A semana finda foi caracterizada por acontecimentos políticos que, em certa medida, dominaram e mudaram a agenda político-eleitoral para sempre, ou, pelo menos, os que se achavam no direito de assim a ditar foram apanhados se surpresa pelos ventos da contrariedade.
E, como se não bastasse, a cidade da Beira, ironicamente, voltou a ser a charneira, a volta da qual, o transe da reformulação dessa agenda tomou um firme palco, dando aos actores locais uma palavra a dizer, quanto à quem se deve contar para lugares de direcção por surfrágio universal directo, coisa inedita no devir nacional.
Não precisa ser um sociólogo ou ter tarimba em interpretações filósofo-sociológicas para perceber que o que aconteceu na Beira, de facto, muda o rumo e maneira como percebemos aos arranjos politicos tailor-made dos partidos, para manter o seu status quo. Vimos, dum lado e do outro, as verdadeiras bases políticas dos partidos num duelo titânico com chamadas bases formadas por teias de secretários e membros seniores.
Pelo menos, fui isso que aconteceu, muito abertamente, ao nível da Renamo onde as populações da base no seu discurso locutio vulgaris (linguagem popular), demonstrou à nação de que conhece a génese da gestão da coisa pública que o deve representar. Na Frelimo, a força dos establishment é ainda enorme para ser abalada pelas grass roots (verdadeiras bases), podendo levar algum tempo para as bases tomarem conta dos seus destinos. Daí esclarece a coragem com que Daviz Simango irrompeu 'a candidato independente, mas mantendo a sua base dentro da Renamo, ao contrário do seu homólogo de Maputo, Eneas Comiche que preferiu o silêncio ante bases verdadeiras muito apáticas, dentro dessa cultura do seguidismo, do chefe e' chefe, ele e' que sabe...sem alternativas.
Aconteça o que acontecer nos dias que vêm, a reacção de bases politicas Beirenses deram ao país grandes lições sapientes de democracia e de uma avançada educação política ao concidadãos deste país, pois não seguem impiamente tudo o que os chefes no Maputo os mandar fazer. Tal reacção indica, todavia, um deficit existente protagonizado pelas as alas conservadoras dos dois maiores partidos do país (Frelimo e Renamo).
Aconteça o que acontecer, os ventos centrais; ou seja, do exercício de uma democracia plena pelas bases na Beira, vão atear um movimento de consciência nacional (MCN) sobre quem, afinal, deve ser o nosso líder, sobretudo, como encontrá-lo (entenda-se eleger), porque nos resto da 42 autarquias o processo foi capturado pelos que detêm o poder nos partidos. É por isso que em Alto Molócuè vai encontrar candidatos que não perfazem os desejos da verdadeiras bases, em Tete não temos notícias nenhumas, e em Inhambane, os candidatos andam envolvidos em problemas de culto de personalidade, com direito 'a revalidação de sua liderança.
Pois isso, à beira das eleições municipais, Beira volta ao epicentro da política nacional, para dar exemplo da luta dos pobres, dos sem emprego, dos locais, dos sem cuidados médicos, dos sem escolas para levar os filhos contra aqueles que os querem capturar sua vontade civico-politica. Que venha o MCN à toda a largura deste nosso belo Moçambique.
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