Projecto da ponte Maputo - Ka Tembe. |
Serão
a ponte Maputo-Ka Tembe e a estrada para Ponte de Ouro uma prioridade
nacional? “O País” mostra o que é possível fazer com os 725 milhões de
dólares programados para este projecto, numa altura em que o país se
debate com problemas sérios nos sectores de educação, saúde, produção
agrícola e até no que se refere à gestão do intenso trânsito na capital.
Com
o valor do projecto da ponte Maputo - Ka Tembe (que inclui a construção
de estradas para os distritos de Boane e Matutuíne) é possível
construir pelo menos 6 300 centros de saúde com maternidades, em todo
país, o que implicaria ter em cada posto administrativo 14 unidades
sanitárias do género. Neste momento, o acesso aos cuidados de saúde em
Moçambique é muito baixo, e estima-se que 50% da população viva a mais
de 20 quilómetros da unidade sanitária mais próxima, uma situação que
efectivamente significa o não acesso aos serviços de saúde para uma
grande parte da população.
O
jornal “O País” fez as contas baseando-se no custo do Centro de Saúde
Josina Machel, uma unidade sanitária com maternidade, inaugurada em
Novembro de 2011, no distrito de Boane, província de Maputo. A
infra-estrutura custou 115 mil dólares e apresenta condições básicas
para atendimento hospitalar, o que não existe em muitos pontos do país.
725
milhões de dólares são suficientes para o desenvolvimento de uma
exploração de carvão da dimensão das que se encontram neste momento a
ser desenvolvidas pelas companhias multinacionais, no distrito de
Moatize, província de Tete. Investindo na exploração de carvão, o
Executivo moçambicano distanciar-se-ia do potencial que o distrito da Ka
Tembe e Matutuíne representam em termos económicos para reaver o valor
envolvido, pois o carvão tem mercado garantido, com países como China e
Índia bastante ávidos em consumir este recurso mineral.
Mais:
o valor que será investido no projecto da ponte pode construir duas
circulares de Maputo. A estrada circular, cujas obras de construção
iniciaram em Junho último, terá duas faixas de rodagem ao longo de todos
os seus 74 quilómetros de extensão, com uma capacidade estimada de 3
600 viaturas por hora, em cada faixa.
Espera-se
que este curso rodoviário venha reforçar a ligação entre as cidades de
Maputo e Matola à vila de Marracuene, como alternativa ao crescente
congestionamento de trânsito no acesso à cidade de Maputo, sobretudo nas
horas de ponta. A empreitada vai custar 315 milhões de dólares.
A
ideia é que o Governo podia investir mais para descongestionar o
trânsito intenso que se verifica na cidade de Maputo, ao invés de
investir numa ponte e estradas cujos benefícios directos para a
população são poucos claros.
Sucede,
ainda, que há muitas cidades no mundo atravessadas por rios ou
interrompidas por mares cujas ligações são feitas por embarcações. A
cidade de Pirapora, na Região de Minas Gerais, Brasil, é um exemplo
disso, ao ser atravessada pelo rio São Francisco, e isto constitui uma
atracção turística no local. Veneza é também uma cidade italiana que
consegue atrair turistas de todo o mundo devido às ligações, por via de
embarcações, que se fazem naquele ponto da Europa.
725 MILHÕES DE DÓLARES CONSTROEM SETE PONTES ARMANDO EMÍLIO GUEBUZA
Por
um lado, com os 725 milhões de dólares da ponte para Ka Tembe é
possível construir pelo menos sete pontes Armando Emílio Guebuza, uma
infra-estrutura que liga o Sul, Centro e Norte do país.
A
ponte sobre o Zambeze, inaugurada em Agosto de 2009, custou
aproximadamente 100 milhões de dólares e possui duas faixas de rodagem;
36 pilares, dos quais 29 no viaduto e seis na ponte principal; e 2 376
metros de comprimento, sendo 1 666 no viaduto e 710 na ponte principal.
«O País»
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