* Oficialmente, há cinco pessoas feridas, e vários edifícios e residências destruídas* O edifício do Centro Nacional Operativo de Emergência foi atingido por obuses
Os arredores da cidade de Maputo e parte da cidade alta, voltaram a viver ao princípio da manhã de ontem, momentos de pânico, tensão e insegurança. Eram cerca das 07h30, quando da Base Aérea de Mavalane, que compartilha o espaço com o Aeroporto Internacional de Maputo, se fez ouvir um portentoso estrondo, criando alvoroço nas zonas circunvizinhas e deixando ainda apreensiva a população até vários quilómetros para além do local da ocorrência.
[Engenhos explosivos]
Tratava-se de mais uma explosão descontrolada de engenhos militares do Paiol de Mahlazine, desta vez que estavam sendo transportados num camião “para o distrito de Boane”, afim de lá se proceder à sua destruição, como foi referido ao «Canal de Moçambique», embora haja também uma outra versão, esta por confirmar e não oficial, que indica que os mesmos “estavam a ser encaminhados à África do Sul”. Não há ainda informação oficial das causas deste novo episódio desastroso envolvendo artefactos militares. Há no entanto suspeita, apenas isso, de que um dos engenhos, com a deslocação na caixa do camião por deficiente condicionamento, tenha feito detonar um outro e por indução todos os demais explodiram de uma só vez.Contudo, todas as hipóteses estão em aberto e ainda não há conclusões dos peritos. O edifício do Centro Nacional Operativo de Emergência foi atingido. Para além da explosão que de acordo com informação oficial resultou em ferimentos em quatro Polícias Militares e um civil, constam ainda como estragos deste incidente edifícios da própria Base Aérea e residências em bairros civis circunvizinhos, destruídos. Minutos depois da explosão dos engenhos, ainda se podia ver nos céus dos bairros do «Aeroporto», «Mavalane» e «Urbanização», a noroeste, e «Inhagoia» e «Jardim», a sudoeste, uma enorme bola de fumo negra a evoluir no espaço.
Centenas de populares, já traumatizados com este tipo de situações que começam a ter uma estranha regularidade desde que Armando Guebuza entrou no seu segundo ano de governação, procuravam refúgio, em debandada e de forma desordenada receando novas detonações como sucedeu com o Paiol de Mahlazine, em Março do corrente ano depois de uma primeira ocorrência menos grave, em três meses antes, em Janeiro. Cerca de uma hora e meia depois do incidente, de um helicóptero, que nos pareceu ser da força aérea sul-africana, desembarcavam “peritos” em explosivos.
Ministério da Defesa ainda sem explicações
O «Canal de Moçambique» conseguiu obter as primeiras declarações sobre o incidente, de Graça Chongo, Major General que exerce as funções de director nacional da Política Militar no Ministério da Defesa. Disse “não se saber ainda ao certo quais terão sido as causas da explosão dos engenhos” que resultaram em ferimentos em “quatro agentes da Policia Militar e um civil”. “Segundo a informação que tive no momento da minha chegada, os ferimentos que contraíram, não são graves”. Ainda de acordo com Graça Chongo “também não se sabe que tipo de engenhos terão explodido”. “Sabe-se que os estrondos foram fortes e causaram várias destituições não só de algumas casas que estão nos bairros à volta da Base Área mas, também, de algumas infra-estruturas, como é o caso o edifício que pertence ao Centro Nacional Operativo de Emergência”.
Graça Chongo explicou que “o camião que transportava os engenhos vinha de Mahlazine e na Base Área passava a buscar o pessoal que iria proceder à destruição dos mesmos, em Boane”. “O processo é feito logo nas primeiras horas do dia, mas acontece que infelizmente o camião quando fazia as suas manobras para a organização da coluna para o local de destruição, alguma coisa que eu não posso precisar, porque ainda se está a fazer o levantamento das causas, terá originado a explosão”.
Segundo o general Chongo “ainda é prematuro fazer qualquer pronunciamento sobre o terá originado o incidente”. “O melhor é que se fique à espera da divulgação dos resultados do inquérito que está sendo preparado”, disse. Sendo assim, mais uma comissão de inquérito – ainda não formada – à semelhança da que foi criada aquando da segunda explosão do paiol de Mahlazine, em Março do corrente ano, vai ver a luz do dia.
Da vez precedente o presidente da República Armando Guebuza, que é também o chefe do Governo e Comandante-em-chefe das Forças de Defesa e Segurança imiscuiu-se nas competências da Justiça e nomeou para a comissão de inquérito juízes de carreira retirando a possibilidade à cidadania de beneficiar de informação isenta do poder executivo e da entidade prevaricadora. A medida foi na altura muito comentada por peritos de legalidade, porquanto se entendera que as acções levadas a efeito pela comissão então designada eram em qualquer caso da competência da Procuradoria Geral da República.
Opinava-se então que o PR impediu que a Justiça pudesse funcionar com total isenção e duvidou-se das conclusões, ferindo isso a idoneidade dos juízes. Já o coro popular, com um misto de espanto e revolta, agora só fala que este é “O ano do Foguinho”. “Foginho” é o cognome já atribuído ao presidente Guebuza pela quantidade de episódios pirotécnicos neste seu mandato e do género do que ocorreu ontem na Base Aérea de Maputo, e outros tais como o incêndio no Ministério da Agricultura, e as explosões de Janeiro e Março no Paiol de Mahlazine, o incêndio e explosões da última sexta-feira na Catembe, etc., etc… Este é, sem dúvida, o ano mais explosivo de sempre, na capital moçambicana questionando-se agora “quando é o próximo episódio”.
Fonte: Canal de Mocambique
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