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VOA News: África

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Imposição dos doadores preocupa Mulémbwè

O PRESIDENTE da Assembleia da República, Eduardo Mulémbwè, insurgiu-se ontem, em Maputo, contra alguns doadores externos devido à sua política de imposição, que muitas vezes condicionam o financiamento a certos projectos que não vão ao encontro das prioridades do país. Ele falava durante um encontro com parlamentares de vários países do mundo, de visita a Moçambique desde o passado dia 22 do corrente mês, no âmbito do programa “parlamentares no terreno”, da Rede Parlamentar do Banco Mundial.
Maputo, Sexta-Feira, 27 de Julho de 2007:: Notícias


Segundo explicou, tanto os doadores como os receptores de financiamentos precisam de mudar de atitude, sustentando ser importante a identificação dos principais problemas e, acima de tudo, ter-se a consciência de que o que é bom para si pode não ser para mim.
De acordo com Eduardo Mulémbwè, hoje em Moçambique morre-se mais de cólera, da malária e tuberculose do que do HIV/SIDA, sendo provável que a solução deste problema não passa por grandes somas de dinheiro.
Acrescentou que Moçambique acredita num mundo diferente que passa necessariamente por um maior investimento na área da Educação. “Moçambique é obrigado hoje a estender a mão para poder sobreviver, apesar de grandes potencialidades que possui. A questão que se coloca é: porquê isso?”, questionou, para depois responder que tal deve-se à falta de conhecimento do seu povo sobre como deve explorar os mesmos recursos.
O presidente da AR, afirmou que os moçambicanos não querem que os doadores lhes tragam peixe, mas sim o anzol. “Não queremos permanecer crianças, mas adultos com a nossa própria autonomia económica”, disse, salientando que é um facto que o país conseguiu a sua independência política, mas está ainda muito longe de atingir a sua independência económica.
Num outro desenvolvimento e em resposta a uma pergunta dos parlamentares sobre qual é o estágio actual da democracia em Moçambique, Eduardo Mulémbwè anotou que “estamos num bom caminho, com uma democracia saudável”.
Contudo, indicou que da pouca experiência nesta matéria, o país aprendeu que a democracia é muito cara, sobretudo quando depende da mão externa. “Posso responder que a nossa democracia é saudável, mas é ao mesmo tempo ainda frágil com muitos desafios”.
Ajuntou ainda que com o diálogo, os moçambicanos têm sabido consolidar a sua democracia que por sua vez tem proporcionado investimentos para o país.
Indicou também que a questão de fundo que ajudou os moçambicanos a superar todas as dificuldades e diferenças foi a unidade nacional, que desde sempre foi encarado como um elemento catalisador para o bem-estar de todos.
Disse que hoje, as atenções de toda a sociedade estão viradas para a recuperação de infra-estruturas destruídas pela guerra que durou 16 anos.A delegação visitante é composta por 12 deputados provenientes da Albânia, Brasil, Cabo Verde, Canadá, França, Alemanha, Itália, Portugal, Filipinas, África do Sul e Reino Unido. É objectivo da mesma fortalecer o conhecimento dos parlamentares sobre as actividades do Banco Mundial no país, avaliar a natureza da participação e os resultados da estratégia moçambicana de redução da pobreza e partilhar experiências entre deputados nacionais e internacionais.

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