Maputo (Canalmoz) – Uma mãe residente no bairro Intaka, município da Matola, mandou torturar o seu filho de 11 anos de idade, no posto policial que funciona junto do Mercado 7 de Abril, alegadamente por ter furtado mil meticais em casa. Os vendedores daquele mercado, apercebendo-se das torturas a que o menor estava sujeito, que incluíam limpeza em casas de banho com dejectos humanos espalhados pelos sanitários e ameaças com recurso a arma de fogo do tipo AKM, revoltaram-se contra o comandante do policiamento comunitário local, identificado apenas por Sábado. "Sábado torturou física e psicologicamente o menor usando uma arma em punho. Queria que ele confessasse o roubo de mil meticais na residência de seus país", disseram os interlocutores do Canalmoz, acrescentando que o referido comandante antes de levar o menor a percorrer os corredores pelas bancas do mercado, o teria obrigado a limpar as casas de banho em situação de saneamento precário naquele mercado. "Ele (Sábado) quando passou da minha banca, estava a apontar uma arma ao menino. Perguntei o que é que havia acontecido e me respondeu que o menor roubou mil meticais na casa dos pais", contou-nos uma vendedeira visivelmente chocada com a situação. Os vendedores aproveitaram a ocasião para manifestar o seu repúdio em relação às atitudes do tal comandante, tendo afirmado que naquele mercado ele tem usado a arma em sua posse, como se fosse um simples brinquedo, para chantagear as pessoas. "Às quintas-feiras, dia agendado para fazer limpeza no mercado, ele às vezes usa a arma para intimidar os vendedores faltosos nestas actividades", disse um dos vendedores do mercado 7 de Abril na Matola. Uma outra vendedeira disse-nos que o menor antes de passar por tal tortura teria sido espancado pela própria mãe, exigindo que confessasse o roubo. Uma vez não tendo conseguido fazer o rapaz confessar, optou por levá-lo ao posto policial que funciona naquele mercado, alegadamente para as autoridades o educarem. A tortura, segundo nos foi contado, aconteceu publicamente, perante o olhar impávido e sereno das pessoas que iam passando, tal como tem sido hábito quando alguém é agredido. Ninguém se aproxima para saber o que se passa. Ademais, os nossos interlocutores afirmaram que o chefe da polícia comunitária torturou o petiz de tal forma que não suportando mais as dores optou por indicar onde tinha escondido o dinheiro. Sábado justifica-se O acusado de torturar o rapaz em causa, quando contacto pela nossa reportagem, disse que a mãe da vítima teria pedido a intervenção das autoridades policiais para fazerem tudo que estivesse ao seu alcance para que o miúdo confessasse o roubo. Nesse sentido, pôs o miúdo a fazer tudo o que os vendedores relataram, mas como forma de o intimidar numa tentativa para que viesse a indicar o paradeiro do suposto dinheiro. "O miúdo acabou dizendo onde tinha escondido o dinheiro. Ele disse que queria ir a uma festa com um amigo no fim-de-semana", assim se defendeu o senhor Sábado. Outro assunto reportado pelos vendedores está relacionado com roubos e assaltos durante a calada da noite. No mesmo contexto, contaram-nos que há dias um cidadão reformado dos Caminhos de Ferro de Moçambique teria sido espancado a 600 metros da sua própria residência. Os malfeitores se apoderam de seus bens numa situação em que os membros do policiamento comunitário andam a tratar de assuntos alheios à vontade da comunidade, como referem fontes locais. (Cláudio Saúte) |
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