Nampula
(Canalmoz) – Mais uma vez o partido Frelimo está a usar dinheiro do
Estado para fazer política partidária e mais uma vez o presidente da
República e do partido Frelimo, Armando Guebuza apadrinhou tais
práticas, desta vez ao presidir à abertura do VII Festival Nacional de
Cultura que decorre na cidade de Nampula desde terça-feira, sob
propósito da “preservação e manutenção da unidade nacional”.
Posto
em marcha o festival, o partido Frelimo, de que é presidente o chefe de
Estado, açambarcou o evento e os espaços concebidos para acolher as
mais diversas actividades e manifestações culturais e tudo ficou
colorido com as cores do “batuque e da maçaroca” preterindo-se as cores
nacionais, remetendo-se para segundo plano ou levando praticamente a
ignorar-se o propósito essencial do evento, isto é tudo o que é
susceptível de fazer crer que de facto se estava num momento de promoção
do que deve unir os moçambicanos. Em suma o que se viu é tudo menos a
promoção da unidade nacional.
Mas
não foi só no acto de abertura que isso sucedeu. Ao meio-dia de ontem o
Canalmoz visitou a feira do Artesanato, mesmo em frente ao Pavilhão dos
Desportos de Nampula, que pertence aos Caminhos de Ferro de Moçambique
(CFM) e testemunhámos a venda de material propagandístico da Frelimo no
recinto.
Vende-se
quase de tudo de propaganda da Frelimo, desde camisetas, bonés a
capulanas. Os preços rondam entre os 150,00Mt e 650,00Mt.
No
local, alguns cidadãos manifestavam a sua indignação contra o uso e
abuso do festival para fins particulares do partido Frelimo, mas
alegavam em surdina não poder fazê-lo publicamente para não virem a
sofrer represálias nos seus postos de trabalho. Está-se afinal de contas
mais num momento de evocação do partido Frelimo do que propriamente da
nação moçambicana e da sua diversidade cultural. E simultaneamente ao
evocar-se a unidade nacional teme-se represálias. Sendo a maioria dos
empregadores em Nampula instituições públicas ou empresas detidas na sua
maioria por membros da Frelimo, a indignação popular é vivida
praticamente na clandestinidade com os comentários críticos a
sucederem-se “entre dentes”.
Ouvimos
e registámos no local vários desabafos, como são o caso: “este partido
está pior e a Renamo tem razão quando diz que a Frelimo anda a levar
tudo”; “Não havia necessidade nenhuma de trazer aqui roupas e outro
material de propaganda da Frelimo para vender”.
O
evento, ou seja, o VII Festival Nacional de Cultura, está a ser um meio
pelo qual a Frelimo está claramente a proceder a pré-campanha eleitoral
ao nível de Nampula [NR: vai haver eleições autárquicas em 2013 e
legislativas, presidenciais e regionais em 2014], bastando notar que o
presidente do partido Frelimo, Armando Guebuza, autorizou, no distrito
de Nacarôa, a participação nesta fase nacional, de grupos que durante a
fase provincial ocuparam o segundo e terceiro lugares, o que
automaticamente os afastaria por concurso de estarem na fase final. Mas a
campanha do partido Frelimo recorrendo a bens do Estado fala mais alto…
(Aunício da Silva)
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