Com o calar das armas e conseqüente assinatura do acordo geral de paz em Roma, nos enganamos pensando que tudo se reduzia a um simples abraço e assinaturas entre os senhores de guerra. Enganamo-nos porque depois daquele marco embandeiramos em arco com respeito aos desafios que a real paz nos havia de trazer.
Que paz é esta, meus irmãos?
Não precisamos de ir longe para descobrir que Moçambique ainda está longe da paz. Se olhas no semblante do moçambicano pacato podes descobrir que passados 10 anos do Roma pouco ou nada adiantou a vida. Uma vida porfiada debaixo de uma pobreza absoluta insuportável num Moçambique empobrecido. A vida procurada nos pergaminhos da educação que não chega com a qualidade que se requer aos nossos filhos. Uma vida tentada com os maus tratos e falta de assistencia medica apropriada nos nossos hospitais públicos.
Que paz é esta que nos chegou?
Quando o Estado novo a ser assaltado por punhado de jovens e seus comparsas da luta armada dos 10 anos, dói aos moçambicanos, incluindo aqueles que tendo participado nesse movimento de libertação, estão hoje esquecidos. Que paz é essa, que não protege os interesses dos guerrilheiros e suas famílias, depois anos de participação gloriosa na defesa da sua pátria? Nem a uma manifestação, por lei permitida, eles têm direito!
Que paz é esta, afinal?
Se tivêssemos paz, não estaríamos, como Estado, a assistir impavidamente o saque dos nossos recursos para alimentar os gigantes esfomeados da Asia a troco de fortunas que vão a poucos bolsos. Se tivêssemos paz, não era desta que assistiríamos a um executivo governamental perdulário, nepotista e corrupto, tão-pouco teríamos um oposição que não fiscaliza, não critica e não trás à mesa soluções alternativas para que os moçambicanos olhem nas alternativas, para a porfiada paz total. Se tivêssemos paz, não seriamos incomodados pelas vicissitudes e querelas intestinais nos partidos, que acabam na pessoalização do bem comum, na bajulação e no desamor. O que se viu no Maputo e na Beira, durante o que supúnhamos serem eleições internas dos Partidos que se julgam defenderem os mais sublimes valores da democracia, violentamos a Paz. Foi, enfim, um espasmo ou heresia perfeita à Paz.
Sem comentários:
Enviar um comentário