O maior partido da oposição moçambicana, Renamo, realiza na próxima semana o seu Conselho Nacional na Beira cidade que é tida como um dos seu bastiões e é um dos municípios do Centro e Norte do País sob sua gestão. Este encontro que se anuncia para Agosto, segundo fontes daquele partido, entre outras matérias irá estudar para quando a realização do seu 5º Congresso que já vem sendo adiado há anos alegadamente por motivos financeiros.
Consta da agenda para este encontro na Beira, a reflexão sobre a realização do 5.º Congresso, preparação das eleições provinciais, o recenseamento, critérios para a selecção dos candidatos, fiscalização das eleições e se o partido vai ou não avançar para coligação com outros. Forçado pela aproximação do pleito eleitoral para formação das assembleias provinciais em todo o país excepto na província Maputo-Cidade, o partido de Afonso Dhlakama vai reunir na Beira, entre 5 e 7 de Agosto. Anuncia-se que deverão tomar parte do evento cerca de mil membros provenientes de todas as suas representações de base a nível do país.
Neste encontro anuncia-se ainda que se irá deliberar exactamente se o congresso será ainda para este ano ou para o próximo, e em que datas. Fontes da organização revelam também que se vai discutir no encontro a estratégia a adoptar nas primeiras eleições provinciais. Segundo Dhlakama as eleições provinciais em termos de estratégia do seu partido são mais urgentes, porque estão próximas, do que a realização do 5.º Congresso, mas segundo ele “será no Conselho Nacional que se irá deliberar” para quando a realização a reunião da mais alta instância da Renamo – o Congresso. O presidente do maior partido da oposição refere que este ano tinham na agenda a realização do Congresso mas, apenas porque o Calcanhar de Aquiles era a logística agora, com as eleições provinciais caberá ao Conselho Nacional deliberar nos dias 5, 6 e 7. Em suma, não há verba para tudo. Ou se investe nas eleições provinciais ou se faz Congresso. É o que se depreende das palavras do líder da perdiz. Afonso Dhlakama anotou também que esta reunião do Conselho Nacional do seu partido na Beira será seguida de “um seminário de capacitação aos representantes provinciais” da Renamo.
Quanto à importância das primeiras eleições provinciais Dhlakama diz que são históricas uma vez que “os governos provinciais serão obrigados a prestar contas aos membros da Renamo, por um lado, e a passar a conviver de perto com a oposição directamente, por outro”. Quanto a adiamentos o presidente da Renamo referiu que “não podem nem devem serem adiadas”. Mas o certo é que o presidente da República, que é também presidente do partido Frelimo, Armando Guebuza, embora a Lei eleitoral diga que o chefe de Estado deve marcar as eleições com 180 dias de antecedência, depois de já o ter feito e cumprindo escrupulosamente esta exigência para 20 de Dezembro, remarcou a semana finda para 16 de Janeiro, violando a Lei que é entretanto omisso sobre quaisquer poderes do PR poder remarcar eleições depois de já o ter feito.
Interrogado quanto ao facto dos doadores não quererem financiar as eleições provinciais, Dhlakama desvaloriza isso e diz que “o problema é do governo”. Responsabiliza o Governo por sempre se ter mostrado “relutante e não disposto a realizar as eleições provinciais” pelo que, consequentemente, “não tem uma rubrica para o financiamento das mesmas”. Os doadores também se recusam a financiar as eleições porque acham que as leis que as regem, se bem que tenham sido revistas pelo parlamento dominado pelo partido presidido por Guebuza, acabaram por voltar a não reconhecer o direito dos observadores nacionais e internacionais poderem estar presentes em todas as circunstâncias de apuramento de resultados, o que é entendido como tendo por trás disso a intenção de se continuar a esconder algo e a não permitir total transparência aos sufrágios.
Afonso Dhlakama entende que “governo não deve estender a mão a doadores internacionais” e muito menos “à última hora”. Embora ainda não pela boca de Dhlakama ou porta-voz com essa incumbência, a Renamo está agora a defender publicamente que não tem nada contra a decisão do presidente da República que alterou de 20 de Dezembro deste ano para 16 de Janeiro de 2008 as eleições provinciais. Defende também, intransigentemente, que estas primeiras eleições se realizem dentro dos prazos exigidos pela Constituição.
Fonte: Canal de Mocambique
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