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VOA News: África

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Frelimo “assalta” evento e promove pré-campanha eleitoral

  VII Festival Nacional de Cultura  
Nampula (Canalmoz) – Mais uma vez o partido Frelimo está a usar dinheiro do Estado para fazer política partidária e mais uma vez o presidente da República e do partido Frelimo, Armando Guebuza apadrinhou tais práticas, desta vez ao presidir à abertura do VII Festival Nacional de Cultura que decorre na cidade de Nampula desde terça-feira, sob propósito da “preservação e manutenção da unidade nacional”.
Posto em marcha o festival, o partido Frelimo, de que é presidente o chefe de Estado, açambarcou o evento e os espaços concebidos para acolher as mais diversas actividades e manifestações culturais e tudo ficou colorido com as cores do “batuque e da maçaroca” preterindo-se as cores nacionais, remetendo-se para segundo plano ou levando praticamente a ignorar-se o propósito essencial do evento, isto é tudo o que é susceptível de fazer crer que de facto se estava num momento de promoção do que deve unir os moçambicanos. Em suma o que se viu é tudo menos a promoção da unidade nacional.

Mas não foi só no acto de abertura que isso sucedeu. Ao meio-dia de ontem o Canalmoz visitou a feira do Artesanato, mesmo em frente ao Pavilhão dos Desportos de Nampula, que pertence aos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e testemunhámos a venda de material propagandístico da Frelimo no recinto.
Vende-se quase de tudo de propaganda da Frelimo, desde camisetas, bonés a capulanas. Os preços rondam entre os 150,00Mt e 650,00Mt.
No local, alguns cidadãos manifestavam a sua indignação contra o  uso e abuso do festival para fins particulares do partido Frelimo, mas alegavam em surdina não poder fazê-lo publicamente para não virem a sofrer represálias nos seus postos de trabalho. Está-se afinal de contas mais num momento de evocação do partido Frelimo do que propriamente da nação moçambicana e da sua diversidade cultural. E simultaneamente ao evocar-se a unidade nacional teme-se represálias. Sendo a maioria dos empregadores em Nampula instituições públicas ou empresas detidas na sua maioria por membros da Frelimo, a indignação popular é vivida praticamente na clandestinidade com os comentários críticos a sucederem-se “entre dentes”.

Ouvimos e registámos no local vários desabafos, como são o caso: “este partido está pior e a Renamo tem razão quando diz que a Frelimo anda a levar tudo”; “Não havia necessidade nenhuma de trazer aqui roupas e outro material de propaganda da Frelimo para vender”.
O evento, ou seja, o VII Festival Nacional de Cultura, está a ser um meio pelo qual a Frelimo está claramente a proceder a pré-campanha eleitoral ao nível de Nampula [NR: vai haver eleições autárquicas em 2013 e legislativas, presidenciais e regionais em 2014], bastando notar que o presidente do partido Frelimo, Armando Guebuza, autorizou, no distrito de Nacarôa, a participação nesta fase nacional, de grupos que durante a fase provincial ocuparam o segundo e terceiro lugares, o que automaticamente os afastaria por concurso de estarem na fase final. Mas a campanha do partido Frelimo recorrendo a bens do Estado fala mais alto… (Aunício da Silva)


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