Grande entrevista ao professor António Francisco
“Em Maputo, a voz popular diz que a Assembleia da
República é a “escolinha do barulho”. Em Quelimane, fiquei com a
sensação que as universidades são verdadeiras escolinhas do silêncio,
pois o debate académico e estudantil é inexistente. Isto é pena.”
“Num ambiente em que apenas uma elite com poder político
pode aspirar a participar no banquete do ambiente de negócios,
eventualmente surgirão processos de descontentamento e insubordinação.”
“Se aqui o partido Frelimo conseguir dispensar os
doadores, não só do Orçamento do Estado mas do financiamento aos
principais sectores sociais, mais arrogante ficará. Por enquanto ainda
têm que agir com calma, mas também não precisam de muita, pois os
doadores ajudam no fingimento da alegada democratização e à
descentralização. Acaba-se por ficar na intolerância, e na subjugação da
cidadania a um partido.”
No nosso caso, podemos pensar que um dia seremos surpreendidos por uma insubordinação por via das Forças Armadas? – “E porque não? Um regime político tão centralizado, centralizador e dirigista; este presidencialismo absolutista, a longo prazo convida a golpes ou mudanças radicais, como foi a independência. Para se evitar tais mudanças precisamos de mudar o sistema político, principalmente o sistema de Governo, sistema eleitoral, criar um regime de efectiva independência de poderes.”
“A democracia funciona de forma inversamente proporcional
à evolução do preço internacional do petróleo. Quanto mais cresce o
preço do petróleo, mais reduz a democracia.”
“Nós hoje só fazemos eleições para garantir a ajuda dos
doadores e para reconhecimento de Moçambique como uma caricatura de
democracia representativa.” Leia mais
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