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VOA News: África

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Editorial: Preocupações de quem gostaria de ter razões para ser optimista


“Os políticos e as fraldas têm de ser mudados com alguma regularidade, pela mesma razão.” – Eça de Queiroz (1845-1900)

“Eu não sou pessimista. Sou antes um optimista quando vejo uma luzinha no fundo do túnel. O problema é que não vejo luzinha nenhuma” – Henrique Medina Carreira, economista, socialista e ex-ministro das Finanças de Portugal

Maputo (Canalmoz) - O Banco de Moçambique, realmente, depois de vários anos a mostrar um performance fora de vulgar entre nós, com uma equipa coerente e convincente, deixou cair tudo por terra. Anda realmente perdido e a confundir as coisas. Está sem norte. Só lhe resta o mérito de insistir nas asneiras. Dá-nos, enfim, esperança de que não tardará a ir ao fundo com a “pedra” que acaba de meter no seu próprio pescoço depois de ter metido água com fartura e ter mentido com ainda mais descaramento perante jornalistas e empresários que agora começam a perceber melhor a nova ‘cesta básica’ com que continuam a querer levar-nos para o precipício.
O que se está a passar com as contas em moeda externa em que muitos depositaram as suas economias, está a fazer crescer uma onda de “revolta” tal, que só mesmo autistas se recusam a ouvir.
Os dólares, randes, euros que muitos pensaram que guardados em bancos em Moçambique estariam em boas mãos, afinal estavam para serem autenticamente “roubados”, tal a palavra mais corrente que se ouve quando o tema é abordado.
Pessoas que pensaram que podiam guardar as suas economias em Moçambique acabam de começar a perceber que é melhor voltar-se a guardar dinheiro no colchão. O sistema bancário, por culpa do Governo e do Banco de Moçambique, está a perder a credibilidade.
E empresas que pensavam que nos bancos em Moçambique o grosso das suas reservas está bem guardado, começam a acreditar que se enganaram mais uma vez. Muito provavelmente passarão a restringir as suas operações ao essencial, com todas as consequências nefastas que isso acarreta ao País.
O levantamento dos dólares, euros e randes, que muitos depositaram em Moçambique convencidos que estavam a lidar com gente responsável e honesta, agora está a ser-lhes negado com ordens do Banco Central, como nos garantem fontes autorizadas de vários bancos comerciais e em peça que publicamos nesta edição o próprio Banco de Moçambique confirma.
Obriga o BM a que só se paguem Meticais mesmo sendo cheques sobre contas em moeda externa e com saldos criados antes mesmo de entrar em vigor o Regulamento da Lei Cambial. Compreender-se-ia que isso se fizesse sobre valores depositados à posterior, mas não. É um autêntico assalto.
Os bancos só pagam agora na moeda externa da conta quando o titular declarar expressamente que vai viajar. E quando vão mesmo viajar geralmente não há dinheiro na moeda da conta para pagar. Se isto não é um roubo, o que é? Voltamos a perguntar…
O que estão a fazer é a mesma coisa que um cidadão comprar um Ferrari, pô-lo na garagem e chegar lá um dia o senhor fulano de tal a dizer que é do Poder, tem poder, pelo que pode levá-lo deixando em seu lugar dois triciclos, ou três “tchovas” ou um “txopela”, alegando que andam na mesma, valem a mesma coisa porque ele é que sabe, porque ele tem poder para fazer o preço e até para dizer: agora levas gato em vez de coelho.
A ideia no mundo, de se estabelecer limites aos levantamentos, vem da Itália, no âmbito das operações “mãos limpas”, ou seja, quando se combatiam as máfias.
Com as medidas que acaba de tomar, colocando todos os cidadãos no mesmo saco, sem critérios diferenciados, o Governo do País e o Governo do Banco de Moçambique estão a insultar-nos a todos e a violar o princípio da presunção da inocência, tratando por igual todos como se fossem mafiosos.
O Governo de Armando Guebuza e o Governo do Banco de Moçambique estão a considerar-nos a todos como mafiosos. Uma falta de respeito sem precedentes.
Enquanto isso quem vai ficando com os dólares, euros e randes dos cidadãos que acreditaram que sempre que pusessem o seu dinheiro em bancos, em contas em moedas externas específicas para cada caso, lhes devolveriam na mesma moeda quando as quisessem, valendo elas sempre o mesmo que valem noutras partes do mundo, variando apenas de país para país, enganaram-se, porque apareceram uns senhores que de repente inventam câmbios mediante critérios que ninguém reconhece e toca de nos assaltarem os dólares, os euros, os randes.
Diz o Banco de Moçambique que em cada transacção se pode movimentar cinco mil dólares, mas não pagam em dólares. Obrigam os donos do dinheiro a cambiar para Metical e depois comprarem de novo a moeda externa. Se isto não é roubo, o que é? Saberá o senhor Procurador-Geral da República tipificar? Saberá a PGR agir ou os senhores procuradores e juízes querem que os cidadãos desconfiem que são parte de um cartel?
E quando os donos do dinheiro querem os seus próprios dólares porque vão viajar, os bancos dizem que não têm. Perante isto, o Banco de Moçambique sacode a água do capote e diz que não é nada com ele.
Estão claramente a instabilizar o País, a assaltar quem nunca teria aberto as contas em Moçambique se soubesse que seriam os senhores que se julgam donos do Estado a ordenar “assaltos” desta natureza.
Quem está hoje a ser assaltado desta forma infame se soubesse que o Estado está a ser governado por quem não tem o mínimo respeito pelos cidadãos, certamente que nunca teria posto o seu dinheiro em Moçambique, que se começa a parecer mais com o Zimbabwe de Mugabe, do que com um País de gente honrada.
Estamos a voltar a práticas do tempo da ditadura e da guerra civil em que para se viajar o excelentíssimo “camarada” mais à mão tinha o poder de decidir sobre o que não lhe pertencia. Só deixava levantar quando os senhores do tal “Poder” deixavam alguns dólares no Banco para os donos desses mesmos dólares beneficiarem do seu.
Quando foi estabelecida em Itália a “operação mãos limpas” para escangalhar as Máfias, os casos de operações financeiras suspeitas eram escrutinados e não se tratavam todos os cidadãos por igual. Os casos que aconselhavam cuidados eram tratados sem que se tivesse que ofender inocentes. Além disso a moeda era corrente em todo o mundo sem ter de ser cambiada. E as contas eram todas em moeda forte, com força não apenas de “auto-estima”… Não havia contas em várias moedas…
Aqui como o Governo de Guebuza está a permitir que o Banco de Moçambique se comporte, da maneira como o BM está a obrigar os bancos comerciais a agir, a ideia que fica é de que a Máfia é que nos está a combater a nós e a assaltar-nos.
Há muito que os bancos comerciais não pagam cheques de valores acima de cinco mil dólares americanos, ou seja, de mais de 5 mil USD por operação. Mas sempre pagaram em moeda da conta do cheque. Agora só pagam em meticais e precisamente quando o câmbio que vigora é suspeito por não corresponder a nada que se veja e que possa justificar tanta estabilidade do Metical – antes houvesse!..
E o escândalo é ainda maior quando se obrigam os exportadores a trocar pelo menos 50% da moeda em que exportaram, para meticais, para depois terem de voltar a comprar a mesma moeda que era sua, a um câmbio que também não corresponde à realidade económica do País.
Dizem os iluminados do Banco Central (Leia entrevista nesta edição) que “a apreciação do Metical decorre das condições do mercado, espelhando uma maior disponibilidade de divisas sob forma de investimento em diversos sectores com destaque para a exploração de recursos naturais” e “a apreciação resulta também da maior confiança dos investidores no País e o comportamento volátil do dólar no mercado internacional”. Só que isso é mentira. Mais volátil é o Metical e não houve mais investimento, mais confiança dos investidores. O CPI (Centro de Promoção de Investimentos), acaba de anunciar que os investimentos caíram no primeiro semestre do corrente ano relativamente a igual período de 2010, logo ouve menos confiança no País, precisamente ao contrário da história que o BM nos andam a contar.
Ora isso leva-nos a poder afirmar, com base numa instituição do Estado que se presume credível – o CPI – que os factos são diferentes do que o BM usa para argumentar. O Metical esteve mais fraco quando havia mais investimento. Como é que o BM descalça agora a bota, perante factos?
Estamos indiscutivelmente a ser enganados. O que nos parece é que o desastre da governação já é tão sério que a única alternativa que sobrou foi assaltar as contas das pessoas de boa-fé. Os tais patos à custa de quem alguns enriquecem!...(Canalmoz / Canal de Moçambique)

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