Maputo (Canalmoz) – A actual subida de preços de quase todos os produtos de necessidade básica não é apenas reflexo da desvalorização do metical face às principais moedas de transacção na economia nacional, é também resultado da falta de acompanhamento das leis de mercado, considera o economista e ex-ministro da Administração Estatal, José Chichava. Chichava diz que durante muito tempo não houve um acompanhamento de mercado e o ajuste de preços não aconteceu quando era necessário. Por isso, com a recente situação, o ajuste está a ocorrer de forma brusca para compensar o período em que o mesmo não sucedeu. "Não podemos passar um ou dois anos sem mexer com alguns preços de produtos de primeira necessidade, para depois, num outro ano, aparecermos com subidas acima de 10 porcento, por exemplo. Isso não está correcto", disse aquele economista, que defende o acompanhamento da lógica económica. O nosso interlocutor refere-se ao que, por exemplo, sucedeu com os combustíveis: durante o ano passado, enquanto no mercado internacional o preço subia, em Moçambique, o Governo enveredava pelos subsídios e mantinha os preços. Quando houve necessidade de reajuste, as subidas do preço desse produto foram sistemáticas. Entretanto, Chichava, atento à actual situação, chama atenção à violência que caracteriza uma economia de mercado, sobretudo no aspecto da concorrência. O recomendável, segundo disse, é estar-se preparado para os embates e o Governo deve exercer o seu papel de regulador. "O Governo tem de aumentar a sua capacidade de fiscalização. É preciso que a inspecção económica vá ao terreno porque esta coisa de aumento de preços gera oportunismo", disse. Na sua opinião, a solução para casos como os que agora caracterizam o negócio nos diversos mercados moçambicanos, é o aumento da produção. "Quando produzirmos mais e importarmos menos, ganharemos divisas e estabilizamos a moeda. A economia é dinâmica. Numa situação dessas, há fenómenos que podem ficar fora do controlo e há que redobrar esforços para diminuir o impacto do embate". Segundo Chichava, se os cidadãos vivessem no campo e a produzir, dariam um grande contributo à economia, pois deixariam de exercer pressão sobre os produtos importados. E quando diminui a pressão sobre estes produtos, automaticamente, há redução de importações, e estas seriam para o fundamental. E mais: "quando o pouco que se produz no campo serve para resolver o problema da fome, pressiona-se a economia do país. Os poucos fundos que o Estado tem são usados para importar bens de primeira necessidade", concluiu. (Matias Guente) |
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