Suposta gestão danosa nas autarquias e conflitos com o partido.
Quatro outros edis poderão renunciar aos mandatos nos próximos dias. Trata-se de Pio Matos, de Quelimane; Sadique Yacub, de Pemba; Jorge Macuácua, de Chókwè; e Alberto Chicuamba, da Vila da Manhiça.
Pela primeira vez na República de Moçambique, um edil renuncia ao seu cargo. Trata-se do presidente do município de Cuamba, Arnaldo Maloa, que ontem confirmou ter apresentado uma carta à Assembleia Municipal, no passado dia 1 de Agosto, na qual renuncia ao cargo de edil daquela que é a mais “vibrante” cidade da província do Niassa.
Ao que “O País” apurou, o “convite” para apresentação de cartas de renúncia foi feito pela direcção central do partido Frelimo, na sequência de denúncias das estruturas locais contra os edis de Cuamba, Pemba, Chókwè, Quelimane e Manhiça.
As estruturas de base do partido acusam os referidos edis de protagonizarem uma gestão danosa dos fundos, para além de, reiteradamente, ignorarem as decisões e recomendações do partido a nível local.
Aliás, sabe-se que aos convites à renúncia, segue-se o relatório de uma equipa mandatada pela Comissão Política aos referidos municípios para aferir a veracidade dos factos relatados.
Para evitar uma humilhação e um possível aproveitamento político por parte da oposição, a Frelimo, ao invés de esperar por uma sindicância do governo, que podia culminar com uma eventual perda de mandato, o partido terá “aconselhado” os autarcas a escreverem cartas de renúncia e submetê-las à Assembleia Municipal respectiva.
Com efeito, Arnaldo Maloa foi o primeiro a acatar a recomendação e, no passado dia 1 de Agosto, submeteu a respectiva carta de renúncia à Assembleia Municipal de Cuamba, alegando motivos de força maior mais concretamente a necessidade de dar continuidade aos estudos, em virtude de ter tido acesso a uma oportunidade única e inadiável.
“Deve-se a uma situação profissional poderosa. Ganhei uma bolsa para estudar e a lei orgânica prevê que quando é assim, normalmente, o edil tem que fazer a interrupção e colocar à disposição o cargo”, disse Maloa quando contactado pelo “O País” para explicar as razões de fundo que o levam a abandonar o Município de Cuamba, ao qual jurou dedicar as suas forças durante cinco anos.
Sadique acusa partido
Ainda na zona Norte do país, mas desta feita da província de Cabo Delgado, um outro edil terá recebido o convite de renúncia ao cargo.
Trata-se de Sadique Yacub, edil da cidade de Pemba. A sua relação azeda com o partido Frelimo a nível da cidade e província chegou a transbordar para as páginas dos jornais.
Em entrevista ao nosso jornal do dia 26 de Fevereiro do ano passado, este edil acusou claramente os “camaradas” de lhe fazerem vida negra. Disse estar a ser alvo de uma campanha de perseguição orquestrada pelos seus companheiros de partido, alegadamente, por estar a fazer cumprir a lei de terras no concernente à atribuição dos Títulos de Uso e Aproveitamento de Terras.
«O País»
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