Apenas 12 dos 40 beneficiários dos controversos créditos do Tesouro é que estão a ressarcir ao Estado. O Tribunal Administrativo, no seu parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2006, aponta as empresas que reembolsaram "total ou parcialmente, as respectivas quotas". De entre as empresas, destacam-se algumas das mais sonantes. Todas elas com ligações fortes ao Partido dos "camaradas":
«Inagrico» do ilustre advogado Albano Silva A empresa de que é sócio o marido da primeira-ministra Luísa Diogo [na imagem retirada daqui], o causídico Armando Silva, foi uma das privilegiadas pelo acesso ao crédito até que Guebuza não deixou mais andar e mandou "fechar" a bolsa onde ele próprio jogava até que outros voos mais altos se levantaram. A INAGRICO teve empréstimos em 2000, 2001 e 2002 quando Luísa Dias Diogo era Ministra das Finanças. A pessoa que em última análise autoriza a concessão dos créditos do Tesouro depois de analisar todos os documentos de solicitação do empréstimo submetidos pelos interessados, de acordo com as normas, era a própria "esposa" de Albano Silva. Fundos do Estado para o marido da 1.ª Ministra.
A Conta Geral do Estado segundo o Tribunal Administrativo, em 2006 estava a haver da «Inagrico» 6.868 milhões de meticais Antigos (números redondos, cerca de 6,9 milhões MTn).«Grupo Mecula» do general Alberto ChipandeDe acordo com o documento do TA que estamos a citar, o Grupo Mecula, empresa de que é sócio Alberto Joaquim Chipande, que já foi Ministro da Defesa quer de Samora quer de Chissano e é um dos "históricos" da Frelimo, tem ainda uma dívida de 44.797 mil MTn (44,8 milhões de meticais novos, saldo de 31 de Dezembro de 2006). A último vez que a empresa do homem do "primeiro tiro", reembolsou o tesouro foi em 2005. Nesse ano "devolveu" ao estado cerca de 310 mil MTn. De lá para cá segundo o Tribunal Administrativo não cumpriu com a devolução do dinheiro ao erário público.«Colégio Alvor» da Família SumbanaO Colégio Alvor solicitou em 2002 um empréstimo ao Tesouro avaliado em 23,38 mil MTn, montante que ainda não começou a pagar. Esta instituição de ensino privado em regime de externato e internato na Manhiça, tem como sócios Amélia Narciso Matos Sumbana, Adriano Fernandes Sumbana, Filomena Panguene (esposa do ministro de Turismo, Fernando Sumbana) e Fernando Andrade Fazenda.
No parecer do TA sobre o ano de 2005 referia-se que "o Colégio Alvor solicitou um diferimento da data do início do pagamento da dívida para Setembro de 2006, por não ter iniciado plenamente a sua actividade". As autoridades do Ministério das Finanças aceitaram este pedido. Mas de acordo com a conta aqui tratada (2006), não se vislumbra qualquer pagamento do empréstimo contraído junto do Estado por uma das famílias do circulo da chamada «sagrada família» -- o Partido Frelimo. O «Colégio Alvor» tem um saldo de 23,38 milhões MTn de meticais.«Sotur» de Miguel Chissano e Sibone Mocumbi. A «Sotur» empresa que tem como sócios um irmão do antigo chefe de Estado Joaquim Chissano e um filho de Pascoal Mocumbi, ex-primeiro-ministro e também membro da Comissão Política da Frelimo na altura do desembolso, ainda não pagou o valor de 34,74 milhões MTn levantados no Tesouro. Miguel Chissano, que foi Director Nacional de Migração e é hoje presidente do Instituto do Mar, e Sibone Mocumbi, até 31 de Dezembro de 2006, continuavam a dever ao Estado o dinheiro obtido em 2002.(Luís Nhachote) CANAL DE MOÇAMBIQUE - 27.02.2008
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