A RENAMO e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), maiores partidos da oposição, mostraram-se hoje cépticos quanto aos ganhos da descoberta de petróleo, mas a FRELIMO, no poder, considerou "grande oportunidade" para tirar o país da pobreza.
A ANADARKO Petroleum Cop, uma companhia norte-americana com sede no Texas, anunciou a descoberta de petróleo na Bacia do Rovuma, norte de Moçambique, mas ainda não sabe se existe em quantidades comercializáveis.
A confirmação foi feita pela ministra dos Recursos Minerais de Moçambique, Esperança Bias, que explicou aos jornalistas que a presença de petróleo associada ao gás naquela bacia foi detectada a uma profundidade de 5100 metros. Além disso, é a primeira vez que se descobre petróleo "off shore" na África Oriental.
Os porta-vozes da RENAMO, do MDM e da FRELIMO divergiram em relação aos benefícios que o petróleo em quantidades comercializáveis poderia trazer para Moçambique.
O porta-voz da RENAMO, maior força política das oposição moçambicana, Fernando Mazanga, disse estar "receoso" por achar que as eventuais receitas do petróleo beneficiariam "uma oligarquia da FRELIMO", enquanto o resto "dos moçambicanos continuaria a sofrer".
"Não é por falta de potencialidade que o país está neste estado de pobreza, mas sim por falta de um bom governo", pelo que "estamos um tanto ou quanto receosos porque a FRELIMO pensa que as riquezas do país são suas", comentou Fernando Mazanga.
Diversos estudos mostram que alguns Estados do continente africano com recursos petrolíferos passaram por situações de desestabilização política e militar decorrente da descoberta do petróleo.
"A haver conflito seria entre eles (membros da FRELIMO), porque lá (no seio do partido) não há uniformidade de pensamentos quando se trata de partilhar recursos", acusou Fernando Mazanga.
Também o porta-voz do MDM, terceira força política da oposição no país, José Manuel de Sousa, se manifestou "receoso" com o anúncio da existência de petróleo em Moçambique.
"Não gostaríamos que o petróleo aparecesse para criar desestabilização e mais corrupção no país", até porque "é preciso haver clareza quando há uma riqueza a explorar", disse José Manuel de Sousa.
Contudo, o porta-voz do MDM afirmou ser "pouco provável" que o país enfrente um conflito resultante da gestão do petróleo, porque "o homem moçambicano consegue fazer perdurar a paz" alcançada em 1992.
Por seu turno, o porta-voz da FRELIMO, Edson Macuacua, disse estar "optimista" quanto ao futuro, porque a existência de petróleo em quantidades comercializáveis constituiria uma "grande oportunidade" para que o país melhorasse a balança de pagamentos.
"É uma janela de esperança que se abre e vai ter um grande impacto nos esforços do combate à pobreza em Moçambique", afirmou, adiantando que a existência de petróleo iria "melhorar a qualidade de vida dos moçambicanos, sobretudo numa altura em que o preço do crude (no mercado internacional) tem tido reflexos no país".
O porta-voz da FRELIMO reconheceu, no entanto, a necessidade de se "encontrar uma fórmula de traduzir os ganhos do petróleo na melhoria de vida dos moçambicanos", mas "exclui por completo" a possibilidade de retorno à guerra devido à descoberta de petróleo.
"É preciso que, além da existência do recurso, haja outros factores para a eclosão de uma guerra. Os moçambicanos conhecem o valor da paz e o custo da guerra", afirmou Edson Macuacua.
NOTA: A STV no seu habitual telejornal da noite citou fonte que dao conta de existência de cerca de 2 biliões de barris de crude na bacia do Rio Rovuma
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(MiradourOnline)
"MOCAMBIQUE PARA TODOS,,
VOA News: África
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