Areias Pesadas de Muebase, em Pebane, na Zambéia
O
projecto estava “praticamente abandonado”, na Zambézia, mas o Governo,
em Maio, tinha anunciado a retomada do processo de exploração para
“dentro em breve”. Prometera que em Junho último seria apresentada,
pelos investidores, a cronologia das actividades a serem levadas a cabo,
mas tal não aconteceu. O contencioso entre a Pathfinder britânica e o
general Jacinto Veloso, acabou chegando agora ao extremo de levar o
projecto a colapsar. Os investidores abandonaram o país.
Maputo
(Canalmoz) - Dois meses depois de o Governo da Zambézia ter anunciado
que em Junho passado seria o mês em que a empresa concessionária das
minas de Areias Pesadas de Muebase, no distrito de Pebane, a “Pathfinder
Moçambique”, apresentaria o cronograma das actividades a serem
desenvolvidas no terreno, com vista à exploração da mina, eis que é
anunciada uma surpresa: nenhuma actividade vai acontecer. Um contencioso
entre o general Jacinto Veloso e os sócios britânicos da “Pathfinder
Plc” levou ao abandono do projecto. Ambas as partes têm estado a
acusar-se mutuamente e a consequência é esta.
O
director Provincial dos Recursos Minerais na Zambézia, Almeida Manhiça,
veio dizer nesta terça-feira, em declarações ao Canalmoz, que “houve um
contratempo dos investidores que decidiram abandonar o país”.
“Não
foi possível a apresentação do concessionário, porque houve um
contratempo que obrigou a alteração da data em que isso devia
acontecer”, disse Almeida Manhiça.
O
director Provincial dos Recursos Minerais na Zambézia acrescentou que
“os investidores, que estavam para fazer a apresentação vindos de fora
do país, sendo um geólogo russo e um outro britânico, acabaram
regressando sem que isso acontecesse”.
Questionado
sobre o alegado conflito que opõe as duas empresas com a mesma
denominação “Pathfinder”, sendo uma do general Jacinto Veloso e outra, a
original, de investidores britânicos, Almeida Manhiça preferiu dizer
que “uma concessão é uma concessão, e que os concessionários devem ficar
a saber que não podem ir explorar uma área que já foi concessionada”.
Sobreo
contencioso entre JacintoVeloso, o sócio moçambicano, e os accionistas
da Pathfinder britânica, o Canalmoz tem vindo a publicar as posições de
cada uma das partes desde há cerca de um mês para cá.
Segundo
o director Provincial dos Recursos Minerais da Zambézia, o executivo
está a ver neste momento se pode agendar uma outra sessão do Governo
para a referida apresentação.
“Estamos
a ver se conseguimos agendar uma outra sessão de apresentação. Mas isso
vai depender da vinda ou não da pessoa que deve fazer a apresentação,
por isso neste momento não temos mais detalhes”, concluiu a fonte do
Governo provincial da Zambézia.
Processo de extracção
O
Governo da Zambézia havia anunciado em Maio passado que o processo de
extracção das Areias Pesadas de Muebase, distrito de Pebane, que por
muito tempo “estava praticamente abandonado”, acabava de ser “retomado”.
O
director Provincial dos Recursos Minerais da Zambézia, Almeida Manhiça,
dissera em Maio passado ao Canalmoz, sem avançar muitos detalhes, que
decorriam os trabalhos de retomada da mina das areias que “estava
praticamente abandonada”.
Segundo
a previsão apresentada nessa entrevista pelo nosso entrevistado,
“dentro de dois anos” iria “começar a exploração das minas de areias
pesadas em Pebane”.
A
fonte dissera que o Governo aguardava pela apresentação que seria feita
pela empresa concessionária, no caso concreto a “Pathfinder”, o que
poderia “acontecer o mais tardar até aos finais do mês (então) em curso
(Maio) ou inicio do próximo mês (Junho), numa sessão especial do Governo
Provincial que será convocada para o efeito”.
“Por
causa da agenda carregada, tanto da empresa, como do Governo
Provincial, ainda não aconteceu a sessão de apresentação”, dissera
Almeida Manhiça. Eclodiu, entretanto, o contencioso entre o sócio
moçambicano, general Jacinto Veloso e os investidores britânicos da
original “Pathfinder”.
Durante
a apresentação por que se aguardava na altura, de acordo com o director
provincial dos Recursos Minerais da Zambézia, seria dado a conhecer “o
que está a acontecer no terreno, bem como a sequência e o cronograma de
todo o trabalho a ser feito”.
“Neste
momento a mina já foi retomada e iniciaram alguns trabalhos, o que já
tinha deixado de acontecer. Há seis meses atrás os acampamentos estavam
completamente abandonados, mas agora as equipas estão no terreno e estão
a ser mobilizados os recursos necessários para o terreno”, acrescentou,
em Maio, o engenheiro Almeida Manhiça.
Um projecto em constante “banho-maria”
A
mina de Muebase, no distrito de Pebane, na Zambézia, cujo objectivo é a
exploração de “areias pesadas”, tinha sido igualmente concessionada em
2011 a um novo titular que é a Companhia Mineira de Nabur, com capitais
nacionais e em que é administrador Jacinto Veloso que também estava
associado à Pathfinder britânica.
Esperava-se
que dentro ainda do ano passado tivessem tido início alguns trabalhos
no terreno, o que efectivamente não veio a acontecer.
A
ministra dos Recursos Minerais, Esperança Bias, anunciara também que a
Companhia Mineira de Nabur estava a trabalhar para reconfirmação dos
resultados das amostras, ao que se seguiria um estudo de viabilidade
económica e novos investimentos para a exploração da mina, que depois da
sua concepção nunca se efectivou.
A pesquisa da mina
A
pesquisa da mina de Muebase começou nos anos 90 e depois dos primeiros
resultados da Genbique, concessionária da Billiton, nada mais aconteceu
no terreno.
A
ministra dos Recursos Minerais dissera que dois factores tinham
concorrido para que o projecto de exploração de Areias Pesadas de
Muebase ficasse em “banho-maria”, nomeadamente problemas técnicos que
eram necessário corrigir e a dimensão da mina que é superior à
capacidade técnica e de investimento da empresa que tinha ficado com
este empreendimento mineiro.
Especulações políticas
Primeiramente
o abandono da mina pela Genbique e o silêncio que pairou por parte do
Governo criou várias interpretações de cariz político por parte de
vários segmentos da sociedade civil e partidos políticos representados
na província da Zambézia. Todos os comentários imputavam
responsabilidades ao Governo que alegadamente não estava preocupado em
criar condições para que o projecto de exploração de areias pesadas
funcionasse a despeito do que acontece com projectos idênticos em Moma. (Bernardo Álvaro)
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