Espero que a tua vida vá bem lá para as bandas do Chiveve. Vou indo menos mal, apenas testemunhando a passagem de mais um aniversário da nossa independência política, arrancada à Portugal, depois dos 10 anos de luta armada e, também, inspirada pela Revolução do Cravos, já lá vão 33 anos.
Nelson dizia que foi uma independência política, porque passados esses 33 anos, pouco se pode dizer no plano de independência da nossa economia. Vivemos, nós a maioria, no limiar de uma pobreza se paralelos e sem saber, afinal, qual é a alternativa a seguir, enquanto um grupo vive a abastânça e ostentação.
Não queria desencantar as causas deste sofrimento dos moçambicanos que continua. Não cabe neste carta. Nem vou agora culpar a guerra que intermeiou estes anos todos, porque isso não nos ajuda em nada. Os camaradas mataram, os outros podem ter feito também. Foram todas mortes. Na morte por acção humana nunca ha' quem mata bem quem mata mal, todos matam. Lembro-me ouvir uma giria popular naqueles dias da guerra: “guerra é guerra”. Foi o que aconteceu. Mas rezemos a Deus que esses machados de guerra não sejam desenterrados outra vez.
O que me aborrece, Nelson, é saber que mesmo aqueles que propriamente lutaram pela nossa independência; ou seja, os antigos combatentes, estão esquecidos e relegados ao esquecimento. Há um ministério sim, mas o que faz? Nada. Aliás, bem disse o general Hama Thay que, de facto, se os jovens de então não consentissem esforços, a independência não seria ganha.
Os jovens, chamados, de agora, não têm o direito aos lugares cimeiros do poder, para a ironia do seu destino. Não sei se Hama estaria a referir-se 'a OJM ou aos jovens no geral. Fiquei ‘burro’, Nelson, pois Hama disse coisas que os jovens de hoje não vão gostar. Entre as palavras que ele vociferou constam a ‘bebedeira’, ‘alheiarem-se em coisas secundárias’ e por aí fora entre os jovens. Nem todos os jovens fazem isso que ele disse! E mais grave do que isso, ele sustenta que os jovens de agora podem até vender este país. Nelson, juro que fiquei boquiaberto!
Afinal, quem vende ou vendeu este país? Faço minhas as tuas legitimas peguntas na Oficina algures. Não sei se a tocar-se nessa ferida a Frelimo está procura da cura para os seus problemas. Condenar os jovens por aquilo que não fizeram é, a meu ver, lisonjeiro da parte do General e da própria Frelimo! Aos camaradas pesa o fardo do mais ignóbil crime de delapidação dos recursos deste país, com braços exteriores.
Podia me alongar mais Nelson, mas quero te deixar na festa qua ainda continua. A festa do pensar nos nossos futuros. Quem sabe se, desta maneira, não estaremos a reflectir de como contradizer a ingrime decida rumo ao ostracismo, e ver 33 anos depois Moçambique de lés-a-lés desenvolvido, de democracia plena e belo.
Saudo-te.
Dedé
Nelson dizia que foi uma independência política, porque passados esses 33 anos, pouco se pode dizer no plano de independência da nossa economia. Vivemos, nós a maioria, no limiar de uma pobreza se paralelos e sem saber, afinal, qual é a alternativa a seguir, enquanto um grupo vive a abastânça e ostentação.
Não queria desencantar as causas deste sofrimento dos moçambicanos que continua. Não cabe neste carta. Nem vou agora culpar a guerra que intermeiou estes anos todos, porque isso não nos ajuda em nada. Os camaradas mataram, os outros podem ter feito também. Foram todas mortes. Na morte por acção humana nunca ha' quem mata bem quem mata mal, todos matam. Lembro-me ouvir uma giria popular naqueles dias da guerra: “guerra é guerra”. Foi o que aconteceu. Mas rezemos a Deus que esses machados de guerra não sejam desenterrados outra vez.
O que me aborrece, Nelson, é saber que mesmo aqueles que propriamente lutaram pela nossa independência; ou seja, os antigos combatentes, estão esquecidos e relegados ao esquecimento. Há um ministério sim, mas o que faz? Nada. Aliás, bem disse o general Hama Thay que, de facto, se os jovens de então não consentissem esforços, a independência não seria ganha.
Os jovens, chamados, de agora, não têm o direito aos lugares cimeiros do poder, para a ironia do seu destino. Não sei se Hama estaria a referir-se 'a OJM ou aos jovens no geral. Fiquei ‘burro’, Nelson, pois Hama disse coisas que os jovens de hoje não vão gostar. Entre as palavras que ele vociferou constam a ‘bebedeira’, ‘alheiarem-se em coisas secundárias’ e por aí fora entre os jovens. Nem todos os jovens fazem isso que ele disse! E mais grave do que isso, ele sustenta que os jovens de agora podem até vender este país. Nelson, juro que fiquei boquiaberto!
Afinal, quem vende ou vendeu este país? Faço minhas as tuas legitimas peguntas na Oficina algures. Não sei se a tocar-se nessa ferida a Frelimo está procura da cura para os seus problemas. Condenar os jovens por aquilo que não fizeram é, a meu ver, lisonjeiro da parte do General e da própria Frelimo! Aos camaradas pesa o fardo do mais ignóbil crime de delapidação dos recursos deste país, com braços exteriores.
Podia me alongar mais Nelson, mas quero te deixar na festa qua ainda continua. A festa do pensar nos nossos futuros. Quem sabe se, desta maneira, não estaremos a reflectir de como contradizer a ingrime decida rumo ao ostracismo, e ver 33 anos depois Moçambique de lés-a-lés desenvolvido, de democracia plena e belo.
Saudo-te.
Dedé
Foto: National Geographic
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