-- Nova direcção do BCI-Fomento toma posse a 10 de Agosto
-- Magid Osman sondado para gerir Barclays Moçambique
-- FNB pagou USD18,5 milhões ao BDC de Hermenegildo Gamito
-- Novos bancos esperam licenças do Banco de Moçambique
Uma onda de compra e venda de acções, movimentações de quadros e investidas dos inspectores do Ministério de Trabalho tem vindo a agitar o mercado bancário moçambicano nas últimas semanas.
Depois da compra dos 62 % das acções de Montepio Geral de Portugal no Banco de Desenvolvimento e Comércio (BDC) pelo First National Bank (FNB), aguarda-se a todo momento o “transbordar do copo” na SOCREMO, um dos “grandes” na microfinança.
Os potenciais novos investidores no Banco Mercantil e de Investimento (BMI), a atribuição de licenças a dois novos projectos bancários, nomeadamente, o Banco Terra, instituição financeira virada para o desenvolvimento, e o Moza Banco, uma nova casa de investimentos nacional são outras movimentações que deverão ocorrer nas próximas semanas.
Ao nível de quadros na banca há a registar movimentações de vulto no circuito BCI-Fomento/Banco Austral/BDC.
Torrão Alves (BDC), João Jorge (Banco Austral), Magid Osman e outros importantes quadros do BCI-Fomento destacam-se entre os quadros que vão ocupar novas posições nas próximas semanas.
A entrada do FNB
Esta terça-feira, o banco mais velho da África do Sul adquiriu 80 porcento das acções no BDC, anteriormente repartidas pelo grupo português Montepio Geral, com 62 porcento, e outros 18 porcento distribuídos pelos restantes accionistas, incluindo um consórcio liderado pelos frelimistas Alberto Chipande e Hermenegildo Gamito.
Segundo apurámos, o negócio movimentou 18,5 milhões de dólares. O director executivo (CEO) vai ser indicado pelo FNB (First National Bank), um banco com mais de 25 biliões de dólares em activos e uma impressionante rede de retalho na África do Sul e em todos os países do acordo aduaneiro da África Austral(SACTU).
A sociedade comercial GCP de Hermenegildo Gamito, que ficará com uma participação de 10%, vai indicar o PCA, sem poderes executivos. Gamito vai permanecer no cargo. O Banco Português de Negócios (BPN), através do seu ramo de investimentos Efisa de Karim Vakyl (originariamente de Moçambique), detém os restantes 10%.
Contudo, segundo apurou o SAVANA, o Efisa está igualmente vendedor da sua posição no BDC não tendo participado na cerimónia formal que assinalou a transacção do banco num dos hotéis da capital moçambicana.
Fundado em 1838 na cidade universitária de Grahamstown (Cabo Oriental), o FNB é o terceiro banco sul-africano a controlar directamente o sistema financeiro moçambicano, depois da entrada do Standard Bank, no ex-Banco Standard Totta e do Grupo ABSA (agora Barclays Bank) no Banco Austral.
O FNB esteve inicialmente interessado na compra das acções do Governo (23,13%) no Millennium bim detido em 66,67 porcento pelo maior banco comercial português, o Millennium bcp. Houve igualmente contactos exploratórios com o BCP quando o maior banco privado português tinha a sua estratégia virada para a aquisição de um banco na Roménia.
Segundo analistas económicos, estas aquisições inserem-se numa estratégia de conquista de quota de mercado africano pelas grandes empresas da África do Sul, que consideram serem boas oportunidades de lucro e onde entendem possuir uma vantagem competitiva face a terceiros tendo em vista o começo da liberalização de fronteiras no espaço SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) a partir de 2008.
A participação do Montepio Geral no BDC foi alvo de duas ofertas anteriores à entrada do FNB. Uma das iniciativas pertenceu ao grupo formado pela Geocapital de Stanley Ho e a Moçambique Capitais de Prakash Ratilal. A segunda investida foi da INSITEC de Celso Correia que acabou por concretizar a entrada na banca através do BCI Fomento.
O BDC é um banco da “divisão secundária” que se tornou rentável com a entrada na sua carteira de clientes de grupos como a Delta Trading e a Africom.
Mexidas na SOCREMO
A SOCREMO, um banco vocacionado em microfinanças, está em reboliço devido a conflitos entre accionistas.
Fazem parte da actual estrutura accionista da SOCREMO, o banco alemão KFW (16%), a LFS(8%), a Access Holding(11%) a instituição suíça SECO(14%), a AFRICAP (14%), o GAPI (11%), o Conselho Cristão de Moçambique-CCM (1%), a União Geral de Cooperativas (2%). 18% do capital estavam sob controlo do Estado.
Apesar de multiplicados desmentidos dos actuais gestores da SOCREMO, com destaque para Bernd Zattler, director Executivo, há indicações de que o banco está à venda por USD13,31.
Accionistas como o GAPI, a SECO, a AFRICAP, o CCM e a UGC preparam-se para bater com a porta tendo colocado em cima da mesa uma proposta de venda de 46% da sociedade.
O director geral da SOCREMO, Rui Sebert, foi “convidado a sair”, por razões até aqui desconhecidas e já foi nomeado um director geral interino, Martin Rohler, que até 2006 exerceu as funções de director geral-adjunto. Bernd Zattler, executivo da SOCREMO, garantiu ao SAVANA que o International Finance Corporation (IFC ), um dos braços do Banco Mundial, iria comprar 18% que pertenciam ao Estado moçambicano, e que, em Setembro de 2006, foram vendidos à SOCREMO, num negócio cujo montante rondou os 700 mil dólares. Fontes internas, embora confirmem o interesse do IFC, afiançaram-nos que o negócio ainda não foi efectivado por prevalecerem profundas diferenças entre os accionistas do banco.
Gigante queniano no BMI?
No BMI, outra das instituições da “divisão secundária” aguarda-se a entrada de um gigante financeiro do Quénia, estando actualmente a firma de consultoria e auditoria Ernest&Young a terminar a respectiva due dilligence. O BMI está pouco a pouco a tentar ressuscitar das cinzas, depois de uma manifesta gestão calamitosa levada a cabo pelos anteriores gestores e alguns balões de oxigénio fornecidos pelo INSS (Instituto Nacional de Segurança Social).
Nas próximas semanas, o 12º. banco comercial a nascer em Moçambique deverá declarar uma substancial redução dos prejuízos, uma subida exponencial de clientes e uma drástica redução do crédito mal-parado, um verdadeiro cancro na instituição.
O actual capital social do BMI é de USD 9 milhões de dólares. Com a entrada do novo accionista, o capital deverá crescer para cerca de USD15milhões de dólares. Os quenianos deverão ficar com 49 porcento das acções, contra 51 porcento dos moçambicanos.
No exercício económico de 2006, o BMI registou um prejuízo de 12,4 milhões de meticais, uma redução em 2,80 porcento comparativamente a 2005.
Contudo, em 2006, os resultados operacionais cresceram em 167 porcento e o produto bancário registou um incremento de 39 porcento. Sem avançar números, fonte do BMI indicou que o crédito malparado reduziu substancialmente.
Novos bancos
Entretanto, estão na sua rampa final o lançamento de três instituições financeiras que vão nascer a partir do GAPI. Trata-se da Sociedade de Investimentos (SI), a Caixa Postal e o Banco Terra. A Sociedade de Investimentos terá como accionistas de referência a FDC de Graça Machel, a Cruz Vermelha de Moçambique e um grupo de pequenos investidores denominado Cgeste presidido por Luís Bernardo Honwana.
A Caixa Postal será uma instituição destinada a captar pequenas poupanças e terá como accionistas a Mcel, os Correios de Moçambique e a Fundação Malonda do Niassa.
No Banco Terra, um banco de desenvolvimento, entrará a SI, o banco alemão KFW, o holandês Rabobank e os noruegueses do Norfund.
Está também em fase de lançamento o Moza Bank, um banco de investimentos formado pela Geocapital de Stanley Ho e o advogado Almeida Santos e os moçambicanos agrupados em torno da Moçambique Capitais SA liderada por Prakash Ratilal.
Movimentações de quadros
Segundo dados apurados pelo SAVANA, são iminentes movimentações de importantes quadros nos principais bancos comerciais da praça.
João Jorge, um quadro que representava os interesses do Banco Português de Investimentos (BPI) no BCI-Fomento, está de volta, depois de, em Março passado, ter abandonado o banco fundado por Magid Osman para representar o Barclays Bank no Banco Austral.
Jorge, originariamente de Nampula, vai ocupar um dos lugares na Comissão Executiva do “novo” BCI Fomento em representação dos patrões do BPI.
Outro lugar na Comissão Executiva vai ser ocupado por Torrão Alves, quadro que representava os interesses do Montepio Geral no BDC e agora vai representar a Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Da Comissão Executiva deverão fazer parte também Duarte Fonseca e Ibraimo Ibraimo
Magid Osman, o actual PCA do BCI-Fomento, foi sondado indirectamente para vir a liderar o projecto Barclays Moçambique, a nova imagem do sempre problemático Banco Austral.
A acontecer esta mudança, Magid seria acompanhado pelo seu “braço direito”, o engenheiro Arnaldo Lopes Pereira e jovens quadros já contactados por empresas “caça cabeças”(head hunting) contratadas pelo Barclays, o grupo bancário que agora domina o ABSA.
Osman declinou comentar estas informações, mas o SAVANA sabe que o PCA do BCI se manterá leal à sua casa bancária até a realização da assembleia-geral marcada para 10 de Agosto. Só a partir dessa altura poderão ter lugar negociações formais com o Barclays Bank.
Segundo nos foi informado, esta quarta-feira, a SCI, holding de Magid Osman, a INSITEC, liderada pelo jovem empresário Celso Correia, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o BPI rubricaram o acordo final que formaliza a saída da SCI e a entrada do novo grupo moçambicano.
Na engenharia legal e financeira orquestrada para a transacção, a INSITEC comprou as acções detidas pela SCI no banco. Por sua vez, Magid Osman e o seu “núcleo duro” na SCI (que inclui Lopes Pereira e o jurista Abdul Carimo) formaram a sociedade Epsilon Investimentos SA para onde devem reverter as mais-valias apuradas com a transacção do BCI. Na praça estima-se que os accionistas da SCI “vão para casa” com 40 milhões de dólares. Ao que o jornal pôde apurar ao longo dos últimos meses, um dos problemas mais melindrosos da transacção esteve ligado às questões fiscais a onerar ao negócio da venda de acções.
Na anterior estrutura accionista do BCI, a CGD (banco estatal português) detinha 42 porcento, contra 30 porcento do BPI e 28 porcento da SCI.
Na nova estrutura, a CGD detém uma maioria de 51% porcento, o BPI manteve os 30% e o Grupo INSITEC passou a deter 19% através de engenharia financeira largamente financiada pelo parceiro português.
Na AG a realizar a 10 de Agosto tomarão posse os novos gestores do BCI-Fomento. Ibraimo Ibraimo, antigo parceiro chefe da conhecida firma de auditoria Ernest&Young, vai presidir à direcção executiva do banco, contratado pela CGD. Celso Correia, líder do Grupo INSITEC, ocupará a posição de Presidente do Conselho de Administração (PCA), sem poderes executivos.
Tsunami da 24 de Julho ao ataque
Fuga de tugas no BIM?
A inspecção levada a cabo pelo Ministério do Trabalho no maior banco comercial de Moçambique, Millennium bim, está a provocar um mal-estar no banco controlado pelo BCP e outras instituições nacionais detidas por capitais estrangeiros estão com as calças nas mãos.
O Millennium BIM foi a primeira instituição bancária a ser alvo de uma inspecção.
Ao que apurámos, a investida dos inspectores do ministério de Helena Taipo tinha como base suspeitas de violação da Lei do Trabalho, que se resumem na existência de um grande número de estrangeiros ilegais e de políticas salariais racistas. Mas os inspectores do Ministério de Trabalho desmentem esta teoria e falam de uma “inspecção de rotina”.
No final da sexta-feira passada, a Inspecção-Geral de Trabalho já tinha passado vários departamentos da sede e alguns dos 73 balcões espalhados pelo país. O resultado da fiscalização, cuja duração está prevista para terminar hoje, traduziu na suspensão de dois quadros do Millennium bim da área de imagem e marketing por se encontrarem em situação irregular. O banco emprega, actualmente, mais de 1.500 pessoas.
Contudo, fontes internas garantiram esta semana ao SAVANA que pelo menos quatro directores do Millennium bim em situação ilegal abandonaram precipitadamente os seus postos de trabalho, logo que foi anunciada a chegada da Inspecção Geral do Ministério de Trabalho. Segundo as mesmas fontes, os mesmos quadros, que se preparam para regressar na próxima segunda-feira, estão neste momento a trabalharem em casa.
Fonte formal do Millennium bim contactada pelo SAVANA desmentiu esta “fuga” e garantiu que na sua instituição não foi empregado nenhum estrangeiro sem que tenha sido respeitada a legislação laboral e que os dois casos de suspensão resultam de eventuais erros administrativos, cujo processo de resolução já está em curso.
Helena Taipo garantiu que o Millennium bim foi apenas o primeiro banco a ser alvo de uma inspecção. A mesma vai estender-se a todos os bancos a operar em Moçambique. O Millennium bim tem sido alvo de campanhas cíclicas de xenofobia e racismo através de cartas anónimas e textos colocados na internet com nomes falsos.
A imprensa portuguesa especializada está a reagir com alguma apreensão às inspecções desencadeadas nos bancos e ao anúncio que os próximos visados serão as companhias de construção civil lusas baseadas em Moçambique.
Fonte: SAVANA
"MOCAMBIQUE PARA TODOS,,
VOA News: África
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