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VOA News: África

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A propósito da revolta muçulmana

(...) há, neste caso, um grupo de pessoas com interesses inconfessáveis, prisioneiro de pensamentos maniqueistas, que queria servir-se da religião (...), para se vingar do Estado por outras querelas.
Ainda bem que as auto-intituladas sociedades muçulmana, hindú e ismaelita decidiram mudar de posição e não ir adiante com a sua ideia de paralisarem todas as actividades comerciais e sociais. A  tempo, e no limite, prevaleceu a sensatez e evitou-se uma conturbação social indesejável, nesta altura, e facilmente sanável dentro dos mecanismos institucionais existentes.
Sou completamente solidário com a indignação dos muçulmanos pelo facto de o Estado, por via da polícia, não estar a encontrar solução para o problema dos sequestros. Afinal, os cidadãos deste país pagam impostos para as instituições funcionarem e garantirem-lhes segurança, mas todos os dias, somos confrontados com novas notícias de cidadãos sequestrados, é verdade, mas também de muitos outros que são assaltados e molestados; de mulheres exturpadas e mortas; de cidadãos que para chegarem às suas casas precisam de fazer uma verdadeira prova de coragem.
Por tudo isto, é legítimo que as pessoas, todas as pessoas, não apenas os muçulmanos, se indignem contra as instituições do Estado que não fazem o seu papel. Afinal, todos os cidadãos ou grupos de cidadãos, neste país, têm constitucionalmente o direito de expressar livremente o que sentem e, se assim o entenderem, manifestar-se contra qualquer facto que julgarem que é contrário aos seus direitos.
Mas o que não é aceitável é que façam chantagem política ao Estado, ao partido no poder e aos dirigentes deste país, só porque têm mais dinheiro e controlam o comércio; ou porque as vítimas do crime organizado, agora, são de um determinado grupo religioso ou raça. Para mim, os muitos cidadãos vítimas do crime, neste país, têm o mesmo valor, e era desejável que assim fosse para o grupo de muçulmanos que se queria manifestar, a partir de ontem. Só que a ideia que passou foi a de que os muçulmanos só se estão a indignar porque são pessoas do seu meio que estão a ser vítimas, desta vez, e pouco lhes interessam os milhares que, diariamente, sofrem as sevícias dos criminosos e que não fazem parte do seu meio.
É este, a meu ver, o aspecto mais imoral deste assunto. A ideia de que existem cidadãos de primeira classe, poderosos e intocáveis, e uma maioria de segunda, indefesa e sem protecção.  Por isso, é urgente que os mentores desta iniciativa desmistifiquem esta ideia quanto antes, sobretudo agora que ficou claro que não é a maioria dos muçulmanos, hindús e ismaelitas deste país, que pensa desta maneira, como se viu nos últimos dias.
Ficou, pois, evidente que há, neste caso, um grupo de pessoas com interesses inconfessáveis, prisioneiro de pensamentos maniqueistas, que queria servir-se da religião e da força social das comunidades muçulmana, hindú e ismaelita, para se vingar do Estado por outras querelas, que não são para aqui chamadas. Felizmente, a tempo, a lucidez que é característica das lideranças destas comunidades, impediu que acontecesse um acto que ajudaria a despertar sentimentos adormecidos, que não deveríamos estimular, neste país, pelas consequências gravosas, que já criaram em outros lugares.

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