A PRESIDÊNCIA portuguesa da União Europeia (UE) reafirmou ontem o seu cometimento na organização da II Cimeira África-Europa, prevista para Dezembro próximo na capital portuguesa, Lisboa. Com efeito, o Secretário de Estado português dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, João Gomes Cravinho, recusou que a questão do Zimbabwe possa inviabilizar a realização da Cimeira UE-África por não ser a questão central no relacionamento entre os dois continentes.
João Cravinho reiterou que o encontro de Lisboa "não é uma cimeira sobre o Zimbabwe", mas sim a "consagração política de um novo relacionamento" entre a União Europeia e África.
Ele falava à Agência Lusa a partir de Lusaka, Zâmbia, onde participa como observador na 27ª Cimeira da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
No entanto, o secretário de Estado admitiu que "há um problema de natureza diplomática" em relação à presença do Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, na cimeira, prevista para 8 e 9 de Dezembro.
Questionado sobre o convite por parte da presidência da UE para que Mugabe participe na cimeira de Lisboa, Cravinho referiu que o governo português "não tenciona ter uma atitude discriminatória".
"Não compete a Portugal estar a convidar uns de uma maneira e outros de outra", disse ele.
A II cimeira África-Europa esteve prevista para Lisboa em 2003, mas foi adiada "sine die" devido à oposição de alguns países europeus, nomeadamente a Grã-Bretanha, à presença de Mugabe no encontro. O Zimbabwe é alvo de sanções por parte da UE e dos EUA por alegada violação dos direitos humanos. A Grã-Bretanha é antiga potência colonizadora do Zimbabwe.
Questionado sobre se esta questão já foi ultrapassada, dado o seu optimismo quanto à realização do encontro em Dezembro, o governante português admitiu que não, mas minimizou a questão, considerando que o essencial é a "alteração na percepção da importância do diálogo com África".
"Este assunto tem uma importância relativa. Estamos a trabalhar para uma mudança geoestratégica no relacionamento" entre os dois continentes, disse, destacando o "progresso na elaboração de uma estratégia conjunta".
Cravinho indicou, no entanto, que, principalmente desde o início deste ano, "houve uma mudança de atitude na África Austral em relação ao Zimbabwe", cuja situação política e económica esteve no centro das atenções da cimeira da SADC.
Neste sentido, o governante realçou que foi renovado na Cimeira da SADC de Lusaka o mandato do Presidente sul-africano, Thabo Mbeki, para mediar o conflito entre a ZANU-FP, partido no poder, e a oposição zimbabweana.
À margem da cimeira da SADC, Cravinho encontrou-se com representantes de países como a África do Sul, Tanzania e com o secretário executivo da SADC, o moçambicano Tomás Salomão.
Questionado sobre se já se encontrou com Mugabe, o secretário de Estado respondeu que não. "Não temos nenhuma matéria especial a tratar com ele", disse.
Em Julho ultimo, o vice-Ministro sul-africano dos Negócios Estrangeiros, Aziz Pahad, foi citado como tendo dito que a África não deverá aceitar que a União Europeia imponha qualquer proibição à participação do Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, na cimeira União Europeia-África.
Fonte:Notícias
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