A democracia das “conveniências” revela-se claramente uma ditadura
Afinal os jovens da OJM estão controlados pela Pereira do Lago…
Beira
(Canalmoz) – Os agentes provocadores de Chókwè e de Macia, de Gondola,
de Manica, da Ilha de Moçambique em obediência de comandos e instruções
do partido de que fazem parte têm o seu destino traçado pelas instâncias
superiores como é habitual ouvir-se dizer. Também na OMM e nesta com
mais facilidade, o regime de funcionamento não ultrapassa a mera
obediência dos que detêm o poder real na Frelimo.
Quando alguns jovens se lançam ao ataque dos classificados adversários políticos senão “inimigos”.
A
razia ou guilhotina que a OJM sofreu são suficientemente demonstrativas.
Aquilo que se aconteceu significa centralismo democrático e não
democracia.
Só
quem queria continuar cego e ignorando os manuais de procedimento
vigentes no seio da Frelimo é que poderia sonhar com algo diferente.
Mesmo
os elogios e glorificação “norte-coreanas” da liderança do AEG,
pronunciados aquando da última sessão do Comité Central da OJM, não
foram suficiente para aplacar as suspeitas de que a liderança da OJM era
“desobediente e desenquadrada” com a agenda do partido-mãe.
Gente
com pouco conhecimento das engrenagens reais da Frelimo queria
colocar-se acima de quem é efectivamente guardião dos interesses da
liderança da Frelimo. Uma contradição ou situação recorrente que alguns
jovens entusiasmados não conseguiram entender nem interpretar. Edson
Macuácua havia cometido erros similares e hoje está votado ao silêncio
porque “pena maior” não coube.
A
acção disciplinadora na Frelimo é obviamente uma cópia perfeita do
sistema de funcionamento do PC chinês e do partido no poder na Coreia de
Norte.
Aqueles
preceitos democráticos de inspiração ocidental são estudados e
descartados sempre que os interesses dos que lideram o partido sentem
que algo ameaça a sua posição cimeira. A liderança suspensa ou
descartada da OJM cometeu o erro fatal de julgar sem bases sólidas que
era importante para a manobra e funcionamento da Frelimo.
Outros
jovens são “arrebanhados e contratados” para servirem de agentes
agitadores e “vandalizadores” da oposição quando chegar a hora das
eleições autárquicas. Com tanta pobreza grassando no país não, é difícil
encontrar quem queira cumprir missões mercenárias. Quem não conhece o
papel higiénico?
Edis
de municípios importantes do país foram empurrados para a renúncia de
seus mandatos e como vimos outros candidatos surgiram.
A
importância da decapitação da OJM em Moçambique é histórica na medida em
que raramente algo do género sucede. Tal foi a insubordinação da
liderança da OJM na pessoas de seu secretário-geral que a Frelimo
decidiu pura e simplesmente desfazer-se de todos os chefes de uma só
vez.
Os
analistas habituais, decerto que não viram a público dizer que foi um
golpe contra a democracia a forma como a direcção da Frelimo actuou.
A fome é tanta e os tentáculos do partido governamental são tais que qualquer membro da OJM ou da OMM receia expor-se.
Está
claro agora que os titulares dos órgãos de liderança das organizações
sociais afectas ao partido Frelimo são por indicação directa da
liderança da Frelimo. Ninguém chega a chefe de qualquer coisa sem que
haja com aceitação da direcção superior do partido. Nesse sentido
democracia é simplesmente um termo politicamente correcto mas sem
qualquer tradução prática. Estamos claros? Não é invenção minha mas algo
que foi mostrado pela decisão de suspender Basílio Muhate e seus pares.
Para
os moçambicanos em geral e para a sua juventude deve começar a ficar
claro como procedem os partidos de que fazem parte. Há matéria abundante
para questionar as proclamações falsas e demagógicas de que existe
democracia interna em muitos dos partidos que pululam em Moçambique.
Vivem-se constrangimentos da disciplina partidária não só na Frelimo, disso devemos estar claros.
Há
esforços para controlar os sectores do partido Frelimo que poderiam
constituir forças contestatárias internas, abraçando agendas que não
coadunam com as intenções da actual liderança.
Outra
maneira de ver todo este imbróglio é atribuir tudo a dissonâncias
internas das tristemente famosas alas internas na Frelimo. Basílio
Muhate estaria obedecendo ou confiando em outra liderança na sombra, em
antigos chefes da Frelimo, derrotados no Congresso de Pemba?
Quem
entra em rota de colisão com a liderança actual não pode esperar perdão
sobretudo quando se trate de organizações extremamente centralizadas
como a Frelimo.
É
por demais evidente que nem o secretário-geral da Frelimo, Filipe
Paunde, se atreve a “urinar fora do penico”. As pessoas chegam a um
ponto em que se recusam a pensar só para correrem o risco de expressarem
algo que não seja “católico” ou de acordo com a ortodoxia partidária.
O caminho pela concretização de uma democracia visível e vivida pelos moçambicanos continua por realizar.
Existem
apertos e condicionalismos concretos que impedem a livre expressão do
pensamento dos membros de importantes partidos políticos moçambicanos.
Ainda existe muita desconfiança e receio de delegar e democratizar.
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