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quinta-feira, 12 de julho de 2012

“Contratempo” leva os investidores da “Pathfinder” a abandonarem o país

  Areias Pesadas de Muebase, em Pebane, na Zambéia  

O projecto estava “praticamente abandonado”, na Zambézia, mas o Governo, em Maio, tinha anunciado a retomada do processo de exploração para “dentro em breve”. Prometera que em Junho último seria apresentada, pelos investidores, a cronologia das actividades a serem levadas a cabo, mas tal não aconteceu. O contencioso entre a Pathfinder britânica e o general Jacinto Veloso, acabou chegando agora ao extremo de levar o projecto a colapsar. Os investidores abandonaram o país.

Maputo (Canalmoz) - Dois meses depois de o Governo da Zambézia ter anunciado que em Junho passado seria o mês em que a empresa concessionária das minas de Areias Pesadas de Muebase, no distrito de Pebane, a “Pathfinder Moçambique”, apresentaria o cronograma das actividades a serem desenvolvidas no terreno, com vista à exploração da mina, eis que é anunciada uma surpresa: nenhuma actividade vai acontecer. Um contencioso entre o general Jacinto Veloso e os sócios britânicos da “Pathfinder Plc” levou ao abandono do projecto. Ambas as partes têm estado a acusar-se mutuamente e a consequência é esta.
O director Provincial dos Recursos Minerais na Zambézia, Almeida Manhiça, veio dizer nesta terça-feira, em declarações ao Canalmoz, que “houve um contratempo dos investidores que decidiram abandonar o país”.

“Não foi possível a apresentação do concessionário, porque houve um contratempo que obrigou a alteração da data em que isso devia acontecer”, disse Almeida Manhiça.
O director Provincial dos Recursos Minerais na Zambézia acrescentou que “os investidores, que estavam para fazer a apresentação vindos de fora do país, sendo um geólogo russo e um outro britânico, acabaram regressando sem que isso acontecesse”.
Questionado sobre o alegado conflito que opõe as duas empresas com a mesma denominação “Pathfinder”, sendo uma do general Jacinto Veloso e outra, a original, de investidores britânicos, Almeida Manhiça preferiu dizer que “uma concessão é uma concessão, e que os concessionários devem ficar a saber que não podem ir explorar uma área que já foi concessionada”.
Sobreo contencioso entre JacintoVeloso, o sócio moçambicano, e os accionistas da Pathfinder britânica, o Canalmoz tem vindo a publicar as posições de cada uma das partes desde há cerca de um mês para cá.
Segundo o director Provincial dos Recursos Minerais da Zambézia, o executivo está a ver neste momento se pode agendar uma outra sessão do Governo para a referida apresentação.
“Estamos a ver se conseguimos agendar uma outra sessão de apresentação. Mas isso vai depender da vinda ou não da pessoa que deve fazer a apresentação, por isso neste momento não temos mais detalhes”, concluiu a fonte do Governo provincial da Zambézia.

Processo de extracção

O Governo da Zambézia havia anunciado em Maio passado que o processo de extracção das Areias Pesadas de Muebase, distrito de Pebane, que por muito tempo “estava praticamente abandonado”, acabava de ser “retomado”.
O director Provincial dos Recursos Minerais da Zambézia, Almeida Manhiça, dissera em Maio passado ao Canalmoz, sem avançar muitos detalhes, que decorriam os trabalhos de retomada da mina das areias que “estava praticamente abandonada”.
Segundo a previsão apresentada nessa entrevista pelo nosso entrevistado, “dentro de dois anos” iria “começar a exploração das minas de areias pesadas em Pebane”.
A fonte dissera que o Governo aguardava pela apresentação que seria feita pela empresa concessionária, no caso concreto a “Pathfinder”, o que poderia “acontecer o mais tardar até aos finais do mês (então) em curso (Maio) ou inicio do próximo mês (Junho), numa sessão especial do Governo Provincial que será convocada para o efeito”.
“Por causa da agenda carregada, tanto da empresa, como do Governo Provincial, ainda não aconteceu a sessão de apresentação”, dissera Almeida Manhiça. Eclodiu, entretanto, o contencioso entre o sócio moçambicano, general Jacinto Veloso e os investidores britânicos da original “Pathfinder”.
Durante a apresentação por que se aguardava na altura, de acordo com o director provincial dos Recursos Minerais da Zambézia, seria dado a conhecer “o que está a acontecer no terreno, bem como a sequência e o cronograma de todo o trabalho a ser feito”.
“Neste momento a mina já foi retomada e iniciaram alguns trabalhos, o que já tinha deixado de acontecer. Há seis meses atrás os acampamentos estavam completamente abandonados, mas agora as equipas estão no terreno e estão a ser mobilizados os recursos necessários para o terreno”, acrescentou, em Maio, o engenheiro Almeida Manhiça.

Um projecto em constante “banho-maria”

A mina de Muebase, no distrito de Pebane, na Zambézia, cujo objectivo é a exploração de “areias pesadas”, tinha sido igualmente concessionada em 2011 a um novo titular que é a Companhia Mineira de Nabur, com capitais nacionais e em que é administrador Jacinto Veloso que também estava associado à Pathfinder britânica.
Esperava-se que dentro ainda do ano passado tivessem tido início alguns trabalhos no terreno, o que efectivamente não veio a acontecer.
A ministra dos Recursos Minerais, Esperança Bias, anunciara também que a Companhia Mineira de Nabur estava a trabalhar para reconfirmação dos resultados das amostras, ao que se seguiria um estudo de viabilidade económica e novos investimentos para a exploração da mina, que depois da sua concepção nunca se efectivou.

A pesquisa da mina

A pesquisa da mina de Muebase começou nos anos 90 e depois dos primeiros resultados da Genbique, concessionária da Billiton, nada mais aconteceu no terreno.
A ministra dos Recursos Minerais dissera que dois factores tinham concorrido para que o projecto de exploração de Areias Pesadas de Muebase ficasse em “banho-maria”, nomeadamente problemas técnicos que eram necessário corrigir e a dimensão da mina que é superior à capacidade técnica e de investimento da empresa que tinha ficado com este empreendimento mineiro.

Especulações políticas

Primeiramente o abandono da mina pela Genbique e o silêncio que pairou por parte do Governo criou várias interpretações de cariz político por parte de vários segmentos da sociedade civil e partidos políticos representados na província da Zambézia. Todos os comentários imputavam responsabilidades ao Governo que alegadamente não estava preocupado em criar condições para que o projecto de exploração de areias pesadas funcionasse a despeito do que acontece com projectos idênticos em Moma. (Bernardo Álvaro)

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