Durante a abertura da VII sessão do CC
…fala
de um Moçambique que quase entrou em colapso, se não fosse a sorte de
ter sido e estar a ser dirigido por “uma Frelimo reinventada”
Maputo
(Canalmoz) – Arrancou omtem, quinta-feira, na Escola Central do Partido
Frelimo, na Matola, a VII sessão ordinária daquela formação política.
Deverá decorre até ao próximo domingo, dia 26 de Agosto corrente.
A
reunião começou com um equívoco: o hino da Frelimo revolucionária que já
não tem nada a ver com a Frelimo actual. É que o hino diz que com a
Frelimo “o socialismo triunfará”, enquanto os actuais dirigentes da
Frelimo são o exemplo do capitalismo selvagem e anti-ético, onde o
Estado é usado para fins empresariais em benefício próprio, e ser
dirigente passou a ser sinónimo de ser empresário.
Colapso não fosse a Frelimo
O
presidente do partido Frelimo que é simultaneamente presidente da
República, Armando Guebuza, foi quem procedeu à abertura da sessão. No
seu discurso disse que Moçambique entraria em colapso depois da
independência, “não fosse a sorte de ser dirigido pela Frelimo que se
reinventou para superar esse desafio”.
“Aí
tivemos que começar de zero e a vida económica e social em Moçambique
só não entrou em colapso porque a nossa pátria amada tem a sorte de ser
dirigida pela Frelimo que se reinventou para superar esse desafio”,
afirmou Armando Guebuza em alusão ao período logo após a independência.
Renovação na continuidade
Num
outro desenvolvimento, o presidente da Frelimo insistiu na “renovação
na continuidade” defendendo ser um mecanismo de geração de novas
estratégias para enfrentar, com sucesso, os desafios da actualidade.
Segundo
Armando Guebuza, um dos princípios fundamentais que deve orientar o
funcionamento da Frelimo, deve ser o compromisso com o princípio de que a
constituição dos órgãos deve ser o de “constante renovação na
continuidade”.
Guebuza
disse ainda que este princípio representa o renascimento contínuo do
“nosso pensamento e a reinvenção da Frelimo para enfrentar os desafios
de cada etapa”.
“O
princípio de renovação na continuidade é a fórmula perfeita para
combinar duas oportunidades no processo de desenvolvimento: o de
injecção de um sangue novo aliado a experiência e maturidade”, referiu o
presidente da Frelimo e “candidato natural” à sua própria sucessão no
partido apesar de haver fortes correntes internas que não concordam que
ele sucede a si mesmo na direcção do partido já que não pode continuar a
candidatar-se a presidente da República por força da Constituição da
República.
Guebuza
justificou que “colocar a questão nestes termos” em que colocou
“significa que há aqui ruptura com o passado, porque é justamente a
presença do passado que garante a continuidade no presente”.
“É
neste processo que se realiza a passagem do testemunho, porque ele não
se realizaria com sucesso rompendo com o passado ou vilipendiando os que
construíram esse passado, um passado que nutre o presente”, disse o
também o presidente do Partido Frelimo na sessão do comité central em
curso.
Ele
concluiu dizendo que “os membros que fazem parte da continuidade
assumem a missão de transmitir a nossa história de muitas vitórias,
honras e glórias”.
“O
princípio de constante renovação na continuidade permite que
experiências geradas no passado sejam valorizadas, criando condições em
que todos ganhamos o sentido do que somos e podemos ser a partir do que
fomos, do que fizemos e do que queremos fazer”, insistiu Guebuza, dando a
entender a sua intenção de querer se manter na liderança do partido.
Candidatos continuam no “segredo dos deuses”
Na
verdade, não há ainda anunciados nomes de membros que tenham
manifestado o interesse em concorrer ao cargo de presidente da Frelimo
junto com Armando Guebuza. Este ponto, porém, não consta da agenda desta
VII sessão ordinária do Comité Central.
Membros
como o ex-presidente da Assembleia da República e membro da Comissão
Política, Eduardo Mulémbwè, defendem que “se a Frelimo quiser continuar a
ter maior peso é obrigatório ter dirigentes com clareza”. “A eleição de
órgãos e dirigentes é grande e pesada responsabilidade que todos nós
(Frelimo) vamos ter, porque se quisermos que a Frelimo continue a ter
maior peso, mais presença e sobretudo para que preste melhores serviços
na comunidade moçambicana, é necessário e obrigatório que tenhamos
quadros e dirigentes com clareza, com visão, com determinação para que
efectivamente os nossos desafios sejam transformados em bem-estar”,
disse um dia Eduardo Mulémbwè.
Agenda do CC
Consta
da agenda do VII sessão do CC que está a ser dirigida por Armando
Guebuza, o Relatório do Gabinete Central de Preparação do X Congresso,
Relatório do Comité de Verificação do Comité Central, Relatório do CC ao
X Congresso, Proposta de Regimento do X Congresso.
Também
faz parte da agenda, a Proposta de Revisão dos Estatutos e Programa do
Partido, Proposta de Agenda dos Trabalhos do X Congresso, Informe sobre a
Directiva de Eleição dos Órgãos Centrais do Partido, para além de
diversos. Refira-se que a proposta de revisão dos estatutos do partido é
aguardada com muita expectativa, pois poderá trazer mexidas em relação à
figura do presidente do partido e do secretário-geral. Mas esse
documento está a ser gerido com muito secretismo. (Matias Guente e Bernardo Álvaro)
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