Maus tratos nas cadeias reduziram, mas...
– denuncia Alice Mabota, presidente da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos
Maputo
(Canalmoz) – A Presidente da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos
(LDH), Maria Alice Mabote, disse que os níveis de tortura em
estabelecimentos prisionais reduziram consideravelmente no país, mas um
outro fenómeno preocupa, que é a tortura de detidos nas celas das
esquadras policiais, a mando da PIC – Polícia de Investigação Criminal.
Alice
Mabota que falava ontem numa conferência subordinada ao tema Penas
Alternativas e Crimes Desactualizados, disse que em Moçambique existem
cadeias que já são exemplo no tratamento de reclusos.
Por
exemplo, a presidente da LDH de Moçambique disse que as cadeias Central
da Machava e de Máxima Segurança, vulgo BO, já foram “campeões” de
torturas e execuções, mas agora estes fenómenos não se registam com a
mesma frequência. Acrescentou que as cadeias provinciais de Nampula,
Cabo Delgado, as penitenciariam agrícolas de Mabalane, na província de
Gaza, e Niassa, são outros exemplos de boas práticas. E a cadeia
provincial de Tete, até é pioneira do ponto de vista de
sustentabilidade.
Penas alternativas
Alice
Mabota disse, num outro desenvolvimento que uma das coisas que pode
reduzir o congestionamento das cadeias moçambicanas é a aplicação das
penas alternativas. Mas as nossas leis não abrem esse espaço. Ela conta
que a lei moçambicana diz que um ladrão de patos ou pilha galinhas no
mínimo deve ficar 45 dias, mas por falta de leis, falta de penas
alternativas e de juízes que controlam as prisões, estes indivíduos
acabam ficando dois a três anos.
“O
paradoxo no meio de tudo isto é que os criminosos que tem dinheiro e
bons advogados acabam saindo para fora das prisões e os pilhas galinhas
continuam lá. A figura de juiz que controla prisões existe, mas na
prática não há nada”, afirmou Alice Mabota, sublinhando que o
prisioneiro é um ser humano que precisa de ser regenerado.
Alguns exemplos chocantes
A
presidente da LDH, Alice Mabote, deu dois exemplos que importa referir:
“Na cidade de Maputo um cidadão já ficou preso três anos por ter roubado
um saquinho de cebola. Um outro jovem na Machava, ficou detido durante 5
anos por ter roubado três galinhas num aviário onde trabalhava”.
“Desde
1996 que a Liga dos Direitos Humanos vem pedindo ao Ministério da
Justiça para a aplicação de penas alternativas. Só hoje, 2012, é que se
abriu e há uma luz no fundo túnel. Se tivessem nos dado ouvidos naquela
altura, neste momento estaríamos abaixo de 34 porcento no que toca ao
respeito pelos prazos de detenção e julgamento”. (Cláudio Saúte)
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