O
secretário-geral da Renamo reafirmou hoje, em Chimoio, Manica, que o partido
não permitirá a realização de eleições enquanto não for garantido consenso
quanto ao processo de arbitragem e controlo das eleições previstas para
novembro (autárquicas) e 2014 (gerais).
"Desta
vez não podem acontecer eleições sem que ao nível do STAE (Secretariado Técnico
da Administração Eleitoral), CNE (Comissão Nacional de Eleições), defesa e
segurança e da polícia, entre várias questões que afligem os moçambicanos,
sejam resolvidos, porque democracia é isso tudo, não é a Frelimo (no poder)
armar-se até aos dentes para reprimir os que não concordam com a sua
ideologia", disse Manuel Bissopo.
A
Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição
moçambicana, reuniu hoje, em Chimoio, os seus quadros, incluindo delegados
distritais, ligas da juventude e da mulher, para "planificar os próximos
dias", no sentido de que as eleições, autárquicas e gerais, "não
aconteçam", enquanto "não houver consenso" sobre o processo de
arbitragem e controle.
A
reunião decorre sob um cordão de segurança dos ex-guerrilheiros armados da
Renamo, separados apenas por uma rua de elementos da Força da Intervenção
Rápida (FIR), que vigiam fortemente o encontro.
Para
a próxima quinta-feira [hoje], está agendado um encontro entre o Governo e a Renamo,
que já foi adiado por duas vezes por divergências deste partido quanto ao local
da reunião.
No
encontro de hoje, o secretário-geral da Renamo garantiu que o partido não teve
qualquer prejuízo com os assaltos feitos pela polícia às suas sedes em Gondola
(Manica) e Muxúnguè (Sofala), centro de Moçambique, considerando que o que
aconteceu "foi uma vitória".
"A
Renamo não teve nenhum prejuízo (com gastos de viagens e alimentação dos seus
membros 'aquartelados' durante semanas), porque quando aceitamos fazer um
projeto temos um conjunto de custos, e esses custos, em política, resulta no
que aconteceu (dispersão e ataques) e para nós foi uma vitória", disse
Manuel Bissopo.
A
polícia antimotim "expulsou e ocupou" as sedes do maior partido da
oposição, no início do mês, no distrito de Gondola (Manica) e em Muxúnguè
(Sofala), expulsando cerca de 350 homens ali "aquartelados".
Os
homens expulsos pela polícia, a maioria ex-guerrilheiros vindos de vários
distritos distantes, aguardavam uma "capacitação", cuja agenda a
Renamo nunca chegou a anunciar, no âmbito das manifestações à escala nacional
que o partido pretende que confluam no boicote às eleições autárquicas de 20 de
novembro e às gerais de 2014.
Em
retaliação à invasão e ocupação da sua sede, os ex-guerrilheiros da Renamo
atacaram o comando da polícia de Muxúnguè, provocando a morte a quatro agentes.
Um ex-guerrilheiro foi abatido na ocasião, a 04 de abril.
"Se
a Frelimo (no poder) quiser insistir na força, vamos generalizar o que
aconteceu em Muxúnguè, no mesmo dia e na mesma hora, do Rovuma ao Maputo e
vamos ver se a Frelimo vai fazer eleições ou não", afirmou Manuel Bissopo,
que assegurou estarem criadas condições humanas e materiais para a
"revolução".
AYAC/MLL
// VM
Lusa
– 30.04.2013
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