O LIDER da Renamo, Afonso Dhlakama, que durante a semana passada se encontrava de visita à província de Cabo Delgado, distribuiu 30 pares de uniforme para igual número de líderes comunitários, no distrito de Chiúre, facto que suscitou reacção imediata do Governo local que considera o gesto de ilegal, concorrendo para desestabilização política, e, como tal, sem nenhum valor. Promete, no entanto, tudo fazer para que os líderes comunitários não enverguem tais uniformes nem os respectivos distintivos.
António Ntchonho, director provincial dos Assuntos dos Antigos Combatentes, actualmente a assumir as funções de administrador de Chiúre, em substituição de Agostinho Manila, ora transferido para Mossuril, província de Nampula, manifestou-se surpreendido com o facto, denunciando-o como tentativa de a Renamo usurpar os poderes do Estado.Só o Estado é que tem a responsabilidade de dar uniforme aos líderes comunitários, aqueles que foram legitimados num processo que todos nós acompanhamos. Trata-se duma forma flagrante de querer desestabilizar a sociedade. É um acto ilegal, irresponsável e que deve ser ignorado, disse Ntchonho.O uniforme, segundo contou o administrador-substituto, é de cor verde-escuro, constituído por uma camisa, calças e chapéu e foi distribuído a 30 pessoas escolhidas pela Renamo como líderes comunitários, que entretanto não fazem parte do grupo das legitimadas pelo Estado. A cada um dos líderes foi igualmente distribuída uma bandeira do mesmo partido.O uniforme foi fabricado aqui mesmo em Chiúre. A nós parece uma tentativa de construir um Estado dentro do outro Estado, o que não é correcto. Não conhecemos as motivações da Renamo. Que itens seguiu para “entronizar” tais líderes. Esse acto praticado pela Renamo é regulado por lei. Em que se baseou a Renamo? questionou a fonte.Enquanto isso, Cornélio Quivela, membro sénior da “perdiz”, disse tratar-se de manobras da Frelimo que alegadamente procura problemas onde eles não existem.Na verdade, segundo Quivela, Afonso Dhlakama, de passagem por Chiúre, ofereceu a grupos de dança uniformes constituídos de capulanas e aos anciãos que são da simpatia da Renamo distribuiu camisas, calças e chapéus, do mesmo tecido e cor.Quivela confirmou tratar-se de pré-campanha do seu partido e do líder da Renamo. Disse ainda que a Renamo está na fase de revitalização da sua amizade com as populações e para isso recorre a muitas maneiras.Oferecer roupa não é usurpar poderes do Estado. Não nos perguntam quando oferecemos bolas às crianças nas aldeias, não nos perguntaram quando o presidente foi oferecer cinco toneladas de produtos em Caia, hoje é problema oferecer roupa aos líderes tradicionais, que são nossos simpatizantes, em Chiúre, onde está o problema?, questiona o delegado político da Renamo em Cabo Delgado, que faz parte da comitiva de Afonso Dhlakama, pelo norte.O nosso jornal voltou a falar com o administrador-substituto de Chiúre, António Ntchonho, depois da reunião nocturna de mais de quatro horas com a delegação da Renamo. Ele disse que houve consensos, mas ficou algum ponto que vai merecer consideração das estruturas hierarquicamente superiores.Combinamos que eles mesmos vão dizer às populações que o uniforme não significa legitimação da autoridade tradicional, mas ficou uma coisa: um homem uniformizado, que tem à frente da sua casa um mastro e uma bandeira, o que é que vem a ser?, pergunta Ntchonho.Cornélio Quivela apela para que o aparente incidente não seja motivo de problemas que possam desestabilizar politicamente a província de Cabo Delgado, muito menos o país, António Ntchonho diz ter gostado da maneira como as duas partes conversaram até ao ponto em que chegaram, reiterando que o caso das bandeiras ainda fica dependente da consideração de estruturas de nível superior. (Noticias)
Tiro chapeu ao gesto de Dlhakama em ofertar uniforme as autoridades tradicionais. Onde estava o Governo neste dever?! Agora nao venham ai com azedumes! Avante!
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