"MOCAMBIQUE PARA TODOS,,

VOA News: África

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Município da Ilha de Moçambique: Crise de água atinge níveis dramáticos

Ilha_falta_agua OS habitantes do Município da Ilha de Moçambique, na província de Nampula, estão a viver a pior crise de água dos últimos tempos, devido essencialmente à obsolescência do sistema de abastecimento, não conseguindo deste modo satisfazer as necessidades dos moradores, numa região em que a maior parte das fontes alternativas - poços e furos - só dá água salobra. As autoridades locais dizem que a solução do problema passa pela reabilitação e redimensionamento da rede, assim como da abertura de mais fontes de água nas zonas onde o problema se faz sentir com acuidade.
Maputo, Terça-Feira, 3 de Agosto de 2010:: Notícias

O Município da Ilha de Moçambique é composto pela parte insular e outra continental, esta que se localiza junto à costa. A nossa Reportagem trabalhou recentemente naquele ponto do país e teve a oportunidade de ver de perto, quão é dramática a realidade, particularmente na parte insular. O que está a acontecer é que a água tornou-se uma raridade naquele município e a sua obtenção passa por uma grande "ginástica".

 

Alguns moradores, tanto da zona insular como continental, disseram à nossa Reportagem não acreditar que o problema da falta de água na cidade, que tem vindo a se acentuar nos últimos tempos, possa ser resolvido a breve trecho, tendo em conta que se arrasta há bastante tempo e muitas promessas foram feitas.

Dada a crise, uma lata de 20 litros de água chega a custar cinco meticais, valor que os residentes consideram extremamente elevado, numa zona onde a pobreza afecta a maior parte dos 45 mil habitantes que todos os dias precisam, obviamente, daquele recurso hídrico.

"O problema da falta de água na cidade da Ilha de Moçambique é muito preocupante. Por exemplo, aqui neste bairro de Marangonha é normal ficar 11 a 12 dias sem água a jorrar nas torneiras. Por outro lado, os poços existentes ou estão secos ou a água que delas sai é salobra e nalguns casos imprópria, pois não tem havido limpeza nestas fontes alternativas. Isto é triste, sem água não há vida", disse visivelmente transtornado Izak Momade, um dos moradores afectados pela situação.  

Num outro desenvolvimento, o nosso interlocutor apelou às autoridades municipais para que façam algo de forma a que os habitantes do Município da Ilha de Moçambique, declarada património cultural da humanidade pela UNESCO, deixem de sofrer, investindo na reabilitação e redimensionamento do actual sistema obsoleto.

Ana Mussa, outra residente do Município da Ilha de Moçambique, mais precisamente no bairro de Litini, secundou as palavras de Momade e, desesperada, aponta o dedo acusador às autoridades. Diz estar convicta de que não há vontade para resolver definitivamente a crise de água na Ilha de Moçambique.

Ela entende que a solução do problema requer grandes investimentos para a reabilitação do sistema bem como a abertura de furos alternativos, mas pensa que alguma coisa pode ser feito para minimizar o problema. 

Na zona de Sauio, bairro de Jembessi, já na parte continental, existe um furo, o único, que tem servido de alternativa. Fátima José, uma mulher residente na área, não sente o drama de água, mas diz ser bastante triste ver mulheres vindas de zonas distantes a fazer grandes distâncias à procura de água.

"Muitas pessoas, sobretudo mulheres, vêm de muito longe para buscar água aqui, por isso assiste-se a um espectáculo todos os dias. Gente de todas as idades andando de um lado para o outro, acotovelando-se na tentativa de conseguir o mínimo. É confrangedor presenciar esse cenário", frisou.

De acordo com Omar Amade, trabalhador das bombas dos Serviços de Águas na cidade da Ilha de Moçambique, a crise de água no município é simplesmente grave, uma vez que neste momento, não tem sido possível encher os dois principais tanques de bombagem daquela precioso líquido.

Para além do estado avançado de degradação da tubagem do sistema, o que provoca perdas ao longo da conduta, chegando pouca água à cidade, o outro problema tem a ver com o facto de a principal conduta adutora estar ligada a outros tubos de canalização de novos clientes da zona continental, o que pressiona o sistema, concebido para um número de consumidores inferior ao actual.

"A crise de água é séria na Ilha de Moçambique. As pessoas acabam muitos dias sem conseguir este líquido, que não chega a muita gente. A ilha não recebe água, o problema vem também de lá da estacão de captação que não consegue abastecer a cidade", disse Amade.

Um outro trabalhador daqueles serviços, que preferiu falar na condição de anonimato, disse, em conversa com a nossa Reportagem, que o problema da falta acentuada de água no município exige de quem de direito, uma análise responsável, séria e sobretudo de sentimento para com as pessoas que neste momento estão a sofrer.

A ÁGUA DOS POÇOS É SALOBRA

Maputo, Terça-Feira, 3 de Agosto de 2010:: Notícias

O SUPERVISOR dos poços no Conselho Municipal da cidade da Ilha de Moçambique, Alfane Abudo, afirmou que por mais esforços que possam ser empreendidos na abertura e construção de fontes de água, como poços e furos, as pessoas continuarão a não ter água que precisam devido ao facto de esta ser salobra na parte insular.

Na zona continental existem 33 poços, mas segundo as estatísticas do sector de supervisão da edilidade, a maior parte destes não têm água de momento porque são periódicos, enquanto que noutros, as fontes secaram.

Mas há alguns que conseguem conservar o líquido durante muito tempo. É o caso do furo da área de Soio, que abastece muitas comunidades do bairro Jembessi, embora algumas delas precisem de permanecer horas a fio nas filas à espera da sua vez para conseguir água ou então sujeitar-se às longas distâncias para alcançar aquele furo.

Num outro desenvolvimento, Alfane Abudo referiu que nas zonas onde os poços secaram ou não existem, a população recorre à abertura de poços tradicionais, mas a água que dali sai é imprópria para o consumo humano.

E para desencorajar as pessoas a não consumir água imprópria, as autoridades municipais promovem acções de sensibilização sobre o perigo que a mesma representa para a saúde pública.

"Há zonas em que as populações decidem não tirar água num poço durante dois ou três dias, na perspectiva de que o poço conserve dentro desse período uma quantidade suficiente de água, mas por incrível que pareça, depois desse tempo só conseguem uma a duas latas. Isto demonstra quão é séria a falta de água no Município da Ilha de Moçambique", realça Alfane Abudo.

O supervisor de poços naquele município acrescentou que para além da degradação do sistema de abastecimento de água bem como a qualidade deste recurso na maior parte dos poços, outro factor que faz com que a ilha tenha falta de água, é o aumento do número de pessoas que vivem tanto na parte continental como insular do município.

Ilha de Moçambique
Ilha de Moçambique

REABILITAR E REDIMENSIONAR A REDE

Maputo, Terça-Feira, 3 de Agosto de 2010:: Notícias

ABDUL Atumane, vereador de Infra-estruturas e Urbanização no Conselho Municipal da cidade da Ilha de Moçambique, diz que a solução passa pela reabilitação e redimensionamento do actual sistema de abastecimento, com vista a capacitá-lo para responder à demanda de consumidores.

Segundo o nosso entrevistado, em tempos, havia instituições baseadas naquela cidade, que dispunham de grandes cisternas, o que minimizava a falta de água, pois serviam igualmente aos residentes. Hoje, essas unidades encontram-se avariadas, tal é o caso do hospital local, onde muita gente ia buscar aquele precioso líquido todos os dias. 

Conforme aquele vereador, o que acontece é que a conduta adutora está em estado avançado de obsolescência, precisando de uma reabilitação total, após a última parcial feita em l994. Então, os pontos onde não houve intervenções são os que agora estão a criar grandes problemas. E também as condutas secundárias assim como terciárias se encontram degradadas e estão a permitir a perda de água.

"Portanto, o que devo sublinhar é que o sistema se encontra bastante obsoleto, não ajuda. A cidade da Ilha de Moçambique deve ser aquela que apresenta grandes problemas de carência de água na província de Nampula, exigindo uma intervenção", anotou a fonte.

Questionado se existe alguma perspectiva para a reabilitação do sistema, a breve trecho, o nosso interlocutor limitou-se a dizer que houve sempre promessas para o efeito, só que elas nunca foram concretizadas. A ilha está à espera de qualquer investimento que vier para reabilitar o sistema.

O que agrava ainda a falta de água na parte insular da cidade, segundo o vereador de Infra-estruturas e Urbanização, é o facto de a principal conduta adutora, que parte da zona continental, estar a abastecer a novos clientes, ligações ou derivações essas não previstas no projecto inicial.

Na óptica de alguns entendidos na matéria, os serviços de água da Ilha não deveriam ter começado a canalizar a água para a parte continental sem reabilitar e redimensionar o sistema. Mas mesmo assim, o cenário que se vive nas duas zonas, relacionado com a falta de água, é quase o mesmo.

A estação de captação de água da Ilha de Moçambique localiza-se há sensivelmente 20 quilómetros da cidade. Antes de ficar obsoleto tinha a capacidade de armazenar e bombear durante 24 horas, 160 mil litros de água, o suficiente para abastecer perto de 90 porcento dos residentes. No actual estado de conservação em que se encontra, nem 50 porcento faz.

  • Mouzinho de Albuquerque


--
(MiradourOnline)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Angola24Horas

Últimas da blogosfera

World news: Mozambique | guardian.co.uk

Frase motivacionais

Ronda noticiosa

Cotonete Records

Cotonete Records
Maputo-based group

Livros e manuais

http://www.scribd.com/doc/39479843/Schaum-Descriptive-Geometry