que um cidadão goze de assistência hospitalar no Hospital
Centralde Nampula, uma unidade do Serviço Nacional de Saúde, vê-se
obrigado a pagar aos agentes no atendimento para conseguir alcançar um
técnico de saúde ou um médico de serviço.
A
situação é muito grave que os utentes com poucas posses que agora já
reclamam de viva voz. Denunciam que quando chegam ao hospital os
serventes apenas olham para eles mas não tratam dos doentes. Só
pagando-lhes por fora é que começam a mexer-se.
“Os
serventes nunca estão preparados para atender os clientes. Mesmo que a
pessoa chegue em estado grave, eles ficam a reparar e só se predispõem a
atender quando se paga algum dinheiro extra”, denunciou uma senhora
entrevistada pelo Canalmoz na manhã do último domingo.
Desta
utente dos serviços do HCN, apurámos que “esta situação vem acontecendo
há mais de três anos e nada muda, mesmo depois de termos denunciado à
direcção do hospital, nada muda”.
Um
outro cidadão com que o Canalmoz conversou nos serviços de urgência do
HCN disse: “estou aqui desde as primeiras horas da manhã, mas não me
atendem porque não tenho dinheiro para pagar ao servente, entretanto
muitos “brancos” chegam e entram sem passar pela bicha, porque têm
dinheiro para dar gorjeta a estes senhores”.
Com
um olhar cansado de esperar, esse cidadão, cuja identidade omitimos
para garantir-lhe a segurança, apontou que “uma senhora veio aqui ter
comigo e perguntou se não tinha pelo menos 50,00mt para ir dar o técnico
para ser atendido”. Indignado com a corrupção no Hospital pergunta:
“afinal em que país estamos nós?”.
Em
todos os serviços no Hospital Central de Nampula, os utentes reclamam.
Falam de atendimento pouco condigno e de serem vítimas das habilidades
dos funcionários da instituição pra lhes extorquirem dinheiro.
Na
pediatria daquela que é a maior unidade sanitária da região norte do
país, disseram-nos que “muitas vezes quem atende as nossas crianças são
serventes ou porque o enfermeiro não está ou porque está cansado e quer
repousar”.
Tentámos ouvir a direcção do Hospital Central de Nampula.
Na
manhã de ontem, estivemos nas respectivas instalações e apurámos que o
director-geral estava em reunião. Todos os nossos esforços para ouvir a
versão oficial da instituição não resultaram. Estamos abertos e
interessados em ouvir a versão da direcção do HCN em relação às
acusações dos utentes desta unidade sanitária. Continuaremos a insistir. (Aunício da Silva)
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