Mariano
Matsinha revelou que as negociações que culminaram com a assinatura dos
históricos Acordos de Lusaka, a 7 de Setembro, não foram com o Governo
provisório português, mas, sim, com o Movimento das Forças Armadas, MFA.
Numa
altura de contagem regressiva rumo ao X Congresso do Partido Frelimo, a
ter lugar no próximo mês de Setembro, na cidade de Pemba, em
Cabo-Delgado, destacados membros deste partido desdobram-se em
declarações públicas de apoio ao presidente do partido, Armando Guebuza.
É um claro cerrar de fileiras em torno de Armando Guebuza, visando
desmoronar qualquer estratégia de alguns sectores da Frelimo que
defendem um novo ciclo na liderança do partido.
Ontem, foi a vez do veterano de Luta de Libertação Nacional e membro do Comité Central da Frelimo, Mariano Matsinha. Em
declarações ao jornal “O País” momentos após proferir uma palestra aos
funcionários da Autoridade Tributária (AT) sobre o 25 de Junho, dia da
Independência Nacional, Matsinha disse que haver debate possível sobre o
mérito ou não da recondução de Armando Guebuza à direcção do partido.
“É
naturalíssimo. Não sei por que as pessoas vão interferir nisso. Ele não
disse que ia continuar na presidência da República. Vai continuar a
presidir ao partido e, quanto a isso, o partido pode ter um presidente
vitalício sem problema nenhum”, disse o veterano da Frelimo que faz
parte do poderoso Comité Central há, sensivelmente, 50 anos.
Mariano
Mastinha não comunga da ideia de que a existência de dois centros de
poder (Guebuza na liderança do partido e um candidato diferente à
presidência) pode criar clivagens internas no seio do partido Frelimo.
“É verdade que, no passado, o Presidente da República era o mesmo do
Partido. Mas, neste caso, o mais importante é que o nosso candidato à
presidência da República será da Frelimo e não há espaço para confusão”,
afirmou Matsinha, que já ocupou vários cargos nos sucessivos governos
de Moçambique.
“Jovens devem ser pró-activos”
Durante
a palestra aos funcionários da AT, Mariano Matsinha apelou aos jovens
para serem pró-activos e enfrentar os desafios que se impõem na
actualidade. Matsinha explicou que, no seu caso particular, abraçou a
Frelimo com 26 anos, em 1963, e, se tivessem “esperado pelos velhos de
barba branca”, teria sido difícil alcançar a independência nacional. foi
preciso os jovens de então “tomarem atitude”.
Disse
ainda que os actuais jovens, com destaque para membros da organização
da Juventude Moçambicana, OJM, têm sido fiéis continuadores da história
de luta pela liberdade, iniciada pela chamada geração de Setembro de
1964.
Acordos de Lusaka
Na
referida palestra, Mariano Matsinha revelou que as negociações que
culminaram com a assinatura dos históricos Acordos de Lusaka, a 7 de
Setembro, não foram feitas com o Governo provisório português, mas, sim,
com o Movimento das Forças Armadas, que subiu ao poder na sequência do
golpe militar que acabou com o regime de Salazar.
«O País»
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