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VOA News: África

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Fúria popular sob pano de uma política de transportes ausente!


Ponto de vista*

Super terça-feira, 5 de Fevereiro em Moçambique, mostrou, afinal que um povo quando se zanga, não há força que pode o parar. É indomável. O povo tem ainda as chagas de anos de abusos, por um regime, essencialmente, tirano e anti-democrático, da Frelimo. Que ninguém tenha dúvida que o golpe de resistência que o povo desferiu, de forma contundente, deu para a Frelimo ser apanhada de ‘susto’ [como disse o ministro dos transportes], entrar em pânico, rodopios desnecessários, e em ‘delírio’, a medir pelas contra-respostas que foi, amiúde e rapidamente emitindo, através dos mídia que domina, a TVM, RM e Notícias, após um mutismo, que, diga-se de passagem, lhe foi lisonjeiro. O mote e fito, deste mutismo, se calhar, podia não se resume apenas numa manobra antiga da Frelimo de ganhar tempo, mas podia também não ser de re-estudo da situação para o reajuste das suas tácticas anacrónicas, de surpreender e de chamar a si a vantagem, se quiserem, a mó de cima. Tudo caiu. A Frelimo não tinha ‘inteligen-z-ia’ [informação] em sua posse e nada fez para prevenir nada.

Afinal quem tinha estudado e feito o TPC, como se impõe, foi a população, e montou a sua estratégia de luta farta de engolir ‘sapos vivos’ [como os chavões que foi nos dado a ouvir do nosso Ministro dos Transportes [Dr. Munguambe] a dizer que o seu “governo é do povo para o povo”]. Aí, que a Frelimo aprenda de uma vez por todas, o segredo é alma de negócio. Os senhores não tiveram acesso ao segredo que resumiu no ‘passa a palavra’. A capacidade de mobilização [por SMS] e organização, em curto espaço de tempo, foi, ademais, extraordinária. Como foi então que o povo operou a manifestação?

Primeiro, a anteceder a super terça-feira, [Governo andou à sexta] circulavam comentários e informações de uma situação explosiva de que estávamos a viver, sobretudo devido a falta e o encarecimento dos transportes e comida [pão]. Fazendo ouvidos de mercador, a Frelimo avança com acordo fatídico, que anunciava o aumento dos preços do Chapa e do Pão em quase 50% a 100%. Isto em plenos festejos do dia dos heróis da Frelimo.

Ora, todo este conjunto de factores mediatos e imediatos, lançaram ao ar um sinal inequívoco, de que o espaço de negociação com os sindicatos e da reversão destes aumentos estava encerrado, e nada havia para população, senão seguir à risca o decidido. Qual quê! Para ela [a população] nada restava se não sair a rua, protestar, lutar, exigir, suplicar, fazer ouvir a sua voz aos que assumem os “cordelinhos do poder” quer na chamada Ponta Vermelha, quer no edifício do ex-Cinema São M.; e ao judiciário [que anda à leste, em momentos históricos como estes].

Agora, sobre os métodos de luta. Ouvi e li de certa imprensa, sobretudo aquela ligada ao Governo do dia, a chamar aos participantes nesta revolta popular de insurrectos, vândalos, que são movidos por móbil externo, sem no entanto, especificar qual, dada o ‘sono’ da nossa tristemente famosa SISE [SNSP], pois não foi capaz detectar nada que fosse, até que a manifestação tivesse lugar.

Vergonhosamente, só depois da revolução ter tido lugar, um dia depois, é que se notam os blindados e tropas de elite [FIR], a se dirigirem aos pontos chaves da cidade de Maputo, que, por sinal, já tinham sido tomados pelos manifestantes dia anterior e fizeram estremecer o poder. O povo só não foi aos pontos estratégicos dia seguinte, não porque teve medo da polícia política, nem da tropa de elite, nem ainda ao vocifero apelo e promessas de uso de força do Sr. Vice-ministro do Interior. Mas sim, porque a Frelimo baqueio, se rendendo e, por via disso, anunciando aquilo que as população queriam, que ela dissesse: Manter o preço dos transportes e pão. Foi o que aconteceu

Enfim, foi uma vitória do povo sofredor. Um povo que consente esforços, mesmo com salários que não servem para nada, tentar alimentar os seus filhos, tentar educá-los através dum sistema formal caro e corrupto, tentar ter os serviços de saúde cada vez mais elitizadas com pouco a oferecer ao mísero povo.

Não seria justo terminar este ponto de vista, sem dizer que é momento da Frelimo acordar e tomar as suas responsabilidades. É MOMENTO de fazer um exame de consciência sério sobre o que está falhar no País e endireitar enquanto é tempo [será que a Frelimo tem tempo mesmo para rectificar os erros que cometeu, já a contornamos a curva do 3 ano de governação desastrosa?]. Temos que ter uma POLÍTICA DE TRANSPORTES. Como Estado e como Governo, temos que defender o consumidor e não os interesses comerciais absurdos.
*Dede Moquivalaka

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