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VOA News: África

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Guebuza insiste na “renovação na continuidade”

 Durante a abertura da VII sessão do CC  

…fala de um Moçambique que quase entrou em colapso, se não fosse a sorte de ter sido e estar a ser dirigido por “uma Frelimo reinventada”

Maputo (Canalmoz) – Arrancou omtem, quinta-feira, na Escola Central do Partido Frelimo, na Matola, a VII sessão ordinária daquela formação política. Deverá decorre até ao próximo domingo, dia 26 de Agosto corrente.
A reunião começou com um equívoco: o hino da Frelimo revolucionária que já não tem nada a ver com a Frelimo actual. É que o hino diz que com a Frelimo “o socialismo triunfará”, enquanto os actuais dirigentes da Frelimo são o exemplo do capitalismo selvagem e anti-ético, onde o Estado é usado para fins empresariais em benefício próprio, e ser dirigente passou a ser sinónimo de ser empresário.

Colapso não fosse a Frelimo

O presidente do partido Frelimo que é simultaneamente presidente da República, Armando Guebuza, foi quem procedeu à abertura da sessão. No seu discurso disse que Moçambique entraria em colapso depois da independência, “não fosse a sorte de ser dirigido pela Frelimo que se reinventou para superar esse desafio”.
“Aí tivemos que começar de zero e a vida económica e social em Moçambique só não entrou em colapso porque a nossa pátria amada tem a sorte de ser dirigida pela Frelimo que se reinventou para superar esse desafio”, afirmou Armando Guebuza em alusão ao período logo após a independência.

Renovação na continuidade

Num outro desenvolvimento, o presidente da Frelimo insistiu na “renovação na continuidade” defendendo ser um mecanismo de geração de novas estratégias para enfrentar, com sucesso, os desafios da actualidade.
Segundo Armando Guebuza, um dos princípios fundamentais que deve orientar o funcionamento da Frelimo, deve ser o compromisso com o princípio de que a constituição dos órgãos deve ser o de “constante renovação na continuidade”.
Guebuza disse ainda que este princípio representa o renascimento contínuo do “nosso pensamento  e a reinvenção da Frelimo para enfrentar os desafios de cada etapa”.
“O princípio de renovação na continuidade é a fórmula perfeita para combinar duas oportunidades no processo de desenvolvimento: o de injecção de um sangue novo aliado a experiência e maturidade”, referiu o presidente da Frelimo e “candidato natural” à sua própria sucessão no partido apesar de haver fortes correntes internas que não concordam que ele sucede a si mesmo na direcção do partido já que não pode continuar a candidatar-se a presidente da República por força da Constituição da República.
Guebuza justificou que “colocar a questão nestes termos” em que colocou “significa que há aqui ruptura com o passado, porque é justamente a presença do passado que garante a continuidade no presente”.
“É neste processo que se realiza a passagem do testemunho, porque ele não se realizaria com sucesso rompendo com o passado ou vilipendiando os que construíram esse passado, um passado que nutre o presente”, disse o também o presidente do Partido Frelimo na sessão do comité central em curso.
Ele concluiu dizendo que “os membros que fazem parte da continuidade assumem a missão de transmitir a nossa história de muitas vitórias, honras e glórias”.
“O princípio de constante renovação na continuidade permite que experiências geradas no passado sejam valorizadas, criando condições em que todos ganhamos o sentido do que somos e podemos ser a partir do que fomos, do que fizemos e do que queremos fazer”, insistiu Guebuza, dando a entender a sua intenção de querer se manter na liderança do partido.


Candidatos continuam no “segredo dos deuses”

Na verdade, não há ainda anunciados nomes de membros que tenham manifestado o interesse em concorrer ao cargo de presidente da Frelimo junto com Armando Guebuza. Este ponto, porém, não consta da agenda desta VII sessão ordinária do Comité Central.
Membros como o ex-presidente da Assembleia da República e membro da Comissão Política, Eduardo Mulémbwè, defendem que “se a Frelimo quiser continuar a ter maior peso é obrigatório ter dirigentes com clareza”. “A eleição de órgãos e dirigentes é grande e pesada responsabilidade que todos nós (Frelimo) vamos ter, porque se quisermos que a Frelimo continue a ter maior peso, mais presença e sobretudo para que preste melhores serviços na comunidade moçambicana, é necessário e obrigatório que tenhamos quadros e dirigentes com clareza, com visão, com determinação para que efectivamente os nossos desafios sejam transformados em bem-estar”, disse um dia Eduardo Mulémbwè.

Agenda do CC

Consta da agenda do VII sessão do CC que está a ser dirigida por Armando Guebuza, o Relatório do Gabinete Central de Preparação do X Congresso, Relatório do Comité de Verificação do Comité Central, Relatório do CC ao X Congresso, Proposta de Regimento do X Congresso.
Também faz parte da agenda, a Proposta de Revisão dos Estatutos e Programa do Partido, Proposta de Agenda dos Trabalhos do X Congresso, Informe sobre a Directiva de Eleição dos Órgãos Centrais do Partido, para além de diversos. Refira-se que a proposta de revisão dos estatutos do partido é aguardada com muita expectativa, pois poderá trazer mexidas em relação à figura do presidente do partido e do secretário-geral. Mas esse documento está a ser gerido com muito secretismo. (Matias Guente e Bernardo Álvaro)

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