O ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano manifestou hoje disponibilidade para fazer "tudo o que for necessário" para ajudar a resolver a crise no Zimbabué, se a sua intervenção for solicitada pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). Em declarações aos jornalistas após um encontro em Maputo com Morgan Tsvangirai, líder da oposição zimbabueana, Joaquim Chissano lembrou que a crise no Zimbabué está actualmente "a ser tratada pelos chefes de Estado e do Governo da SADC", organização de 14 países, incluindo o Zimbabué, Moçambique e Angola. "Portanto, o que podemos fazer é colocarmo-nos à disposição dos chefes de Estado da SADC, na hora, no dia e na modalidade que eles entenderem que podem convidar-nos a desempenhar um papel qualquer, e nós estamos dispostos a considerar se sim ou se não podemos desempenhar tal papel", afirmou Joaquim Chissano. "Mas, por enquanto, não há um espaço para nós ao mesmo tempo que eles tomam outras iniciativas. Vamos acompanhar, vamos estar em contacto onde for possível e por enquanto não podemos fazer mais nada", acrescentou o ex-presidente de Moçambique. Joaquim Chissano recebeu Morgan Tsvangirai na qualidade de responsável pelo fórum que reúne 24 antigos presidentes e chefes de governo de África, criado em 2007 para promover o "desenvolvimento político, económico e social" do continente africano.
Morgan Tsvangirai, líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC) do Zimbabué, chegou hoje de madrugada a Maputo para encontros com alguns dos principais responsáveis políticos moçambicanos, sob mediação de Afonso Dhlakama, presidente da RENAMO, principal partido da oposição em Moçambique. De acordo o porta-voz da RENAMO, Fernando Mazanga, o líder do MDC, que deixará Moçambique ainda hoje, deverá encontrar-se com o actual chefe de Estado, Armando Guebuza. O MDC venceu as eleições legislativas de 29 de Março, mas continuam por divulgar os resultados das presidenciais, realizadas em simultâneo. Morgan Tsvangirai foi um dos candidatos da oposição contra o presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, e reclama ter ganho as eleições presidenciais.
A União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-FP), o partido de Mugabe, no poder desde a independência do país, em 1980, perdeu oficialmente as legislativas mas uma nova contagem pode permitir-lhe recuperar a maioria no Parlamento. Segundo os resultados oficiais das eleições legislativas de 29 de Março, a ZANU-FP conquistou 97 assentos contra 109 para o MDC. A oposição e as principais potências ocidentais acusam Robert Mugabe, 84 anos, no poder desde 1980, de pretender "roubar as eleições" através de uma recontagem de votos. Tsvangirai e outros dirigentes do MDC desencadearam uma campanha diplomática visando encontrar uma saída para a actual crise no Zimbabué. A visita do líder do MDC a Maputo ocorre numa altura em que se agudiza a tensão no Zimbabué, com relatos de pelo menos 10 pessoas mortas, 500 hospitalizadas e 400 militantes da oposição detidos. Foto Who's who
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