Com o recenseamento eleitoral de raiz prestes a começar dentro de dias para se avançar para as eleições autárquicas já marcadas para 20 de Novembro do corrente ano, continuam as barbaridades do costume empreendidas pelos mesmos de sempre para desacreditar todo o processo, afastar das eleições o eleitorado e assim provocar abstenção como convém a quem ainda está no poder, como convém a quem quer que apenas votem aqueles que lhe são fiéis, se é que ainda os há.
Com os infames comportamentos de quem era de esperar mais educação e civismo mas apenas anda a engendrar burlas para constituir comissões eleitorais capazes de viciar os resultados das eleições, os moçambicanos, de um modo geral, estão agora mais claros que é preciso não vacilar um minuto e nem mesmo um segundo para se acabar com os motivos que fazem com que ande hoje tanta gente indignada com este regime, desde médicos, soldados, enfermeiros, polícias, professores, todo um role de funcionários públicos, desempregados, empresários…
De tanto acreditarem em trafulhas, depois de passarem por tantas desilusões, finalmente sente-se por todo o lado que os moçambicanos já começam a perceber que há urgência em pôr-se fim aos abusos e ao desgoverno a que os actuais dignitários do Estado deixaram chegar o País.
E todos sabemos que quando as coisas chegam a este estado há apenas três caminhos a seguir para se acabar com o que estamos todos a passar: ou a guerra, ou um golpe de Estado – qualquer uma delas a evitar a todo o custo – ou eleições em que todos participem decididamente para que a mudança aconteça de facto – caminho esse que recomendamos com a maior convicção para que a Constituição continue a ser a nossa bíblia como observou recentemente em entrevista ao Canal de Moçambique o ex-primeiro-ministro Pascoal Mocumbi.
Depois do caso Leopoldo da Costa que a direcção da ONP em devido tempo desmascarou, temos agora o mesmo tipo de burla a descer às comissões de eleições dos níveis provinciais, de cidade e distritais. Dos factos, falamos numa notícia desta edição em que o porta-voz da CNE nos esclarece que ainda não foi aprendida a lição ao nível mais alto, e a presidente da ONP/SNP volta a dar mostras de que está a seguir atentamente o desenrolar da mesma trafulhice que parecia ter acabado com a renúncia do camarada João Leopoldo da Costa à sua continuidade ilegal e ilegítima na CNE.
O mesmo “Reitor Burlão”, nas funções em que ainda está investido de presidente da CNE, pretende ignorar que as mesmas razões que o fizeram desistir da malandrice em que se envolveu, há muitos outros que a Organização Nacional de Professores também não propôs como candidatos para as comissões provinciais, de cidade e distritais, que a velha CNE está a empossar, fingindo ignorar a Direcção da ONP.
Mas se manobras semelhantes às que estamos a seguir antes faziam passar a ideia de que não vale a pena votar porque o resultado final acaba por ser manipulado, os resultados da Beira e Quelimane, e mesmo até o das intercalares de Inhambane conseguidos pela actual oposição, mostram que quando o eleitorado está determinado, o objectivo de mudança real pode ser atingido.
Todas as manobras com o maior empenho da CNE e STAE sempre permitiram realmente aldrabar resultados eleitorais.
Mas também porque a maioria das pessoas não foram votar e permitiram que os votos que elas não introduziram nas urnas fossem metidos pelos burlões do costume.
Todas as manobras do género desta que estamos a assistir, primeiro com João Leopoldo da Costa e agora ao nível das comissões de outros níveis, tudo isso assustava e assustou o eleitorado em eleições passadas. Mas é preciso compreender que os tempos agora são outros.
Todo o cidadão com capacidade eleitoral não deve deixar-se intimidar por estas habituais manobras e deve antes entender que elas mostram apenas o medo que os senhores que se encontram actualmente no poder têm de perder os seus privilégios.
E se têm medo é porque chegou a oportunidade dos indignados.
Por isso é preciso que ninguém se deixe intimidar.
É preciso que todo e qualquer cidadão nacional vá recensear-se e desde logo, desde logo que abram os postos de recenseamento. Ninguém deve deixar-se para os últimos dias.
Esta grande batalha por mais um passo pela consolidação da democracia que se começou a construir primeiro com a luta de libertação nacional, depois com a luta contra os novos opressores, e agora contra os burladores, extorquidores dos bens do Estado, corruptos instalados e demais vermes, é fundamental para que no futuro ninguém mais possa ofender a liberdade, igualdade e fraternidade.
Estas eleições autárquicas e as próximas eleições gerais, entre as quais se incluem as regionais, parlamentares e presidenciais, são decisivas.
O processo começa com o recenseamento. Que ninguém se deixe intimidar. Que ninguém se deixe vender com capulanas, com chapeuzitos, com lenços de cabelo, com isqueiros, com brindes. A nossa dignidade nacional não pode ser deixada ao preço de amendoim.
Canal de Moçambique – 15.05.2013
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