Maputo (Canalmoz) – Arão Nhancale acaba de ceder à pressão que vinha sofrendo dos seus camaradas ao nível do comité da cidade de Matola e apresentou na última segunda-feira a carta de renúncia ao cargo de presidente do Conselho Municipal da Matola. O Secretário da Assembleia Municipal da Matola, Júlio Chembene, confirmou a entrada da carta no órgão deliberativo.
A entrega formal da carta à Assembleia da municipal é, na verdade, o culminar de um ciclo de pressão que vinha sendo exercida sobre Arão Nhancale para que renunciasse do mandato. Nhancale vinha sofrendo a pressão criada por intrigas internas dentro do partido desde Dezembro último.
Como forma de oficializar a pressão, a Frelimo chumbou recentemente o desempenho do elenco Nhancale, em sessão extraordinária.
De seguida, o partido no poder a nível da Matola, aprovou uma moção de censura sem rosto nem defensores, em que se convidava Nhancale a renunciar, digamos de forma “amigável”. Mas Nhancale recusou-se a faze-lo.
Uma razão de fundo levou Nhancale a recusar-se a renunciar. É que a tal moção foi na verdade cozinhada por um grupo de membros que são apontados como dispostos a entregar a vida para ver Arão Nhancale fora dos destinos da Matola e por essa via “assaltarem” o posto.
Os opositores da renúncia
Informações não confirmadas que circulam dentro do partido, indicam que esta toda poeira criada para deixar cair Nhancale foi protagonizada por Edmundo Galiza Matos Jr., deputado e porta-voz da bancada parlamentar da Frelimo na Assembleia da República, Casimiro Waty e Sábado Malenza estes dois também deputados da Frelimo na Assembleia da República.
O semanário Canal de Moçambique chegou a ouvir Edmundo Galiza Matos Jr. Sobre este assunto, mas na altura recusou-se a tecer qualquer comentário alegando que “de assuntos do partido só se pronuncia em órgãos apropriados”.
A prova de que Nhancale cai por uma questão de conveniência é que o seu desempenho foi aprovado pelo partido como tendo realizado as suas acções na ordem de 85 porcento. Aliás se fosse por uma questão de desempenho, David Simango, edil de Maputo, também teria renunciado, por fraco desempenho. Mas convém aos camaradas “lixar” Nhancale e deixar os outros.
Chantagens com vida privada
Fontes do partido contaram ao Canalmoz que desde que Nhancale ofereceu resistência ao “convite” de renúncia o grupo de pessoas que está interessado em subir ao pote do município começou a levar a cabo uma campanha de procura de “podres pessoais” de Nhancale.
Foi neste âmbito que “descobriram” que Nhancale tem uma choruda conta num banco que não nos foi revelado o nome e um conjunto de vivendas registadas em nome de sua filha, que nem sequer trabalha.
Nas últimas semanas, os camaradas levaram estas duas “descobertas” e foram propor Nhancale a renunciar para que não fosse perseguido pela justiça e legalidade.
Foi aí que entre enfrentar os tribunais e sair mais chamuscado que já estava, Nhancale preferiu renunciar e abrir espaço para ala a que tanto lutou para o derrubar.
O Secretário da Assembleia Municipal da Matola disse à TVM – televisão pública, esta quarta-feira, que recebeu a carta de pedido de renúncia de Nhancale mas não avançou com as motivações.
O Canalmoz sabe, entretanto, de fonte segura que Nhancale refugiou-se em alegadas “questões de fórum pessoal” que não o permitem “trabalhar em condições”. Mas na verdade Nhancale sai vítima de chantagem e jogos psicológicos internamente considerados “baixos” por parte dos camaradas que não vêm a hora de ser edil da Matola.
Refira-se que desde o último domingo, o Canalmoz está a tentar contactar o edil da Matola Arão Nhancale para contraditório, mas o seu habitual contacto telefónico encontra-se fora de rede. A Assembleia Municipal da Matola vai reunir brevemente para aceitar o pedido de Nhancale.
Por força da Lei não haverá eleições intercalares, devido ao tempo de menos de 12 meses que nos separa das eleições autárquicas ordinárias. Assim, Matola será dirigida interinamente pelo presidente da Assembleia Municipal local. (Matias Guente e Cláudio Saute)
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